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o cupom, parte ou até todo o dinheiro que<br />
investiu”, explica o executivo.<br />
Já a seguradora entra em um contrato<br />
financeiro similar a um contrato de resseguro,<br />
sendo este documento não muito<br />
diferente de um resseguro tradicional:<br />
o “prêmio” é pago ao investidor e caso<br />
ocorra um evento, ela recupera o sinistro<br />
através do dinheiro que investiu.<br />
Para o regulador, há a vantagem<br />
deste tipo de produto ser “colaterizado”<br />
e, portanto, não há necessidade de supervisão<br />
quanto à solvência. Ou seja, se um<br />
instrumento ligado a seguro pode perder<br />
até R$ 1 milhão em caso de evento de<br />
sinistro, o investidor tem que aplicar R$<br />
1 milhão. Em uma seguradora, para cada<br />
R$ 1 milhão de capital, ela poderá entrar<br />
em um número de contratos de seguros<br />
nos quais a soma das exposições é maior<br />
que esse valor.<br />
“Há os seguros de conclusão de obra,<br />
aplicado caso a empresa não finalizá-la<br />
e que funciona como um seguro cujos<br />
recursos serão utilizados para pagar<br />
investidores ou concluir o trabalho; e o<br />
seguro de créditos, em que se a companhia<br />
não honrar pagamento, o investidor<br />
pode sacar a apólice”, complementa Luís<br />
Ambrósio, sócio da área financeira do<br />
Trench, Rossi e Watanabe Advogados.<br />
Ramos de atuação<br />
Cerca de 80% dos riscos de seguros<br />
transferidos ao mercado de capitais estão<br />
relacionados a terremotos ou furacões.<br />
“O mercado ressegurador utiliza essa<br />
transferência principalmente em riscos<br />
❙❙Rodrigo Botti, da Terra Brasis<br />
catastróficos, ocasião em que o impacto<br />
é muito forte na solvência do mercado<br />
segurador”, afirma Paulo Baptista, líder<br />
da prática de D&O da Marsh Brasil.<br />
Uma parte importante da securitização<br />
é relacionada a estruturas que visam<br />
mitigar o impacto de desastres naturais<br />
que são feitas através de parcerias entre<br />
o governo e entidades privadas. Uma das<br />
resseguradoras que trabalham neste molde<br />
é a Swiss Re, realizando a transação<br />
com os governos e os bancos de desenvolvimento<br />
para auxiliá-los a gerenciar<br />
seus riscos por meio do resseguro e os<br />
mercados de capitais. No México, por<br />
exemplo, a companhia opera em casos de<br />
riscos sísmicos e furacões no Pacífico e<br />
no Atlântico do país.<br />
Luís Ambrósio, da Trench, Rossi<br />
❙❙e Watanabe<br />
Com isso, o México diversifica seu<br />
mix de financiamento com instrumentos<br />
de transferência de risco. Ao transferir<br />
o risco de catástrofe para o mercado de<br />
capitais, o governo vê a possibilidade de<br />
reduzir a pressão sobre os orçamentos<br />
públicos em caso de uma catástrofe natural,<br />
garantindo ao mesmo tempo que os<br />
fundos sejam suficientes para atividades<br />
de socorro.<br />
Como resultado desta operação,<br />
organizações como o Banco Mundial<br />
começaram a perceber que os países<br />
em desenvolvimento e emergentes estão<br />
particularmente expostos às catástrofes<br />
naturais e que reduzir a sua vulnerabilidade<br />
a esses eventos é uma das principais<br />
prioridades em termos de trabalho de<br />
desenvolvimento.<br />
❙❙Paulo Baptista, da Marsh Brasil<br />
É importante destacar que, no passado,<br />
a principal preocupação era a proteção<br />
civil em caso de guerra ou catástrofes<br />
naturais. Agora, o foco está mudando<br />
para uma abordagem mais abrangente,<br />
que considera uma gama de riscos que<br />
vão desde a economia e o financeiro até<br />
os riscos ambientais, sociais e políticos.<br />
Para Botti, a sociedade brasileira<br />
seria muito beneficiada de um programa<br />
semelhante, seja para proteger regiões dos<br />
riscos de alagamento, desmoronamento,<br />
seca ou outros eventos.<br />
Outra operação interessante deste<br />
ramo se dá na área de pensões, com a<br />
transferência de riscos de longevidade.<br />
No Reino Unido, a modalidade é realizada<br />
com a emissão dos bônus de longevidade<br />
(que paga juros ao seu detentor) que considera<br />
a proporção de indivíduos nascida em<br />
um determinado ano e que ainda está viva<br />
em outro ano mais a frente. Assim, se essa<br />
proporção for grande, maior será o valor<br />
dos juros recebidos pelo detentor do bônus.<br />
Outras linhas de negócio também<br />
começaram a serem transferidas, como as<br />
coberturas de riscos agrícolas, perda de<br />
safras, queda de preços de commodities,<br />
variação de custo de preço de energia<br />
e responsabilidade civil. “O mundo<br />
fica mais global e complexo e, consequentemente,<br />
os riscos se tornam mais<br />
complicados, como riscos de terrorismo<br />
e cibernéticos. Com isso, o mercado de<br />
seguros e resseguros tradicional cresce<br />
especialmente nos países em desenvolvimento<br />
como Indonésia, China, Índia,<br />
África, e América Latina, onde há cres-<br />
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