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edição de 10 de dezembro de 2018

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opinião<br />

RyanJLane/iStock<br />

Diversida<strong>de</strong> não é<br />

ban<strong>de</strong>ira das minorias –<br />

é <strong>de</strong>sejo do capitalismo<br />

Ronaldo FeRReiRa JúnioR<br />

Questões que antes eram ignoradas no<br />

<strong>de</strong>bate público, como gênero e raça, ganharam<br />

espaço na socieda<strong>de</strong> e, felizmente,<br />

fazem parte do dia a dia da maioria das<br />

empresas. Isso foi possível graças à mobilização<br />

<strong>de</strong> organizações e instituições que<br />

apoiam essas causas, às lutas pelos direitos<br />

<strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> e diversida<strong>de</strong> e, principalmente,<br />

através da voz <strong>de</strong> cada um, transparente<br />

e legítima, multiplicada <strong>de</strong> forma exponencial<br />

pelas re<strong>de</strong>s sociais. Trata-se <strong>de</strong> um<br />

movimento forte e contínuo que já virou<br />

tendência. A luta pela diversida<strong>de</strong> começou<br />

a ganhar corpo no ambiente corporativo<br />

porque as empresas perceberam que essa<br />

estratégia também po<strong>de</strong>ria ser bem lucrativa.<br />

Pesquisa realizada pela DDI, empresa<br />

<strong>de</strong> análise, com Ernst & Young, mostra<br />

que as organizações com mais <strong>de</strong> 30% <strong>de</strong><br />

diversida<strong>de</strong> tiveram resultados financeiros<br />

melhores. Além disso, on<strong>de</strong> há<br />

diversida<strong>de</strong> significativa, é 1,4<br />

maior a chance <strong>de</strong> crescimento<br />

sustentável.<br />

Atualmente, as corporações<br />

que não abrem espaço para isso<br />

não conseguem criar cultura<br />

<strong>de</strong> mudança e, consequentemente,<br />

enfrentam mais dificulda<strong>de</strong><br />

para evoluir e inovar. As táticas <strong>de</strong><br />

antigamente não trazem mais os resultados<br />

esperados. É preciso incluir as pessoas,<br />

todas elas, para encontrar novas i<strong>de</strong>ias e,<br />

principalmente, saber enten<strong>de</strong>r os <strong>de</strong>sejos<br />

dos clientes, todos eles. Algumas marcas já<br />

perceberam que, fora dos gran<strong>de</strong>s centros<br />

ou dos bairros mais nobres das gran<strong>de</strong>s<br />

metrópoles, existe um mercado composto<br />

por pessoas que é numericamente maior,<br />

mas que costuma ficar à margem <strong>de</strong> campanhas<br />

e <strong>de</strong>cisões corporativas. Consumidores<br />

potenciais que são ignorados pela<br />

comunicação padrão, seja ela on ou off.<br />

Quando o capitalismo nota isso, encontra<br />

na diversida<strong>de</strong> a saída i<strong>de</strong>al para fazer com<br />

que os resultados voltem a ser como antes.<br />

É um movimento recente, sem dúvida,<br />

As táticAs <strong>de</strong><br />

AntigAmente<br />

não trAzem<br />

mAis os<br />

resultAdos<br />

esperAdos<br />

e é realizado por dois motivos. Primeiro<br />

porque há uma vonta<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> retomar<br />

os números <strong>de</strong> crescimento registrados em<br />

anos anteriores – e a diversida<strong>de</strong> é a ponte<br />

para otimizar esse <strong>de</strong>sempenho. Segundo<br />

porque essa nova geração <strong>de</strong> consumidores<br />

exige uma transparência na comunicação<br />

e possui um “<strong>de</strong>scompromisso” com a<br />

cultura binária que forjou nossa socieda<strong>de</strong><br />

ao longo das décadas. Os jovens não se preocupam<br />

em ter, mas em ser. Há uma nova<br />

mensagem no mercado e as empresas precisam<br />

se conectar a ela. Mais do que nunca,<br />

o mundo corporativo precisa usar as diferenças<br />

para buscar algo melhor e tentar se<br />

inovar. Para nós a diversida<strong>de</strong> é o futuro,<br />

pois ela garante conexões, conexões produzem<br />

diálogos e diálogos geram mudanças.<br />

Não é possível transformar nada sozinho.<br />

E a boa notícia é que ela é um recurso<br />

infinito, que está ao nosso lado. É só abrir<br />

espaço que ela se manifesta.<br />

A polarização política do país<br />

nos últimos anos mostrou que o<br />

Brasil tem vários lados e nuances.<br />

Sem diversida<strong>de</strong>, é difícil enxergar<br />

isso e, principalmente, como<br />

evitar que isso afete os negócios.<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do grupo que<br />

estiver no po<strong>de</strong>r, as organizações<br />

têm <strong>de</strong> fazer resultados, seja “apesar<br />

disso” ou “a partir disso”. Ao i<strong>de</strong>ntificar<br />

a importância <strong>de</strong>ssa pluralida<strong>de</strong> fica mais<br />

fácil unir esses lados, fazê-los trabalhar<br />

juntos e alcançar as metas <strong>de</strong>sejadas.<br />

Costumamos imaginar a diversida<strong>de</strong><br />

apenas na luta <strong>de</strong> minorias, mas é algo bem<br />

mais amplo. Como citado anteriormente,<br />

é uma ponte para enxergar a nossa realida<strong>de</strong>.<br />

Quando incluímos todo mundo em<br />

nossa estratégia e garantimos representativida<strong>de</strong>,<br />

chegamos <strong>de</strong> forma mais rápida e<br />

econômica às soluções. E o mais engraçado<br />

disso tudo é que, no Brasil, as minorias são<br />

na verda<strong>de</strong> as maiorias. Então, abra espaço<br />

para diversida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ixe sua empresa mais<br />

atraente para conquistar mais talentos e<br />

novos clientes. E não se sinta atrasado. Melhor<br />

começar agora.<br />

Ronaldo Ferreira Júnior é conselheiro da Ampro<br />

(Associação das Agências <strong>de</strong> Live Marketing) e<br />

sócio-fundador da um.a #diversida<strong>de</strong>Criativa<br />

ronaldo@uma.ag<br />

jornal propmark - <strong>10</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 35

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