OPINIÃO RESISTÊNCIA À ARBITRARIEDADE ARISTOTELES ATHENIENSE Sempre que depararmos com uma ordem jurídica injusta, discriminatória e ilegítima, é lícito a qualquer cidadão exercer o direito de resistência à autoridade que exorbita dos seus poderes, insensível às necessidades prioritárias do povo. Estamos assistindo ao agravamento da corrupção política, reclamando a atuação pronta e enérgica do Judiciário. Este deverá corresponder à sua finalidade e, sobretudo, ao respeito que o povo lhe devota. Com o tempo, tornou-se superado o conceito de que as decisões dos Tribunais Superiores não devem ser questionadas pelo povo, se é deste que emana todo o poder, segundo a Constituição. Ao contrário, lembrou Fábio Konder Comparato que “as suas decisões, como as de qualquer órgão público, podem e devem ser examinadas e criticadas à luz dos princípios próprios do regime constitucional”. Os juízes, como agentes do Estado, não podem permanecer fora e acima dos conflitos humanos que resultam da convivência social. Preocupa-nos a tendência crescente de que ninguém conseguirá ocupar um importante cargo público, no Brasil atual, sem ter cometido algum deslize nos anos que antecederam à sua investidura. Lamentavelmente o que, a princípio, era praticado às escondidas, com medo, agora é feito às claras, sem nenhum pudor. Não raras vezes, a autoridade a quem compete adotar as providências hábeis a coibir esses malefícios, minimiza a gravidade das falcatruas, concorrendo para que a trapaça estimule os fraudadores, que lhe conferem um valor emblemático. Os últimos episódios ocorridos no STF, com o visível propósito de livrar um ex-presidente da prisão, transformaram o plenário da Corte num palco indecoroso. Em situações vexatórias, em que a verdade é conspurcada, torna-se oportuna a advertência do poeta, ensaísta e cronista, Affonso Romano de Sant’Anna: “Mentiram-me. Mentiram-me ontem e hoje mentem novamente. Mentem de corpo e alma, completamente. E mentem de maneira tão pungente que acho que mentem sinceramente. Mentem, sobretudo, impune/mente. Não mentem tristes. Alegremente mentem. Mentem tão nacional/mente que acham que mentindo história afora vão enganar a morte eterna/mente. Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases falam. E desfilam de tal modo nuas que mesmo um cego pode ver a verdade em trapos pelas ruas. (...) E de tanto mentir tão brava/ mente, constroem um país de mentira - diária/mente”. 6 MAIO DE <strong>2018</strong> • MATERIAPRIMAREVISTA.COM.BR
OS ÚLTIMOS EPISÓDIOS OCORRIDOS NO STF, COM O VISÍVEL PROPÓSITO DE LIVRAR UM EX- PRESIDENTE DA PRISÃO, TRANSFORMARAM O PLENÁRIO DA CORTE NUM PALCO INDECOROSO. ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 7
- Page 1: ANO IX • Nº 100 • MAIO DE 2018
- Page 5: 26 40 48 HORA EXTRA CARTOMANTE PARA
- Page 9 and 10: DESPREZADOS PELA SOCIEDADE, POLÍTI
- Page 11 and 12: OS COFRES DA PETROBRÁS E DE OUTRAS
- Page 13 and 14: nosso correspondente em Nova York,
- Page 15 and 16: claro nos diálogos com o vaqueiro,
- Page 17 and 18: Não se sabe se sabe exatamente ond
- Page 19 and 20: fato, a praça foi substituída pel
- Page 21 and 22: mais novo, que não herdou a fibra
- Page 23 and 24: A candidatura de Dilma chega em bom
- Page 25 and 26: ADALCLEVER LOPES, PRESIDENTE DA ASS
- Page 27 and 28: JOÃO PAULO COLTRANE Acartomante pa
- Page 29 and 30: 19 Contar piada com graça. Coisa l
- Page 31 and 32: Mas, em primeiro lugar, segundo o m
- Page 33 and 34: SELEÇÃO AFIADA? A seleção brasi
- Page 35 and 36: PACÍFICO É UM SUJEITO MAIS QUIETO
- Page 37 and 38: qual estavam o cantor, o violonista
- Page 39 and 40: num antigo programa de enorme audi
- Page 41 and 42: competições no Minas Tênis Clube
- Page 43 and 44: dade, uma grande preocupação. Que
- Page 45 and 46: abertura à experiência - que abra
- Page 47 and 48: Não conheço criatura capaz de rea
- Page 49 and 50: Bem sei que, ao contrário de mim,