Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
16<br />
LUSITANO de Zurique<br />
Comunidade<br />
V DOMINGOS PEREIRA<br />
É MAIS FÁCIL<br />
CRIAR MEDIDAS<br />
DE INTIMIDAÇÃO<br />
MESMO NÃO<br />
SABENDO COMO<br />
PÔ-LAS EM<br />
PRÁTICA.<br />
Em <strong>Janeiro</strong> de 2017 o governo lançou o projecto<br />
“Carta sobre Rodas” integrado no programa<br />
Simplex +. O projecto digital que veio simplificar<br />
e possibilitar que diversos serviços sejam<br />
possíveis através da via Online do Instituto da<br />
Mobilidade e dos Transportes Terrestes (IMTT).<br />
O Governo pretendia acelerar o processo em<br />
torno das cartas de condução e combater os<br />
atrasos habituais, de dois anos.<br />
Passado um ano e, segundo a página oficial do<br />
IMTT o período de espera é de “cerca de nove<br />
meses”. Para o caso concreto de substituição de<br />
carta de condução estrangeira para portuguesa<br />
é um processo sem período definido. O motivo<br />
é, que o Instituto da Mobilidade e dos Transportes<br />
Terrestres português não reconhece o<br />
departamento homologo suíço. Mesmo sendo<br />
a Suíça (parceiro de Portugal) um estado reconhecido<br />
dos Países aderentes às Convenções<br />
Internacionais sobre Trânsito Rodoviário.<br />
A verdade é, que este Simplex+ veio retirar a<br />
competência a Bundesamt für Strassen (ASTRA)<br />
para autenticar os documentos anteriormente<br />
por ela emitidos, reconhecidos e substituídos e,<br />
transferir estas competências os consulados e<br />
embaixadas de Portugal na Suíça, como se pode<br />
constatar ao consultar a os balcões de atendimento<br />
ou os serviços Online do IMTT neste caso<br />
na rubrica condições, lê-se a seguinte citação:<br />
“Declaração do Consulado ou Embaixada do<br />
país emissor do título, comprovativa da autenticidade,<br />
da data de emissão e respectiva<br />
validade, e das categorias de veículos a que<br />
está habilitado, com as respectivas datas e<br />
restrições.”<br />
No ultimo ano o IMTT tem seguido à risca este<br />
procedimento. Aqui inicia-se o jogo do pingue-<br />
-pongue para centenas cidadãos, entre o requerer<br />
da dita declaração no consulado ou embaixada<br />
e estes recusarem-se porque não lhes<br />
compete validar a autenticidade de um documento<br />
Suíço. Requerer à Bundesamt für Strassen<br />
(ASTRA) autoridade competente e o não reconhecimento<br />
do IMTT.<br />
O paradoxo em tudo isto, não é o zelo dos funcionários<br />
do IMTT, mas sim o procedimento do<br />
Sr. Embaixador e dos seus mais directos colaboradores,<br />
que estando diariamente confrontados<br />
com estas situações não tenham cumprido<br />
com o seu caderno de encargos e quem se lixa é<br />
o mexilhão.<br />
Aprontex<br />
Uma outra medida anunciada pelo ministro<br />
Eduardo Cabrita que certamente vai afectar os<br />
cidadãos emigrantes proprietários de terrenos.<br />
A proposta apresentada pelo Sr. Ministro e pelo<br />
seu partido PS no Orçamento de Estado, consta<br />
que, - provavelmente já em <strong>Janeiro</strong> - vamos ter<br />
novas regras que serão mais severas para quem<br />
não efectue a limpeza de terrenos próximo de<br />
habitações.<br />
Esta proposta no meu ver é bem-vinda, mas<br />
esta forma de fazer as coisas em cima-do-joelho<br />
certamente se obterá um resultado, a que<br />
o povo define; tudo resultará em água de bacalhau.<br />
Estamos em <strong>Janeiro</strong> e, deverá ser ainda aprovada<br />
a legislação. As operações de limpeza devem<br />
ser realizadas até ao 15 de Março, quem não<br />
cumpra as novas regras deverá ser punido com<br />
coimas a duplicar que segundo o valor previsto<br />
na lei já existente vai dos 140 aos 5000 euros<br />
para pessoas singulares e 800 até 60 000 para<br />
pessoas colectivas.<br />
A fiscalização ficará a cargo das autarquias, assim<br />
como a obrigatoriedade de informar, convocar<br />
por escrito o proprietário e este terá cinco<br />
dias úteis para responder. No caso em que o<br />
proprietário não se manifeste a realização dos<br />
trabalhos de limpeza tem de ser realizados pela<br />
autarquia até 31 de Maio e as despesas serão assumidas<br />
pelo proprietário ou por quem explora<br />
os terrenos.<br />
Será que autarquias tem recursos para fazer levantamento<br />
das centenas de milhar de parcelas<br />
de terreno, proprietários ou produtores florestais<br />
que estejam a explorar os terrenos em<br />
causa, realizar todo o trabalho de corte e desbaste,<br />
remoção e eliminação da massa residual<br />
no prazo de dois meses?<br />
Será que o Sr. Ministro ao avançar com esta<br />
proposta também se referia aos terrenos do estado<br />
e todas as linhas de tráfego terrestre? Será<br />
que pensou o que fazer aos milhares de toneladas,<br />
metros cúbicos de sobrantes (biomassa)<br />
que resultam da limpeza das matas?<br />
Será que o Sr. Ministro na sua proposta pensou<br />
em lançar uma campanha de informação de<br />
sensibilização aos proprietários principalmente<br />
os que estão a residir no estrangeiro?<br />
Não, claro que não. É mais fácil criar medidas<br />
de intimidação mesmo não sabendo como pô-<br />
-las em prática.