02.03.2018 Views

Revista Apólice #209

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

evento | longevidade<br />

Melhor idade: estamos<br />

preparados?<br />

Especialistas debatem<br />

as consequências<br />

sociais, econômicas<br />

e as soluções que<br />

deverão permear o<br />

envelhecimento da<br />

população brasileira<br />

Lívia Sousa<br />

Se em 1955 a expectativa de vida<br />

da população brasileira era de<br />

apenas 52,9 anos, em 2015 já<br />

alcançou 75,4 anos. O País soma<br />

47 milhões de pessoas acima dos 50 anos,<br />

número que em três décadas mais que<br />

dobrará. Com o objetivo de discutir os<br />

desafios da população 50+, a Mongeral<br />

Aegon reuniu especialistas para debater<br />

as consequências sociais, econômicas e<br />

as soluções que deverão permear o envelhecimento<br />

deste público.<br />

Realizado em São Paulo, o encontro<br />

marcou o lançamento do Instituto de Longevidade<br />

Mongeral Aegon, que terá como<br />

primeira frente de trabalho o Movimento<br />

Real.Idade. A iniciativa busca reunir<br />

apoiadores em todos os segmentos da<br />

sociedade em torno do tema e incentivar a<br />

requalificação e reinserção dos longevos.<br />

“Os brasileiros com mais de 50 anos<br />

não enxergam na saúde pública uma<br />

contrapartida dos impostos pagos, têm<br />

medo de perder o emprego e já sofreram<br />

algum tipo de preconceito por serem mais<br />

velhos”, traçou Renato Meirelles, CEO<br />

do Instituto Data Popular. Por outro lado,<br />

estão mais conectados quando o assunto é<br />

tecnologia, contam com uma vida social<br />

ativa, acreditam que há sempre um lado<br />

positivo independente da situação e estão<br />

dispostos a experimentar novidades a<br />

todo o momento.<br />

O consumo desta faixa-etária também<br />

surpreende: R$ 1,58 trilhão, valor<br />

Bradley Schurman, Wesley Mendes, Mara Luquet, Hélio Zylberstajn, Sergio Valente e Fabio Coelho<br />

maior do que o registrado por toda a<br />

classe média brasileira. “O poder aquisitivo<br />

deles tende a crescer, visto que as<br />

famílias passaram a ter menos filhos,<br />

mas o mercado ainda não enxergou essa<br />

oportunidade”, destacou a jornalista<br />

Mara Luquet.<br />

Trabalho flexível<br />

Os longevos são produtivos, criativos,<br />

aumentam a eficiência das empresas<br />

e tendem a melhorar conflitos no meio<br />

corporativo. Ao passo que pretendem<br />

continuar trabalhando, porém, se vêem<br />

excluídos do mercado pela dificuldade de<br />

recolocação e requalificação profissional.<br />

“Há um desemprego oculto. Eles<br />

sabem que é difícil encontrar trabalho<br />

formal depois da aposentadoria”, disse o<br />

professor da FEA-USP, Hélio Zylberstajn,<br />

um dos responsáveis pela redação do<br />

projeto de lei que cria o Regime Especial<br />

de Trabalho do Aposentado (RETA). A<br />

proposta prevê relações trabalhistas mais<br />

flexíveis e incentivos para empresas que<br />

contratarem profissionais aposentados e<br />

com mais de 60 anos.<br />

Mais da metade dos aposentados<br />

(55%) trabalha em casa, em jornada parcial,<br />

e é neste contexto que a tecnologia<br />

pode se tornar uma boa aliada. Presidente<br />

do Google Brasil, Fabio Coelho declarou<br />

que há espaço para os 50+ também na<br />

mídia digital, inclusive em plataformas<br />

de vídeo e startups. “Diferente de outras<br />

disciplinas, a tecnologia muda rapidamente<br />

e os longevos precisarão acompanhar<br />

as modificações nesta área”, acrescentou<br />

o executivo.<br />

Conteúdo<br />

Na indústria do entretenimento e do<br />

jornalismo, há produto para quem tem<br />

mais de 50 anos. No entanto, é necessário<br />

reinventar a classificação. “Os primeiros<br />

50 anos de vida são estratificados em<br />

quatro grupos e o comportamento do consumidor<br />

é estudado com base nisso. Não<br />

podemos tratar a faixa-etária de 50 a 100<br />

anos como um só grupo”, pontuou Sergio<br />

Valente, diretor de comunicação da TV<br />

Globo. “Para construir produtos e entender<br />

como se relacionar com este consumidor,<br />

é necessário um olhar sobre os eixos do<br />

trabalho, do amor às coisas, da condição<br />

da interatividade (digital e social) e da<br />

maneira como o público se relaciona com<br />

a capacidade de variar”, disse ele.<br />

Metrópoles<br />

As cidades não estão preparadas para<br />

absorver a população longeva. É preciso<br />

atender as necessidades específicas e<br />

soluções inteligentes para solucionar<br />

esta lacuna e a tecnologia tem papel<br />

importante neste sentido. “O bem-estar<br />

torna as cidades mais competitivas e é<br />

preciso que haja interesse no assunto”,<br />

concluiu Wesley Mendes, professor da<br />

FGV-EAESP.<br />

39

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!