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AGENDA DE PROPOSTAS PARA A INFRAESTRUTURA 2018

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<strong>PROPOSTAS</strong> SETORIAIS<br />

FERROVIAS <strong>DE</strong> PASSAGEIROS<br />

POR NECESSIDA<strong>DE</strong> ECONÔMICA, É<br />

PRECISO INVESTIR EM TRENS <strong>DE</strong><br />

PASSAGEIROS<br />

No início dos anos 60, somente a malha<br />

ferroviária paulista tinha 7.342 km e<br />

transportava milhões de passageiros por<br />

ano. Paulatinamente, o transporte de passageiros<br />

por distâncias médias e longas<br />

migrou das ferrovias para as rodovias,<br />

majoritariamente, e para os aeroportos,<br />

residualmente, e a malha férrea, cuja extensão<br />

foi reduzida, passou a transportar<br />

quase que exclusivamente cargas de variados<br />

tipos. Pesaram no orçamento público<br />

os elevados custos para operação<br />

do modal e manutenção das malhas.<br />

O Brasil terá de reconstruir uma política<br />

pública para retomar os investimentos em<br />

trens de passageiros de longa distância. A<br />

diretriz não é baseada em saudosismo, mas<br />

em projeções que indicam possibilidade de<br />

comprometimento de acessos de muitas<br />

rotas rodoviárias em horizontes de 10 a 15<br />

anos, sobretudo em grandes regiões metropolitanas.<br />

Entre algumas delas, a perspectiva<br />

de crescimento econômico corre o<br />

risco de encontrar, como barreira, a falta de<br />

condições para ampliação da capacidade<br />

de movimentação de pessoas e cargas.<br />

Alternativas às rodovias serão essenciais,<br />

mas têm esbarrado, nas últimas<br />

décadas, em planejamento intermitente<br />

que resulta em apostas de governos em<br />

vez de decisões de Estado. Nos últimos<br />

anos, o brasileiro foi apresentado a projetos<br />

do trem de alta velocidade (2011) e de<br />

trens regionais (2013, 15 iniciativas foram<br />

listadas por um grupo de trabalho da administração<br />

federal) que não foram adiante<br />

porque os anúncios precederam os<br />

estudos mais técnicos e rigorosos das<br />

alternativas possíveis.<br />

Reinstalar ferrovias de passageiros no<br />

Brasil vai requerer, então, antes de estudo,<br />

planejamento e estudos sérios para<br />

identificar projeções de demanda, traçado,<br />

desafios ambientais e geográficos,<br />

ocupação e uso do solo em áreas urbanas,<br />

sustentabilidade econômica e arranjos financeiros,<br />

entre outros.<br />

O elevado custo para subsidiar a operação<br />

dos trens de passageiros também é<br />

ponto relevante, dada a restrição orçamentária<br />

histórica do poder público brasileiro.<br />

Nos Estados Unidos, os serviços de passageiros<br />

de média e longa distância são explorados<br />

por companhia estatal (Amtrak),<br />

que opera com subsídios e em linhas compartilhadas<br />

com o serviço de transporte de<br />

cargas. Há constantes disputas entre cargas<br />

e passageiros e, recentemente, houve<br />

significativo corte de gastos públicos com<br />

subsídios à operação pelo governo federal.<br />

Por isso, será necessário avaliar as políticas<br />

de subsídios, já que em nenhum<br />

lugar do mundo os sistemas de média e<br />

longa distância de transporte de passageiros<br />

sobre trilhos apresentam sustentabilidade<br />

econômica e financeira isoladamente.<br />

Mesmo trens e metrôs urbanos<br />

requerem pesados aportes governamentais<br />

para complementar receitas operacionais<br />

oriundas das tarifas.<br />

Ao indicar traçados e regiões prioritárias,<br />

a etapa de planejamento precisará<br />

considerar cuidadosamente hipotéticas<br />

sinergias com infraestrutura já existente,<br />

evitando compartilhamento de trilhos e<br />

de sistemas que desequilibrem ou causem<br />

riscos à segurança operacional do<br />

transporte ferroviário de cargas já existente.<br />

O compartilhamento de vias férreas<br />

entre cargas e passageiros não é proibido,<br />

desde que os estudos técnicos apontem<br />

condições técnicas, segurança operacional<br />

e viabilidade econômica.<br />

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