Revista Apólice #209
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evento | longevidade<br />
Melhor idade: estamos<br />
preparados?<br />
Especialistas debatem<br />
as consequências<br />
sociais, econômicas<br />
e as soluções que<br />
deverão permear o<br />
envelhecimento da<br />
população brasileira<br />
Lívia Sousa<br />
Se em 1955 a expectativa de vida<br />
da população brasileira era de<br />
apenas 52,9 anos, em 2015 já<br />
alcançou 75,4 anos. O País soma<br />
47 milhões de pessoas acima dos 50 anos,<br />
número que em três décadas mais que<br />
dobrará. Com o objetivo de discutir os<br />
desafios da população 50+, a Mongeral<br />
Aegon reuniu especialistas para debater<br />
as consequências sociais, econômicas e<br />
as soluções que deverão permear o envelhecimento<br />
deste público.<br />
Realizado em São Paulo, o encontro<br />
marcou o lançamento do Instituto de Longevidade<br />
Mongeral Aegon, que terá como<br />
primeira frente de trabalho o Movimento<br />
Real.Idade. A iniciativa busca reunir<br />
apoiadores em todos os segmentos da<br />
sociedade em torno do tema e incentivar a<br />
requalificação e reinserção dos longevos.<br />
“Os brasileiros com mais de 50 anos<br />
não enxergam na saúde pública uma<br />
contrapartida dos impostos pagos, têm<br />
medo de perder o emprego e já sofreram<br />
algum tipo de preconceito por serem mais<br />
velhos”, traçou Renato Meirelles, CEO<br />
do Instituto Data Popular. Por outro lado,<br />
estão mais conectados quando o assunto é<br />
tecnologia, contam com uma vida social<br />
ativa, acreditam que há sempre um lado<br />
positivo independente da situação e estão<br />
dispostos a experimentar novidades a<br />
todo o momento.<br />
O consumo desta faixa-etária também<br />
surpreende: R$ 1,58 trilhão, valor<br />
Bradley Schurman, Wesley Mendes, Mara Luquet, Hélio Zylberstajn, Sergio Valente e Fabio Coelho<br />
maior do que o registrado por toda a<br />
classe média brasileira. “O poder aquisitivo<br />
deles tende a crescer, visto que as<br />
famílias passaram a ter menos filhos,<br />
mas o mercado ainda não enxergou essa<br />
oportunidade”, destacou a jornalista<br />
Mara Luquet.<br />
Trabalho flexível<br />
Os longevos são produtivos, criativos,<br />
aumentam a eficiência das empresas<br />
e tendem a melhorar conflitos no meio<br />
corporativo. Ao passo que pretendem<br />
continuar trabalhando, porém, se vêem<br />
excluídos do mercado pela dificuldade de<br />
recolocação e requalificação profissional.<br />
“Há um desemprego oculto. Eles<br />
sabem que é difícil encontrar trabalho<br />
formal depois da aposentadoria”, disse o<br />
professor da FEA-USP, Hélio Zylberstajn,<br />
um dos responsáveis pela redação do<br />
projeto de lei que cria o Regime Especial<br />
de Trabalho do Aposentado (RETA). A<br />
proposta prevê relações trabalhistas mais<br />
flexíveis e incentivos para empresas que<br />
contratarem profissionais aposentados e<br />
com mais de 60 anos.<br />
Mais da metade dos aposentados<br />
(55%) trabalha em casa, em jornada parcial,<br />
e é neste contexto que a tecnologia<br />
pode se tornar uma boa aliada. Presidente<br />
do Google Brasil, Fabio Coelho declarou<br />
que há espaço para os 50+ também na<br />
mídia digital, inclusive em plataformas<br />
de vídeo e startups. “Diferente de outras<br />
disciplinas, a tecnologia muda rapidamente<br />
e os longevos precisarão acompanhar<br />
as modificações nesta área”, acrescentou<br />
o executivo.<br />
Conteúdo<br />
Na indústria do entretenimento e do<br />
jornalismo, há produto para quem tem<br />
mais de 50 anos. No entanto, é necessário<br />
reinventar a classificação. “Os primeiros<br />
50 anos de vida são estratificados em<br />
quatro grupos e o comportamento do consumidor<br />
é estudado com base nisso. Não<br />
podemos tratar a faixa-etária de 50 a 100<br />
anos como um só grupo”, pontuou Sergio<br />
Valente, diretor de comunicação da TV<br />
Globo. “Para construir produtos e entender<br />
como se relacionar com este consumidor,<br />
é necessário um olhar sobre os eixos do<br />
trabalho, do amor às coisas, da condição<br />
da interatividade (digital e social) e da<br />
maneira como o público se relaciona com<br />
a capacidade de variar”, disse ele.<br />
Metrópoles<br />
As cidades não estão preparadas para<br />
absorver a população longeva. É preciso<br />
atender as necessidades específicas e<br />
soluções inteligentes para solucionar<br />
esta lacuna e a tecnologia tem papel<br />
importante neste sentido. “O bem-estar<br />
torna as cidades mais competitivas e é<br />
preciso que haja interesse no assunto”,<br />
concluiu Wesley Mendes, professor da<br />
FGV-EAESP.<br />
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