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Revista Apólice #199

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o cupom, parte ou até todo o dinheiro que<br />

investiu”, explica o executivo.<br />

Já a seguradora entra em um contrato<br />

financeiro similar a um contrato de resseguro,<br />

sendo este documento não muito<br />

diferente de um resseguro tradicional:<br />

o “prêmio” é pago ao investidor e caso<br />

ocorra um evento, ela recupera o sinistro<br />

através do dinheiro que investiu.<br />

Para o regulador, há a vantagem<br />

deste tipo de produto ser “colaterizado”<br />

e, portanto, não há necessidade de supervisão<br />

quanto à solvência. Ou seja, se um<br />

instrumento ligado a seguro pode perder<br />

até R$ 1 milhão em caso de evento de<br />

sinistro, o investidor tem que aplicar R$<br />

1 milhão. Em uma seguradora, para cada<br />

R$ 1 milhão de capital, ela poderá entrar<br />

em um número de contratos de seguros<br />

nos quais a soma das exposições é maior<br />

que esse valor.<br />

“Há os seguros de conclusão de obra,<br />

aplicado caso a empresa não finalizá-la<br />

e que funciona como um seguro cujos<br />

recursos serão utilizados para pagar<br />

investidores ou concluir o trabalho; e o<br />

seguro de créditos, em que se a companhia<br />

não honrar pagamento, o investidor<br />

pode sacar a apólice”, complementa Luís<br />

Ambrósio, sócio da área financeira do<br />

Trench, Rossi e Watanabe Advogados.<br />

Ramos de atuação<br />

Cerca de 80% dos riscos de seguros<br />

transferidos ao mercado de capitais estão<br />

relacionados a terremotos ou furacões.<br />

“O mercado ressegurador utiliza essa<br />

transferência principalmente em riscos<br />

❙❙Rodrigo Botti, da Terra Brasis<br />

catastróficos, ocasião em que o impacto<br />

é muito forte na solvência do mercado<br />

segurador”, afirma Paulo Baptista, líder<br />

da prática de D&O da Marsh Brasil.<br />

Uma parte importante da securitização<br />

é relacionada a estruturas que visam<br />

mitigar o impacto de desastres naturais<br />

que são feitas através de parcerias entre<br />

o governo e entidades privadas. Uma das<br />

resseguradoras que trabalham neste molde<br />

é a Swiss Re, realizando a transação<br />

com os governos e os bancos de desenvolvimento<br />

para auxiliá-los a gerenciar<br />

seus riscos por meio do resseguro e os<br />

mercados de capitais. No México, por<br />

exemplo, a companhia opera em casos de<br />

riscos sísmicos e furacões no Pacífico e<br />

no Atlântico do país.<br />

Luís Ambrósio, da Trench, Rossi<br />

❙❙e Watanabe<br />

Com isso, o México diversifica seu<br />

mix de financiamento com instrumentos<br />

de transferência de risco. Ao transferir<br />

o risco de catástrofe para o mercado de<br />

capitais, o governo vê a possibilidade de<br />

reduzir a pressão sobre os orçamentos<br />

públicos em caso de uma catástrofe natural,<br />

garantindo ao mesmo tempo que os<br />

fundos sejam suficientes para atividades<br />

de socorro.<br />

Como resultado desta operação,<br />

organizações como o Banco Mundial<br />

começaram a perceber que os países<br />

em desenvolvimento e emergentes estão<br />

particularmente expostos às catástrofes<br />

naturais e que reduzir a sua vulnerabilidade<br />

a esses eventos é uma das principais<br />

prioridades em termos de trabalho de<br />

desenvolvimento.<br />

❙❙Paulo Baptista, da Marsh Brasil<br />

É importante destacar que, no passado,<br />

a principal preocupação era a proteção<br />

civil em caso de guerra ou catástrofes<br />

naturais. Agora, o foco está mudando<br />

para uma abordagem mais abrangente,<br />

que considera uma gama de riscos que<br />

vão desde a economia e o financeiro até<br />

os riscos ambientais, sociais e políticos.<br />

Para Botti, a sociedade brasileira<br />

seria muito beneficiada de um programa<br />

semelhante, seja para proteger regiões dos<br />

riscos de alagamento, desmoronamento,<br />

seca ou outros eventos.<br />

Outra operação interessante deste<br />

ramo se dá na área de pensões, com a<br />

transferência de riscos de longevidade.<br />

No Reino Unido, a modalidade é realizada<br />

com a emissão dos bônus de longevidade<br />

(que paga juros ao seu detentor) que considera<br />

a proporção de indivíduos nascida em<br />

um determinado ano e que ainda está viva<br />

em outro ano mais a frente. Assim, se essa<br />

proporção for grande, maior será o valor<br />

dos juros recebidos pelo detentor do bônus.<br />

Outras linhas de negócio também<br />

começaram a serem transferidas, como as<br />

coberturas de riscos agrícolas, perda de<br />

safras, queda de preços de commodities,<br />

variação de custo de preço de energia<br />

e responsabilidade civil. “O mundo<br />

fica mais global e complexo e, consequentemente,<br />

os riscos se tornam mais<br />

complicados, como riscos de terrorismo<br />

e cibernéticos. Com isso, o mercado de<br />

seguros e resseguros tradicional cresce<br />

especialmente nos países em desenvolvimento<br />

como Indonésia, China, Índia,<br />

África, e América Latina, onde há cres-<br />

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