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Não conheço criatura<br />
capaz de realizar<br />
proeza igual à das formigas.<br />
Mas declaro o<br />
meu profundo respeito<br />
às mulheres, que<br />
muitas vezes também<br />
dão prova de força<br />
incomum. Pensava<br />
nisso dias atrás, enquanto<br />
caminhava<br />
pelo centro de Belo<br />
Horizonte e, a poucos<br />
centímetros de mim,<br />
passou uma mulher<br />
miúda, ainda jovem,<br />
carregando uma menina<br />
enorme, que me<br />
pareceu mais pesada<br />
que a própria mãe.<br />
Sim, só uma mãe<br />
teria condições de<br />
carregar aquela<br />
criança que choramingava<br />
sem parar.<br />
Talvez a mulher estivesse,<br />
naquele momento,<br />
à procura de<br />
um médico para<br />
atender a menina, pois sabemos todos<br />
que essa tarefa quase sempre cabe às<br />
mães em qualquer lugar do mundo. Principalmente<br />
se o marido estiver trabalhando<br />
– e talvez fosse essa a situação.<br />
Mas o que me impressionou foi a desenvoltura<br />
da mulher com a enorme<br />
criança ao colo. Comparei o meu físico<br />
com o da mãe e concluí que, apesar da<br />
grande diferença, eu não levantaria do<br />
chão aquela menina sem sentir, na hora,<br />
um estalo na coluna. A senhora seguia<br />
pelo passeio da Rua Goiás sem tropeçar<br />
nem mudar o ritmo, com a criança agarrada<br />
ao pescoço e sustentada por seus<br />
braços. Os pés da menina balançavam no<br />
ar, pouco acima dos pés da mãe. Então<br />
pensei que Deus não faz por acaso as mulheres<br />
mais fortes que os homens. Seríamos<br />
capazes de provocar um estrago<br />
muito maior que o habitual se fôssemos<br />
tão fortes quanto elas.<br />
Eu fazia essas reflexões quando passou,<br />
logo atrás da mulher, uma adolescente<br />
morena, de rosto liso e olhos escuros,<br />
bem grandes, levando uma rosa na<br />
mão. Uma imagem bonita. Deixei a memória<br />
viajar 20 ou 30 anos atrás. O que<br />
eu faria se fosse mais jovem? Talvez dissesse<br />
algo original como “Veja só, uma<br />
flor carregando outra flor...” Não, eu não<br />
faria esse galanteio nem mesmo na minha<br />
distante e amena juventude, ainda<br />
que estivéssemos, como agora, só nós<br />
dois naquele passeio, numa tarde ensolarada.<br />
Por ser tão contido, talvez eu tenha<br />
perdido algumas oportunidades de<br />
fazer conquistas ou de ganhar eventualmente<br />
um sorriso. Mas preservei-me também<br />
da reação de alguma mulher malhumorada,<br />
nunca se sabe.<br />
Portanto é melhor ficar só no elogio em<br />
pensamento, e desejar a todas as mulheres,<br />
mães ou não, que possam viver até<br />
uma época em que não será necessário<br />
haver um dia só para elas. Desejar especialmente<br />
às mães que tenham diariamente<br />
a gratidão de seus filhos. Estou<br />
apenas repetindo aqui as palavras de algumas<br />
mulheres que admiro: “Se em todos<br />
os dias houvesse igualdade para homens<br />
e mulheres, elas não precisariam<br />
de uma data especial.”<br />
Não me atrevo a perguntar aos diretores<br />
da Câmara de Comércio Lojista ou da Associação<br />
Comercial de Minas se os seus<br />
associados concordam com essa tese ...<br />
(*) Jornalista<br />
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