especial | automóvel Desenvolvimento de gigante Consolidada como a maior carteira do mercado brasileiro e amplamente difundida, o desafio do Seguro Auto é superar a saturação e alcançar a população que não conseguia arcar com o preço do produto Amanda Cruz Reconhecida como a locomotiva da maior parte das companhias seguradoras e corretoras de seguro, a carteira de automóvel é a líder de muitas empresas do setor, além de porta de entrada dos consumidores para o mercado. Há seguros para quase todo o tipo de bens e situações, diversas modalidades. Mas, quem conhece nada ou muito pouco de seguros, logo pensa em seguro auto. Essa popularidade é revertida em números: de acordo com dados da CNseg, em 2015, 47% do mercado de Ramos Elementares era formado pelo seguro Auto. Mesmo assim, cerca de 60% da população brasileira não possui seguro para seu carro ou moto, o que deixa o aviso: a carteira, que é uma gigante para o mercado no Brasil, poderia ser ainda maior. É para essa possibilidade que o mercado se volta com toda a força nesse momento. A época de crise demonstra o quanto vale à pena correr atrás dos prêmios que podem ser trazidos para o mercado com a inclusão desses consumidores. “Isso requer um esforço conjunto das corretoras e seguradoras para desenvolvimento e oferta de apólices que atendam aos anseios e necessidades desse consumidor”, afirma Jabis Alexandre, diretor geral de Automóvel e Massificados Grupo BB e Mapfre, que exemplifica: “Seguros modulares, assistências personalizadas e atendimento facilitado por meio de diversos canais já são demandas dos clientes de hoje e deverão permear as tendências do setor”. 16 A necessidade de incorporar esses novos consumidores só não consegue ser maior que o principal obstáculo apresentado, que é a precificação do seguro. Esse continua sendo um fator definitivo tanto na escolha do tipo de seguro quanto na decisão de contratação é viável ou não. Carlos Ronaldo, diretor da Rodobens Corretora de Seguros, diz que a percepção sobre a preferência por preço é nítida no mercado, tanto em seguro para automóveis quanto em frotas para caminhões. Segundo ele, esse passou a ser o primeiro item levado em consideração pelos clientes. “Desde o segundo semestre de 2015, a flexibilidade das seguradoras precisou aumentar muito. Os clientes customizam e abrem mão de determinadas coberturas para que o custo caia”, afirma Ronaldo. Mesmo o trabalho de conscientização do corretor fica prejudicado dentro desse cenário. Afinal, mesmo que ele seja claro sobre a necessidade das coberturas, a limitação do cliente não é de compreensão de segurança, mas puramente financeira. “Isso acontece tanto em Auto quanto em seguro de caminhões. As cotações de seguros somente com cobertura de Responsabilidade Civil têm aumentado muito”, afirma o corretor. O lado positivo é que, mesmo com restrições, as pessoas têm se preocupado com proteção, mesmo que mais achatadas. Além disso, esse cenário faz com que as seguradoras fiquem mais competitivas, inclusive no preço; reconhecimento de bons clientes e incentivos são cartadas certas para aquelas que querem manter suas carteiras saudáveis. Os preços são difíceis de manter ou serem menores porque o índice de sinistralidade da carteira e seus custos de despesas administrativas são muito altos. “A situação do setor automobilístico também tem exercido uma pressão contra o desempenho do segmento, elevando o desafio de buscar oportunidades de negócios”, ressalta Adriano Fernandes, superintendente da área de Seguro Auto da Yasuda Marítima. Seguro Auto Popular No dia 1 o de abril deste ano, as normas do Seguro Auto Popular entraram em vigor. Aprovada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), esse novo seguro apresenta como principal característica a utilização de peças recondicionadas ou seminovas para reparo dos veículos. Essa ação só será possível por estar respaldada na Lei 12.977, de maio de 2014, que visa regulamentar os desmontes de veículos em todo País. A cobertura do novo seguro deverá possuir a garantia de indenização por danos causados ao veículo por colisão, sendo proibida a oferta de cobertura apenas para a indenização integral por colisão. O segurado também poderá optar, em caso de danos parciais, entre a utilização de oficinas de sua escolha ou pertencentes à rede da seguradora. Além de desmantelar os desmanches, que muitas vezes recebiam peças roubadas, essa nova modalidade também permitirá que, com peças mais baratas, os custos dos sinistros caiam e mais pessoas possam contratar, especialmente a parce-
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