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mArkeTing & negócios<br />
vgajic/iStock<br />
A TV é um meio<br />
em expansão<br />
Crescimento vertiginoso do digital<br />
pelo mundo ocorreu por toda<br />
parte, com exceção do Brasil<br />
Rafael Sampaio<br />
Paradoxalmente, no período em que as<br />
previsões eram <strong>de</strong> que o digital passaria<br />
a ser o meio globalmente mais consumido<br />
pelos anunciantes, superando a TV,<br />
o digital vem passando por um verda<strong>de</strong>iro<br />
inferno astral. Esse crescimento vertiginoso<br />
do digital pelo mundo ocorreu por toda<br />
a parte, com exceção do Brasil, on<strong>de</strong> a TV<br />
continuou dominando <strong>de</strong> longe, com cerca<br />
<strong>de</strong> 72% do total dos investimentos em publicida<strong>de</strong>,<br />
contra perto <strong>de</strong> 10% do digital.<br />
Havia previsões <strong>de</strong> fontes bem reputadas,<br />
como a Zenith Optimidia, <strong>de</strong> que os<br />
35,6% <strong>de</strong> share global da TV e os 34% do<br />
digital, calculados para 2016, seriam 32,6%<br />
para a TV e 41,8% para o digital em 2019,<br />
sendo que na virada do ano passado para<br />
este se daria o turning point.<br />
Mas a sucessão <strong>de</strong> problemas com o digital,<br />
como o elevado volume <strong>de</strong> frau<strong>de</strong>s<br />
na publicida<strong>de</strong> pretensamente veiculada, a<br />
explosão <strong>de</strong> perfis falsos nas mídias sociais,<br />
a veiculação <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> em ambientes<br />
<strong>de</strong>sabonadores, a baixa eficácia da mídia<br />
programática e o abuso da confiança em relação<br />
aos consumidores, como explícita no<br />
recente escândalo envolvendo o Facebook,<br />
levaram à saída <strong>de</strong> muitos recursos publicitários<br />
<strong>de</strong>sse meio, à reavaliação <strong>de</strong> muitos<br />
outros e à sensação <strong>de</strong> que, o que aparentemente<br />
era um meio com características <strong>de</strong><br />
ser um elixir milagroso para qualquer situação,<br />
na verda<strong>de</strong> não passava <strong>de</strong> um meio<br />
como os <strong>de</strong>mais, com suas virtu<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>feitos,<br />
suas facilida<strong>de</strong>s e dificulda<strong>de</strong>s.<br />
O que levou a uma relevante perda <strong>de</strong><br />
confiança por parte tanto dos consumidores<br />
como dos anunciantes e a uma inflexão<br />
para baixo na curva <strong>de</strong> crescimento do<br />
meio digital, que muito provavelmente não<br />
vai superar a TV tão cedo, mesmo consi<strong>de</strong>rando<br />
o expressivo crescimento do mobile.<br />
Por outro lado, a TV vem renovando sua<br />
vitalida<strong>de</strong> em todo o mundo, com mais<br />
canais, consumo por meio <strong>de</strong> mais telas e<br />
através <strong>de</strong> mais opções <strong>de</strong> consumo – como<br />
a programação em horário diferido e on <strong>de</strong>mand.<br />
O resultado tem sido mais do que a<br />
recuperação <strong>de</strong> algum espaço perdido para<br />
o digital em termos <strong>de</strong> consumo, mas sim<br />
o início <strong>de</strong> uma tendência <strong>de</strong> aumento do<br />
consumo da TV.<br />
A Thinkbox, entida<strong>de</strong> que estuda e promove<br />
a televisão comercial no Reino Unido,<br />
constatou, através das pesquisas oficiais <strong>de</strong><br />
mídia naquele mercado, que o número médio<br />
<strong>de</strong> visualizações <strong>de</strong> TV no formato padrão,<br />
em 2017, foi <strong>de</strong> 3h e 23min por pessoa,<br />
por dia. Mas houve um volume adicional <strong>de</strong><br />
7% na forma <strong>de</strong> conteúdo diferido e da visualização<br />
em outros dispositivos (tablets<br />
e celulares, principalmente), totalizando o<br />
consumo diário <strong>de</strong> TV em 3h e 38min.<br />
Outra entida<strong>de</strong> do setor, a InTV - International<br />
Television Research Group calculou<br />
que as receitas publicitárias do meio<br />
exce<strong>de</strong>ram os US$ 212 bilhões em 2017,<br />
aumentando essa receita em US$ 1 bilhão<br />
em relação a 2016. Um estudo por eles patrocinado<br />
<strong>de</strong>staca que a TV é o meio mais<br />
confiável para 42% da população do Reino<br />
Unido; seguida pelos jornais, com 13%; e a<br />
mídia social, com apenas 5%.<br />
Uma pesquisa junto à Comunida<strong>de</strong> Europeia<br />
(ainda consi<strong>de</strong>rando o Reino Unido),<br />
que é o <strong>maio</strong>r mercado consumidor<br />
do mundo, indica que 95% dos europeus<br />
afluentes continuam a assistir TV todos<br />
os dias, sendo o tradicional aparelho <strong>de</strong> TV<br />
a opção preferida, com 54% <strong>de</strong> consumo<br />
exclusivo diário, com 41% assistindo em<br />
uma combinação <strong>de</strong> telas e menos <strong>de</strong> 5%<br />
vendo a programação <strong>de</strong> TV apenas em tablets<br />
e mobiles.<br />
Uma combinação <strong>de</strong> plataformas e formatos<br />
<strong>de</strong> mídia po<strong>de</strong>, no entanto, aumentar<br />
o impacto da publicida<strong>de</strong>, segundo a In-<br />
TV. O uso <strong>de</strong> TV e ví<strong>de</strong>os online, por exemplo,<br />
proporciona um aumento <strong>de</strong> mais 54%<br />
nos efeitos sobre os negócios, incluindo<br />
participação <strong>de</strong> mercado, fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> à marca,<br />
volume <strong>de</strong> vendas e <strong>de</strong> lucro.<br />
Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />
rafael.sampaio@uol.com.br<br />
28 <strong>14</strong> <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark