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Revista Apólice #199

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não vai construir algo novo, mas precisa<br />

fazer o seguro do imóvel”, esclarece.<br />

Para entender como o mercado vem<br />

funcionando, não é possível se ater a<br />

apenas um segmento. Renato Rodrigues,<br />

Country Manager da operação de Seguros<br />

do XL Catlin para no Brasil, esclarece<br />

que, analisando a área de grandes riscos<br />

como um todo, a queda não é generalizada<br />

nas solicitações. “No caso das<br />

linhas de D&O e E&O, nota-se, inclusive,<br />

crescimento. São linhas que geralmente<br />

têm maior contratação em tempos de<br />

desaceleração econômica e que fazem<br />

parte das coberturas de grandes riscos.<br />

Dados de mercado indicam que nessa<br />

área houve crescimento de mais de 30%<br />

no volume de prêmios no primeiro trimestre”,<br />

explica.<br />

Patrícia afirma que a AGCS, desde<br />

o período pré-eleitoral, já notava uma<br />

redução no número de projetos de construção<br />

no Brasil, prejudicando o seguro<br />

de riscos de engenharia mas, principalmente,<br />

levanto junto as carteiras de<br />

responsabilidade civil de obras. “Como<br />

nossa operação é regional, para a América<br />

Latina, não sentimos um impacto<br />

acentuado, pois recebemos uma demanda<br />

importante de obras de infraestrutura de<br />

outros países”, afirma.<br />

Pulverizar os riscos é um ganho<br />

das companhias seguradoras que atuam<br />

globalmente. Elas não dependem das<br />

demandas de um único País e podem<br />

manter suas carteiras sustentáveis.<br />

Contando também com os contratos de<br />

resseguros e cosseguros, muito comuns<br />

para esse tipo de risco, os investimentos<br />

ficam ainda mais seguros. Mas esses<br />

acessos às apólices dependem da maneira<br />

como as companhias conduziram<br />

sua operação até o momento da crise.<br />

Smith acredita que não há muito segredo<br />

para conseguir as renovações de resseguro,<br />

mas é preciso bastante trabalho.<br />

“A dificuldade é do mercado como um<br />

todo. Algumas seguradoras enfrentam<br />

mais empecilhos porque podem ter sido<br />

agressivas demais nas suas aceitações de<br />

risco anteriormente”, pontua. É verdade<br />

que as resseguradoras podem estar mais<br />

seletivas mas, para o executivo, elas só<br />

serão assim se notarem que a estratégia<br />

de aceitação de risco é sólida.<br />

O executivo da Aon endossa essa<br />

visão. Para ele, quando o mercado de<br />

resseguros foi aberto, em 2007, era<br />

muito líquido e aceitava a maioria dos<br />

riscos. Hoje, alguns riscos têm mais<br />

ou menos facilidade. “O que está crescendo<br />

são as boas condições aos bons<br />

clientes. Aqueles que têm políticas de<br />

risco adequadas e se comportam bem<br />

no mercado têm facilidade de aplicar o<br />

risco”, esclarece Masferrer.<br />

O pesos das denúncias para o<br />

mercado<br />

Deflagrada em 2014, os esquemas<br />

de corrupção que originaram a operação<br />

Lava Jato parecem ter mexido com<br />

esse mercado. É sabido que as apólices<br />

de D&O sofreram alterações, especialmente<br />

as que cobrem empresas diretamente<br />

ligadas à investigação. O seguro<br />

de Garantia de Obra também foi outro<br />

produto afetado, já que o mercado de<br />

engenharia desaqueceu e as construções<br />

estão demorando a serem entregues, com<br />

altas em seus valores. Isso faz com que as<br />

seguradoras repensem seus riscos. “Vejo<br />

que o D&O fez alterações, mas não tem<br />

sofrido tanto, mas o seguro garantia não<br />

deveria ter o alto índice de sinistralidade<br />

que estou vendo em algumas companhias.<br />

É possível que as seguradoras mudem<br />

seus clausulados para restringir riscos e<br />

exposições às quais elas não queiram dar<br />

cobertura”, salienta Marcia.<br />

O que o mercado procura fazer é<br />

estar alheio às questões políticas e focar<br />

❙❙Márcia Cicarelli, da JBO<br />

exclusivamente nos desafios econômicos<br />

que estão por vir, oferecendo suporte a<br />

seus contratantes. Os corretores são peças<br />

fundamentais para que isso ocorra. As<br />

construtoras não parecem estar em uma<br />

“lista negra” das seguradoras, mas elas<br />

querem clientes saudáveis. “Estamos<br />

analisando o risco e continuaremos a fazer<br />

isso. Os bons clientes terão acordo. A<br />

aceitação não depende da área, depende<br />

do risco. A construção de uma ponte tem<br />

seus riscos específicos e, dentro disso,<br />

queremos saber quem vai fazer e quais<br />

políticas internas a empresa adota”, destaca<br />

o executivo da Aon.<br />

A Tokio Marine também procura<br />

enxergar o momento economicamente.<br />

“Há várias obras já negociadas, mas o<br />

aval do contratante para iniciá-la está<br />

apenas ligado ao momento do Brasil,<br />

que precisa de obras de infraestrutra e<br />

aceleração na indústria. É um problema<br />

momentâneo e nós vamos passar por ele.<br />

Enquanto isso, cautela e paciência são<br />

necessárias”, indica Smith.<br />

O seguro garantia de performance,<br />

que é o que se aplica a grandes projetos de<br />

obras, foi afetado. Mas o seguro garantia<br />

do tipo judicial, usado para substituir<br />

depósitos em juízo, tem aumentado,<br />

também como reflexo da crise, que está<br />

favorecendo a maior contratação desse<br />

tipo de seguro. “Porém, simultaneamente<br />

houve a saída de alguns players dessa<br />

área, equilibrando o mercado”, opina<br />

Rodrigues.<br />

Permanência no ramo<br />

O momento é de decisão estratégica.<br />

Há seguradoras prontas para fazer aquisições<br />

de carteiras de grandes riscos e<br />

outras prontas para vendê-la, como foi o<br />

caso da Itaú Seguros, que vendeu sua participação<br />

à Ace no início do ano. A Tokio<br />

Marine participou ativamente dessa<br />

disputa e, embora não tenha conseguido<br />

a aquisição, não perdeu o apetite para<br />

novas oportunidades. “Não é segredo que<br />

tentamos adquirir a carteira da Itaú e o<br />

legado disso foi o reforço da estrutura da<br />

companhia”, declara<br />

Outras ainda adotam a parceria como<br />

meio para fortalecer a atuação, como a<br />

parceria estabelecida entre Axa e SulAmérica.<br />

Carlos Alberto Trindade Filho,<br />

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