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Matéria Prima 100 - Maio 2018

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Não conheço criatura<br />

capaz de realizar<br />

proeza igual à das formigas.<br />

Mas declaro o<br />

meu profundo respeito<br />

às mulheres, que<br />

muitas vezes também<br />

dão prova de força<br />

incomum. Pensava<br />

nisso dias atrás, enquanto<br />

caminhava<br />

pelo centro de Belo<br />

Horizonte e, a poucos<br />

centímetros de mim,<br />

passou uma mulher<br />

miúda, ainda jovem,<br />

carregando uma menina<br />

enorme, que me<br />

pareceu mais pesada<br />

que a própria mãe.<br />

Sim, só uma mãe<br />

teria condições de<br />

carregar aquela<br />

criança que choramingava<br />

sem parar.<br />

Talvez a mulher estivesse,<br />

naquele momento,<br />

à procura de<br />

um médico para<br />

atender a menina, pois sabemos todos<br />

que essa tarefa quase sempre cabe às<br />

mães em qualquer lugar do mundo. Principalmente<br />

se o marido estiver trabalhando<br />

– e talvez fosse essa a situação.<br />

Mas o que me impressionou foi a desenvoltura<br />

da mulher com a enorme<br />

criança ao colo. Comparei o meu físico<br />

com o da mãe e concluí que, apesar da<br />

grande diferença, eu não levantaria do<br />

chão aquela menina sem sentir, na hora,<br />

um estalo na coluna. A senhora seguia<br />

pelo passeio da Rua Goiás sem tropeçar<br />

nem mudar o ritmo, com a criança agarrada<br />

ao pescoço e sustentada por seus<br />

braços. Os pés da menina balançavam no<br />

ar, pouco acima dos pés da mãe. Então<br />

pensei que Deus não faz por acaso as mulheres<br />

mais fortes que os homens. Seríamos<br />

capazes de provocar um estrago<br />

muito maior que o habitual se fôssemos<br />

tão fortes quanto elas.<br />

Eu fazia essas reflexões quando passou,<br />

logo atrás da mulher, uma adolescente<br />

morena, de rosto liso e olhos escuros,<br />

bem grandes, levando uma rosa na<br />

mão. Uma imagem bonita. Deixei a memória<br />

viajar 20 ou 30 anos atrás. O que<br />

eu faria se fosse mais jovem? Talvez dissesse<br />

algo original como “Veja só, uma<br />

flor carregando outra flor...” Não, eu não<br />

faria esse galanteio nem mesmo na minha<br />

distante e amena juventude, ainda<br />

que estivéssemos, como agora, só nós<br />

dois naquele passeio, numa tarde ensolarada.<br />

Por ser tão contido, talvez eu tenha<br />

perdido algumas oportunidades de<br />

fazer conquistas ou de ganhar eventualmente<br />

um sorriso. Mas preservei-me também<br />

da reação de alguma mulher malhumorada,<br />

nunca se sabe.<br />

Portanto é melhor ficar só no elogio em<br />

pensamento, e desejar a todas as mulheres,<br />

mães ou não, que possam viver até<br />

uma época em que não será necessário<br />

haver um dia só para elas. Desejar especialmente<br />

às mães que tenham diariamente<br />

a gratidão de seus filhos. Estou<br />

apenas repetindo aqui as palavras de algumas<br />

mulheres que admiro: “Se em todos<br />

os dias houvesse igualdade para homens<br />

e mulheres, elas não precisariam<br />

de uma data especial.”<br />

Não me atrevo a perguntar aos diretores<br />

da Câmara de Comércio Lojista ou da Associação<br />

Comercial de Minas se os seus<br />

associados concordam com essa tese ...<br />

(*) Jornalista<br />

ECONOMIA │ POLÍTICA │ ESPORTES │ HUMOR │ CULTURA 47

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