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opinião<br />
RyanJLane/iStock<br />
Diversida<strong>de</strong> não é<br />
ban<strong>de</strong>ira das minorias –<br />
é <strong>de</strong>sejo do capitalismo<br />
Ronaldo FeRReiRa JúnioR<br />
Questões que antes eram ignoradas no<br />
<strong>de</strong>bate público, como gênero e raça, ganharam<br />
espaço na socieda<strong>de</strong> e, felizmente,<br />
fazem parte do dia a dia da maioria das<br />
empresas. Isso foi possível graças à mobilização<br />
<strong>de</strong> organizações e instituições que<br />
apoiam essas causas, às lutas pelos direitos<br />
<strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> e diversida<strong>de</strong> e, principalmente,<br />
através da voz <strong>de</strong> cada um, transparente<br />
e legítima, multiplicada <strong>de</strong> forma exponencial<br />
pelas re<strong>de</strong>s sociais. Trata-se <strong>de</strong> um<br />
movimento forte e contínuo que já virou<br />
tendência. A luta pela diversida<strong>de</strong> começou<br />
a ganhar corpo no ambiente corporativo<br />
porque as empresas perceberam que essa<br />
estratégia também po<strong>de</strong>ria ser bem lucrativa.<br />
Pesquisa realizada pela DDI, empresa<br />
<strong>de</strong> análise, com Ernst & Young, mostra<br />
que as organizações com mais <strong>de</strong> 30% <strong>de</strong><br />
diversida<strong>de</strong> tiveram resultados financeiros<br />
melhores. Além disso, on<strong>de</strong> há<br />
diversida<strong>de</strong> significativa, é 1,4<br />
maior a chance <strong>de</strong> crescimento<br />
sustentável.<br />
Atualmente, as corporações<br />
que não abrem espaço para isso<br />
não conseguem criar cultura<br />
<strong>de</strong> mudança e, consequentemente,<br />
enfrentam mais dificulda<strong>de</strong><br />
para evoluir e inovar. As táticas <strong>de</strong><br />
antigamente não trazem mais os resultados<br />
esperados. É preciso incluir as pessoas,<br />
todas elas, para encontrar novas i<strong>de</strong>ias e,<br />
principalmente, saber enten<strong>de</strong>r os <strong>de</strong>sejos<br />
dos clientes, todos eles. Algumas marcas já<br />
perceberam que, fora dos gran<strong>de</strong>s centros<br />
ou dos bairros mais nobres das gran<strong>de</strong>s<br />
metrópoles, existe um mercado composto<br />
por pessoas que é numericamente maior,<br />
mas que costuma ficar à margem <strong>de</strong> campanhas<br />
e <strong>de</strong>cisões corporativas. Consumidores<br />
potenciais que são ignorados pela<br />
comunicação padrão, seja ela on ou off.<br />
Quando o capitalismo nota isso, encontra<br />
na diversida<strong>de</strong> a saída i<strong>de</strong>al para fazer com<br />
que os resultados voltem a ser como antes.<br />
É um movimento recente, sem dúvida,<br />
As táticAs <strong>de</strong><br />
AntigAmente<br />
não trAzem<br />
mAis os<br />
resultAdos<br />
esperAdos<br />
e é realizado por dois motivos. Primeiro<br />
porque há uma vonta<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> retomar<br />
os números <strong>de</strong> crescimento registrados em<br />
anos anteriores – e a diversida<strong>de</strong> é a ponte<br />
para otimizar esse <strong>de</strong>sempenho. Segundo<br />
porque essa nova geração <strong>de</strong> consumidores<br />
exige uma transparência na comunicação<br />
e possui um “<strong>de</strong>scompromisso” com a<br />
cultura binária que forjou nossa socieda<strong>de</strong><br />
ao longo das décadas. Os jovens não se preocupam<br />
em ter, mas em ser. Há uma nova<br />
mensagem no mercado e as empresas precisam<br />
se conectar a ela. Mais do que nunca,<br />
o mundo corporativo precisa usar as diferenças<br />
para buscar algo melhor e tentar se<br />
inovar. Para nós a diversida<strong>de</strong> é o futuro,<br />
pois ela garante conexões, conexões produzem<br />
diálogos e diálogos geram mudanças.<br />
Não é possível transformar nada sozinho.<br />
E a boa notícia é que ela é um recurso<br />
infinito, que está ao nosso lado. É só abrir<br />
espaço que ela se manifesta.<br />
A polarização política do país<br />
nos últimos anos mostrou que o<br />
Brasil tem vários lados e nuances.<br />
Sem diversida<strong>de</strong>, é difícil enxergar<br />
isso e, principalmente, como<br />
evitar que isso afete os negócios.<br />
In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do grupo que<br />
estiver no po<strong>de</strong>r, as organizações<br />
têm <strong>de</strong> fazer resultados, seja “apesar<br />
disso” ou “a partir disso”. Ao i<strong>de</strong>ntificar<br />
a importância <strong>de</strong>ssa pluralida<strong>de</strong> fica mais<br />
fácil unir esses lados, fazê-los trabalhar<br />
juntos e alcançar as metas <strong>de</strong>sejadas.<br />
Costumamos imaginar a diversida<strong>de</strong><br />
apenas na luta <strong>de</strong> minorias, mas é algo bem<br />
mais amplo. Como citado anteriormente,<br />
é uma ponte para enxergar a nossa realida<strong>de</strong>.<br />
Quando incluímos todo mundo em<br />
nossa estratégia e garantimos representativida<strong>de</strong>,<br />
chegamos <strong>de</strong> forma mais rápida e<br />
econômica às soluções. E o mais engraçado<br />
disso tudo é que, no Brasil, as minorias são<br />
na verda<strong>de</strong> as maiorias. Então, abra espaço<br />
para diversida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ixe sua empresa mais<br />
atraente para conquistar mais talentos e<br />
novos clientes. E não se sinta atrasado. Melhor<br />
começar agora.<br />
Ronaldo Ferreira Júnior é conselheiro da Ampro<br />
(Associação das Agências <strong>de</strong> Live Marketing) e<br />
sócio-fundador da um.a #diversida<strong>de</strong>Criativa<br />
ronaldo@uma.ag<br />
jornal propmark - <strong>10</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 35