07.12.2018 Views

edição de 10 de dezembro de 2018

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

we<br />

mkt<br />

Creative-Family/iStock<br />

Declaração<br />

<strong>de</strong> guerra aos<br />

pós brancos<br />

“Com açúcar com afeto, fiz<br />

seu doce predileto, pra você<br />

parar em casa, qual o quê!...”<br />

Chico Buarque <strong>de</strong> Hollanda<br />

Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />

Chega <strong>de</strong> brinca<strong>de</strong>ira. Desta vez é para<br />

valer. Que todos somos vítimas dos pós<br />

brancos estamos cansados <strong>de</strong> saber. Presentes<br />

em nossas vidas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento,<br />

seguem conosco até o final. Segundo<br />

muitos pesquisadores, esse final po<strong>de</strong>ria<br />

ser bem mais adiante e prolongado caso<br />

procedêssemos a uma revisão radical no<br />

consumo <strong>de</strong>sses dois pós brancos: o sal e o<br />

açúcar.<br />

Livros e livros já foram escritos sobre o<br />

assunto, mas, até o fim do século passado,<br />

com resultados pífios. Desta vez, porém,<br />

sintomas <strong>de</strong> uma mudança radical e consistente<br />

em nossos comportamentos. Tanto<br />

em relação ao sal como em relação ao açúcar.<br />

E, pressionadas pela opinião pública,<br />

as indústrias que exploram a compulsão e<br />

<strong>de</strong>pendência dos seres humanos por doces<br />

e salgados começam a se movimentar. Muito<br />

especialmente e porque, agora, todos<br />

os conselhos <strong>de</strong> décadas começam a calar<br />

mais fundo e provocar sensíveis mudanças<br />

nos comportamentos <strong>de</strong> consumo.<br />

De um lado, indústrias reduzindo substancialmente<br />

a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sal em seus<br />

produtos. E <strong>de</strong> outro, indústrias adotando<br />

a mesma postura em relação às suas doces<br />

guloseimas, leia-se açúcar; e muitas <strong>de</strong>las,<br />

diante da queda <strong>de</strong> consumo, fechando<br />

fábricas. E ainda, as maiores e <strong>de</strong> capital<br />

aberto, com um compliance mais rígido,<br />

sendo cobradas por seus acionistas para<br />

que caiam fora imediatamente <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados<br />

negócios. Como acontece neste exato<br />

momento com Nestlé, Unilever e Procter,<br />

por exemplo, entre outras.<br />

Meses atrás foi publicado na revista Lancet<br />

o mais completo estudo já realizado sobre<br />

o quanto o aumentar-se punitivamente<br />

o preço <strong>de</strong> doces, bebidas e tabaco é capaz<br />

<strong>de</strong> frear o crescimento das chamadas doenças<br />

crônicas. O estudo levou em consi<strong>de</strong>ra-<br />

ção os dados <strong>de</strong> 13 países on<strong>de</strong> proce<strong>de</strong>u-se<br />

a substanciais aumentos <strong>de</strong> impostos sobre<br />

esses produtos.<br />

Durante anos, prevaleceu a tese <strong>de</strong> que<br />

os únicos afetados por essa medida seriam<br />

as populações pobres, responsáveis pela<br />

maior parte do consumo <strong>de</strong>sses produtos.<br />

Mas o estudo concluiu que isso eventualmente<br />

só acontece no curtíssimo prazo<br />

e logo após os aumentos, mas que, mais<br />

adiante, há ganhos substanciais com a saú<strong>de</strong><br />

e com o <strong>de</strong>sempenho no trabalho.<br />

Assim, uma nova e gran<strong>de</strong> guerra em<br />

prol <strong>de</strong> uma alimentação mais saudável<br />

em curso, e <strong>de</strong>pois e à semelhança da guerra<br />

contra o tabaco travada em quase todo<br />

o mundo, doces e salgadinhos na alça <strong>de</strong><br />

mira da socieda<strong>de</strong>. Em alguns países on<strong>de</strong><br />

essa medida – aumento das taxas e impostos<br />

e, por <strong>de</strong>corrência, aumento nos preços<br />

– vem sendo testada, resultados mais que<br />

animadores. Um <strong>de</strong>sses países é o México,<br />

on<strong>de</strong> essa nova política entrou em vigor em<br />

2014 e vem conseguindo quedas no consumo<br />

<strong>de</strong> doces e salgadinhos a uma taxa média<br />

superior a <strong>10</strong>% ao ano.<br />

Em nome dos fabricantes, suas associações<br />

– Abia (Associação Brasileira das<br />

Indústrias <strong>de</strong> Alimentação) e Abur (Associação<br />

Brasileira das Indústrias <strong>de</strong> Refrigerantes<br />

e Bebidas não Alcoólicas) se<br />

manifestaram. Em comunicado conjunto,<br />

disseram estar comprometidas em promover<br />

ações conjuntas para combater o problema<br />

com a redução voluntária <strong>de</strong> sódio,<br />

gordura trans e açúcar. Muitos não acreditavam.<br />

Leva tempo. Mas, um dia, acontece.<br />

Parece que estamos criando juízo. As nossas<br />

crianças, principalmente elas, mesmo<br />

não enten<strong>de</strong>ndo exatamente as razões e<br />

motivos, agra<strong>de</strong>cem. Como tudo, <strong>de</strong>mora,<br />

mas chega. Chegou a hora da verda<strong>de</strong> para<br />

os pós brancos. A <strong>de</strong> colocar o sal e o açúcar<br />

em seus <strong>de</strong>vidos lugares e, principalmente,<br />

medidas.<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

famadia@madiamm.com.br<br />

56 <strong>10</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!