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edição de 2 de julho de 2018

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última página<br />

RickVintage/iStock<br />

Falta <strong>de</strong> educação<br />

explícita<br />

Stalimir Vieira<br />

Quase sempre que se fala <strong>de</strong> educação<br />

por aqui, a associação imediata é com<br />

a qualida<strong>de</strong> da formação acadêmica ou técnica<br />

dos brasileiros, o que, houvesse vonta<strong>de</strong><br />

política e recursos suficientes, daria um<br />

futuro mais promissor ao país. Sabemos,<br />

no entanto, que estamos, nesse assunto,<br />

longe <strong>de</strong> oferecer à gran<strong>de</strong> maioria da população<br />

alguma coisa similar aos países <strong>de</strong>senvolvidos.<br />

Mas essa é apenas uma parte<br />

do problema.<br />

A superexposição a que estamos hoje<br />

todos sujeitos é uma armadilha<br />

fatal para a imagem <strong>de</strong> uma nação.<br />

Espetáculos <strong>de</strong> extraordinário<br />

po<strong>de</strong>r midiático, como a<br />

Copa do Mundo, por exemplo,<br />

são ocasiões em que as “marcas”<br />

dos países <strong>de</strong>spertam percepções<br />

muito rapidamente. E é do<br />

comportamento dos nacionais<br />

que se constituem os subsídios para a <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> conceitos sobre o país na mente <strong>de</strong><br />

quem assiste.<br />

Há povos que apenas correspon<strong>de</strong>m à expectativa<br />

que se tem das atitu<strong>de</strong>s normais<br />

<strong>de</strong>les, como uma elegância simpática ou a<br />

alegria manifesta. Mas também há aqueles<br />

<strong>de</strong> quem pouco se sabe e a oportunida<strong>de</strong><br />

se abre para revelarem-se aspectos positivos<br />

ou negativos. Por isso, uma população<br />

carente <strong>de</strong> boas maneiras como a nossa <strong>de</strong>veria<br />

ser instruída para as ocasiões em que<br />

estivesse expondo a cara do Brasil.<br />

Se os russos fizeram uma campanha para<br />

que sua gente sorrisse mais, procurando<br />

“ven<strong>de</strong>r” uma imagem simpática da Rússia,<br />

po<strong>de</strong>ríamos também ter feito uma campanha<br />

voltada àqueles que viajaram para a<br />

Copa. Com isso, quem sabe, teríamos evitado<br />

alguns vexames, como as grosserias<br />

cometidas contra mulheres e adolescentes.<br />

“O diabO é que<br />

agOra tudO<br />

está expOstO<br />

aO mundO, O<br />

tempO tOdO”<br />

Infelizmente até o momento tudo o que se<br />

<strong>de</strong>staca dos brasileiros, fora e <strong>de</strong>ntro do<br />

campo, aliás, é revelador <strong>de</strong> uma mistura<br />

nefasta <strong>de</strong> malandragem, mediocrida<strong>de</strong> e<br />

baixo nível <strong>de</strong> educação.<br />

Verda<strong>de</strong> que, recentemente, imitando os<br />

senegaleses, alguns brasileiros trataram <strong>de</strong><br />

dar uma limpada nos espaços ocupados no<br />

estádio em que assistiram a um jogo. Mas<br />

até agora o que se tem revelado expressão<br />

maior da nossa gente não é nada <strong>de</strong> que nos<br />

orgulhemos. Acredito que é uma boa oportunida<strong>de</strong><br />

para agregarmos à i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> valorizar<br />

a educação, recomendações que não se<br />

restrinjam aos ambientes focados<br />

na formação intelectual.<br />

Precisamos ensinar e praticar<br />

civilida<strong>de</strong>. Ainda somos muito<br />

primitivos no geral. Confundimos<br />

alegria com uma euforia<br />

grotesca, agressiva; só conhecemos<br />

o humor em prejuízo <strong>de</strong><br />

alguém. Somos ru<strong>de</strong>s no gestual, <strong>de</strong>satentos<br />

com o próximo, temperamentais frente<br />

à menor contrarieda<strong>de</strong>. Isso parecia pouco<br />

enquanto era testemunhado apenas por<br />

nós mesmos e a que sempre acabamos nos<br />

acostumando.<br />

O diabo é que agora tudo está exposto ao<br />

mundo, o tempo todo. Não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>mos<br />

mais da boa ou da má vonta<strong>de</strong> dos outros<br />

para sermos avaliados. Não é mais necessário<br />

convocar testemunhas para narrar nossas<br />

atitu<strong>de</strong>s. Elas estão online.<br />

É só acessar as re<strong>de</strong>s sociais para flagrar<br />

nosso analfabetismo crasso, bastam <strong>de</strong>z<br />

minutos assistindo a um programa popular<br />

para nos vermos diante do patético, em<br />

termos <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> autocrítica, uma busca<br />

por “funk proibidão” no YouTube e percebemos<br />

que vivemos sob o império da libertinagem.<br />

Some-se aí o po<strong>de</strong>r da corrupção e<br />

teremos o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> um país sem futuro.<br />

Stalimir Vieira é diretor da Base Marketing<br />

stalimircom@gmail.com<br />

46 2 <strong>de</strong> <strong>julho</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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