Revista Apólice #239
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Depois de levar o título de ovelha negra do<br />
mercado de seguros neste ano, o segmento<br />
de previdência privada guarda perspectivas um<br />
pouco mais favoráveis para 2019. A isenção de<br />
taxas em meio ao acirramento da concorrência e<br />
a tão aguardada reforma da aposentadoria oficial,<br />
caso seja implementada, podem servir de motor<br />
para o desempenho do setor no próximo ano<br />
Manuela Almeida<br />
O<br />
telefone toca às 19 horas.<br />
Ninguém mais está na seguradora<br />
para atender. Normal.<br />
Em locais administrativos,<br />
geralmente, o turno termina às 18 horas.<br />
O diretor regional da Icatu Seguros em<br />
Minas Gerais, Sergio Prates, puxa a ligação.<br />
Do outro lado da linha, uma pessoa<br />
de 30 anos quer informações sobre como<br />
adquirir uma previdência privada. Em<br />
duas décadas de experiência no setor,<br />
Prates jamais avistara uma situação semelhante.<br />
“Sempre tivemos de provocar<br />
as pessoas para o tema. Hoje, já vemos o<br />
interesse vir dos próprios consumidores”,<br />
diz o especialista no tema.<br />
A narrativa sintetiza a tremenda<br />
oportunidade que o segmento tem pela<br />
frente. Seja para complementar a aposentadoria<br />
oficial ou para garantir a manutenção<br />
do padrão de vida no futuro, a previdência<br />
privada ainda tem muito espaço<br />
para crescer no Brasil a despeito de não<br />
ter tido um bom ano em termos de vendas.<br />
São apenas 13 milhões de indivíduos<br />
que possuem um plano privado no País,<br />
de acordo com a Federação Nacional de<br />
Previdência Privada e Vida (FenaPrevi).<br />
Esse contingente representa pouco mais<br />
de 6% da população brasileira. Não bastassem<br />
os ventos contrários da economia<br />
brasileira, que demora a retomar um<br />
desempenho mais vigoroso, elevar essa<br />
proporção ficou ainda mais desafiador<br />
este ano em meio ao patamar da Selic,<br />
taxa básica de juros da economia, na<br />
comparação com 2017. A diferença pesou<br />
na rentabilidade dos fundos, que também<br />
foi afetada pela volatilidade gerada em<br />
torno das incertezas eleitorais, afastando<br />
novos investidores. Como consequência,<br />
o segmento de previdência privada<br />
amarga queda de quase 36% na captação<br />
líquida de recursos (diferença de entradas<br />
e saídas) no acumulado de janeiro<br />
a outubro, totalizando R$ 28,5 bilhões<br />
em relação a idêntico intervalo do ano<br />
passado, conforme dados mais recentes<br />
divulgados pela FenaPrevi. A redução<br />
do segmento fez não só gigantes do setor<br />
como Bradesco e BB Seguridade, que<br />
controla a Brasilprev, líder do segmento,<br />
revisarem suas projeções de desempenho<br />
para o ano de 2018 bem como também<br />
forçou o mercado de seguros a rever seus<br />
números para este exercício.<br />
A boa notícia fica, contudo, do lado<br />
das reservas. De janeiro a outubro, o saldo<br />
dos planos de previdência privada aberta<br />
totalizou R$ 817,4 bilhões, uma expansão<br />
de 10,3%, segundo a FenaPrevi. A trajetória<br />
de crescimento reforça a importância<br />
do segmento, mas o montante ainda é<br />
baixo em relação à sua participação no<br />
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.<br />
Considerando apenas os planos abertos,<br />
as reservas técnicas previdenciárias equivalem<br />
hoje a 12% da atividade do País. A<br />
baixa penetração, de acordo com o presidente<br />
da FenaPrevi, Edson Franco, reforça<br />
o potencial de expansão para o segmento.<br />
Tanto é que para 2019 ele aposta em um<br />
bom desempenho para o setor, visto que<br />
este mercado ainda é “jovem e está em<br />
fase de acumulação”. “Recente pesquisa<br />
feita pelo Ipsos a pedido da FenaPrevi<br />
mostra que hoje 60% dos brasileiros<br />
acham necessário ter um plano de previdência<br />
complementar para se preparar<br />
para a aposentadoria”, enfatiza Franco.<br />
19