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Matéria Prima 100 - Maio 2018

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claro nos diálogos com o vaqueiro, escrever<br />

não poderá ser magia de menor dimensão.<br />

Claro, não é fácil narrar boas histórias,<br />

e elas somente terão serventia se<br />

explorarem os abismos morais do ser humano,<br />

se encantarem com suas façanhas<br />

e revelarem, sem constrangimentos, suas<br />

vergonhosas infâmias.<br />

Portanto, fico feliz quando vejo os novos<br />

mineiros contadores de histórias surgirem<br />

nas livrarias, com o exclusivo propósito<br />

de humanizar a vida com suas narrativas<br />

tão exclusivas. Parece que nunca se escreveu<br />

tanto como agora, tornando-se impossível<br />

listar quantos livros são lançados<br />

mensalmente em Belo Horizonte. Alencar<br />

Perdigão, proprietário da livraria Quixote<br />

fala em mais de um livro publicado por<br />

dia, num balaio que inclui romances, poesias,<br />

crônicas, biografias e descrições de<br />

viagens. São quase 400 por ano.<br />

O mesmo livreiro fala que a produção<br />

independente se ampliou tanto que ficou<br />

difícil arrumar datas para atender aos pedidos<br />

de noites de autógrafo. Sua livraria<br />

as realiza quase diariamente, sendo que<br />

aos sábados são duas. Do outro lado da<br />

mesma rua Fernandes Tourinho, outras<br />

quatro livrarias realizam o total de oito<br />

sessões de autógrafos em cada sábado.<br />

“Não há uma única noite na cidade em<br />

que não haja pelo menos três festas de<br />

autógrafos”, revelou<br />

Saúdo a literatura não apenas pela sua<br />

rebeldia, pela sua insatisfação com as coisas<br />

que não funcionam direito e devem<br />

ser consertadas. Ela também aproxima<br />

povos distintos e a todos, igualmente, faz<br />

desfrutar, sofrer e se surpreender, apesar<br />

das crenças, dos idiomas, usos e costumes<br />

que nos separam. É o premiadíssimo<br />

autor Vargas Lhosa, prêmio Nobel de<br />

2010, quem fala: “quando Emma Bovary<br />

engole arsênio ou Anna Karenina se atira<br />

ao trem, a emoção é semelhante para o<br />

leitor que adora Buda, Confúcio, Cristo,<br />

Alá ou é ateu. Ou para quem veste terno e<br />

gravata, batinas, quimonos ou bombachas.<br />

A literatura cria fraternidade e rompe as<br />

fronteiras que se erguem entre homens e<br />

mulheres, a ignorância, as ideologias, as<br />

religiões, as línguas e a estupidez”.<br />

No meio a esse oceano de novos autores<br />

que se apresentam anualmente na cidade,<br />

tomei a liberdade de concentrar a minha<br />

atenção em dois deles, em função da maravilhosa<br />

narrativa de seus textos, da criatividade<br />

dos enredos e da complexidade<br />

psicológica de seus personagens. Destaquei<br />

nesta reportagens os romance “Tudo<br />

é rio”, da publicitária Carla Madeira, e “O<br />

amargo e o doce”, do economista Fuad<br />

Nomam, atual secretário municipal da Fazenda,<br />

da prefeitura de Belo Horizonte. As<br />

duas obras chegaram às livrarias nos últimos<br />

18 meses.z<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 15

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