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Bem sei que, ao contrário de mim,<br />
que continuo a deslocar-me a restaurantes<br />
com a desatualizada ambição de<br />
comer, os clientes procuram hoje, mais<br />
do que uma refeição, “experiências gastronómicas”.<br />
Mas duvido que possam<br />
estar interessados na experiência de ter<br />
as bocas úmidas de um boxer a abocanhar-lhes<br />
docemente o nariz.<br />
As críticas que tenho lido à nova lei<br />
tendem a concentrar-se nos animais e<br />
a esquecer o problema principal, que<br />
são os donos. Quem já esteve na sala<br />
de espera de um veterinário sabe que<br />
há dois tipos de donos de cães: os que<br />
falam com as outras pessoas sobre o<br />
Tirem esse cachorro do meu prato<br />
Fiquei sabendo que se prepara uma<br />
lei para permitir a entrada de animais<br />
domésticos em restaurantes de Belo<br />
Horizonte. Será verdade ou mais uma<br />
fake news? De qualquer forma, não<br />
concordo com a iniciativa. Tenho alguns<br />
cães, que continuarão a ficar em casa<br />
quando eu for jantar fora. Há quem seja<br />
contra a entrada de cães em restaurantes.<br />
Eu sou contra a entrada de algumas<br />
pessoas. Sobre os cães, ainda não<br />
decidi. Mas não levarei os meus porque<br />
são bichos que, como se costuma dizer,<br />
não sabem se comportar.<br />
Talvez os cães da rainha de Inglaterra<br />
saibam se comportar em restaurantes.<br />
Desconfio que os meus não sabem.<br />
São dados a alegrias malucas e<br />
a ternuras brutas. As alegrias malucas<br />
fazem com que eles abanem a cauda<br />
com o vigor que alguns chicotes não<br />
têm. As ternuras brutas os impelem a<br />
pôr as patas no peito de desconhecidos<br />
com o objetivo de lhes lamberem<br />
a cara.<br />
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