Revista Apólice #209
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como chefe de uma empresa que<br />
gere cerca de 350 bilhões de libras<br />
esterlinas em ativos e tem 33 milhões<br />
de clientes no mundo todo, sendo<br />
16 milhões no Reino Unido, é meu<br />
dever alertar para os riscos, algo que<br />
fazemos diariamente na Aviva. Um<br />
dos principais riscos é simplesmente<br />
o baixo crescimento. O Reino Unido<br />
fora da UE verá seu crescimento econômico<br />
reduzido nos primeiros anos.<br />
Isso significa que as pessoas vão ficar<br />
mais pobres e deixarão de priorizar<br />
o seguros em seus orçamentos”, projetou<br />
Wilson.<br />
Stephen Hester, CEO da RSA,<br />
integra um grupo de 36 executivos<br />
de grandes empresas listadas na bolsa<br />
de Londres que assinaram uma carta<br />
alertando para os impactos negativos<br />
de um eventual “Brexit”. Nas últimas<br />
semanas, com as pesquisas eleitorais<br />
mostrando avanço do apoio à saída<br />
britânica da UE, as ações de corporações<br />
britânicas vêm sofrendo golpe<br />
após golpe na bolsa. “Metade do nosso<br />
valor de mercado vem dos negócios<br />
que temos com a Europa, seja em<br />
comércio exterior, seja com as nossas<br />
filiais nos países membros. Alguns<br />
dos nossos principais concorrentes<br />
são europeus. Fora da União Europeia<br />
perderemos a igualdade de condições<br />
com os concorrentes europeus, o que<br />
é muito valioso para a gente em longo<br />
prazo”, afirmou Hester.<br />
Mas foi Sean McGovern, diretor<br />
da área de riscos do Lloyd’s of London,<br />
quem fez a defesa mais eloquente<br />
da permanência do Reino Unido na<br />
União Europeia no evento do Instituto<br />
de Seguros de Londres. McGovern<br />
pontuou que nos últimos dez anos<br />
atuou como representante do Lloyd’s<br />
na Comissão de Competitividade do<br />
Parlamento Europeu, em Bruxelas.<br />
“Muito foi feito em termos de regulação<br />
e de adequação de competitividade<br />
entre seguradoras e corretoras<br />
britânicas e europeias, seria muito<br />
arriscado pôr um fim nisso”, declarou.<br />
“A adesão do Reino Unido a UE<br />
é parte da história de sucesso do<br />
Lloyd’s e de todo o mercado segurador<br />
da City of London, enquanto<br />
hub do setor. Isso é e será a chave<br />
para o nosso futuro crescimento e<br />
desenvolvimento e como lidamos<br />
com a concorrência de outros centros<br />
de seguros em todo o mundo. É por<br />
isso que temos sido tão focados em<br />
nosso trabalho de planejamento de<br />
contingência. Do ponto de vista do<br />
nosso negócio, estar na UE confere<br />
três benefícios muito importantes:<br />
nos proporciona o acesso ao mercado<br />
único europeu, com 500 milhões de<br />
consumidores; incentiva e facilita o<br />
investimento estrangeiro direto; e, por<br />
fim, facilita o comércio com países de<br />
fora da UE. Estes benefícios são, a<br />
meu ver, fundamentais para o sucesso<br />
do mercado de seguros de Londres e<br />
sua posição como o maior centro de<br />
seguros especializados e de resseguros<br />
do mundo”, resumiu McGovern,<br />
lembrando que numa votação interna<br />
entre os sindicatos que atuam no<br />
Lloyd’s, dois terços reivindicaram a<br />
permanência do Reino Unido como<br />
membro da UE.<br />
Do outro lado da corda – talvez<br />
o lado mais fraco e com menor capacidade<br />
de mobilização – estão corretoras<br />
e seguradoras de menor porte,<br />
com menor acesso ao vasto mercado<br />
europeu. De acordo com consulta feita<br />
por Larry Ferguson, da Insurance<br />
Age, profissionais desse segmento<br />
“não ganham tanto quanto as empresas<br />
maiores por estar dentro da UE”.<br />
Os principais pontos levantados têm<br />
a ver com regulação e competitividade.<br />
“Eles mencionam questões como<br />
uma estrutura de mercado diferente,<br />
difícil de se adaptar, um regime de<br />
regulamentação diferente na Europa<br />
e ainda em fase de implementação<br />
Mark Wilson, da Aviva<br />
intermediária aqui entre as empresas<br />
menores, e que é obrigatório para ser<br />
competitivo com base nas regras da<br />
União Europeia. Há uma certa divisão,<br />
mas deve-se salientar, porém,<br />
que a Associação dos Corretores de<br />
Seguros Britânicos (Biba, da sigla<br />
em inglês) defende firmemente a<br />
permanência na zona do euro”, relata<br />
Ferguson.<br />
Um dos consultados por Ferguson,<br />
Ian Gosden, da Higos Insurance<br />
Services, disse que, pessoalmente,<br />
“enquanto cidadão”, prefere a permanência<br />
do Reino Unido na União<br />
Europeia. Mas admite que como corretor<br />
de seguros quer que o “Brexit”<br />
seja vitorioso no referendo de junho<br />
deste ano. “Estamos totalmente em<br />
desvantagem, na minha opinião [em<br />
relação às grandes companhias, com<br />
mercados já consolidados no Reino<br />
Unido e na Europa]. Trabalhando<br />
como independentes, se quisermos<br />
atuar fora do país, a concorrência<br />
não permite disputar mercado. O<br />
mercado de seguros no Reino Unido<br />
é muito sofisticado. Na Europa, eles<br />
não têm os mesmos controles que<br />
temos, é uma regulamentação mais<br />
viciada”, reclama Godsen.<br />
* Luciano Máximo, jornalista, é repórter licenciado do jornal Valor Econômico, cobriu o<br />
setor de seguros e resseguros na Gazeta Mercantil<br />
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