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Revista Diagrama N.º 4 de dezembro de 2017
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34 Opinião<br />
Delfina Soares<br />
e-Government: Na senda de<br />
serviços públicos digitais mais<br />
inteligentes<br />
São incontáveis as iniciativas de governo eletrónico lançadas durante os últimos<br />
anos pelos governos de todo o mundo, visando a melhoria da eficiência interna<br />
das instituições, a forma como estas prestam serviços ao cidadão e como com ele<br />
se relacionam. Portugal não constitui exceção a esta tendência. Existe hoje no<br />
país a possibilidade de interagir com as instituições governamentais e executar<br />
vários serviços públicos 24 horas, 7 dias por semana (sem limitações temporais) e acessíveis de<br />
forma mais cómoda (sem limitações espaciais e de canal). Nuns países mais, noutros menos, a<br />
verdade é que foram feitos progressos consideráveis na prestação de serviços públicos digitais<br />
ao cidadão.<br />
Os progressos alcançados até agora não devem, porém, deixar as instituições acomodadas.<br />
Está dado o primeiro passo, mas é possível caminhar para uma prestação de serviços mais<br />
ambiciosa. Uma prestação de serviços que vá de encontro às expetativas dos cidadãos<br />
que vivem numa sociedade em profunda transformação digital: a de ter serviços públicos<br />
verdadeiramente inteligentes que permitam aos cidadãos cumprir os seus deveres e usufruir<br />
dos seus direitos de forma natural, “quase impercetível” e isenta da carga burocrática que<br />
ainda hoje reveste alguns serviços. É o princípio do governo invisível: do governo que conhece<br />
o cidadão, os seus deveres, as suas necessidades e os seus direitos e que, por isso, é capaz<br />
de assumir um papel mais pró-ativo no que concerne à prestação de serviços, retirando ao<br />
cidadão o ônus de requerer serviços que as instituições públicas já sabem que lhe devem<br />
ou podem prestar, bem como de fornecer informação para a execução de serviços que as<br />
instituições governamentais já detêm; do governo que se preocupa com o cidadão, com o seu<br />
bem-estar e com o bem-estar de toda a sociedade; e do governo em que, precisamente pelo<br />
acabado de referir, o cidadão confia.<br />
A incorporação de mecanismos de personalização de serviços que permitam que um cidadão<br />
possa expressar as suas preferências sobre a forma de interação com os serviços digitais ou<br />
que permitam que as preferências possam “ser adivinhadas” por processos de aprendizagem<br />
automáticos; o once-only que permite garantir que nenhuma instituição solicita a um cidadão<br />
informação que outra instituição já possua; e a capacidade de tornar os serviços mais pró-<br />
-ativos, aproveitando todo o conhecimento que as instituições governamentais detêm do<br />
cidadão no sentido de proativamente lhe prestar serviços que sabe que o cidadão necessita,<br />
são mecanismos que podem contribuir para o maior nível de inteligência dos serviços. A<br />
necessidade de incorporar deste tipo está refletida na declaração Ministerial de Tallin de<br />
e-Government, assinada no passado dia 6 de outubro pelos ministros responsáveis pelas<br />
políticas e coordenação do e-Government em 32 países da União Europeia e da Associação<br />
Europeia de Comércio Livre. Colocar em prática estes mecanismos é desejável e possível,<br />
embora existam questões e desafios que têm de ser devidamente acautelados neste processo.