Revista Apólice #239
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internacional | china<br />
Uma terra de<br />
guindastes<br />
Com dois dígitos de<br />
crescimento, o mercado<br />
de seguros chinês<br />
continha sendo o<br />
principal motor para o<br />
aumento dos prêmios<br />
globais, apesar de ter<br />
desacelerado o ritmo.<br />
A nova rota da seda,<br />
que conecta o País<br />
ao comércio global,<br />
deve não só mantê-lo<br />
neste posto bem como<br />
escancarar uma janela<br />
de oportunidade para as<br />
seguradoras investirem<br />
na China<br />
Manuela Almeida<br />
Não é possível andar alguns metros<br />
na China sem avistá-los<br />
no horizonte. Os trambolhos<br />
amarelos quase fazem que<br />
parte da suntuosa arquitetura oriental.<br />
Da desenvolvida Pequim às cidades da<br />
Província de Cantão (Guangzhou), os<br />
guindastes estão por toda parte. Só perdem<br />
para os quadradinhos, os chamados<br />
QR Code, e para as bicicletas compartilhadas.<br />
Na China, a evolução dos tradicionais<br />
códigos de barras é o principal<br />
método de pagamento da população, que<br />
já não carrega mais notas de yuan na carteira.<br />
As bicicletas, que formam pilhas e<br />
pilhas pelas ruas chinesas, também são<br />
pagas e desbloqueadas com a leitura de<br />
um código QR Code. Só é um preciso<br />
um celular. Eles não saem das mãos dos<br />
chineses. Quadradinhos e magrelas à<br />
parte, um desafio interessante quando se<br />
visita a China é contar a quantidade de<br />
guindastes espalhados pelo território local.<br />
Impossível. Perde-se a conta rapidamente.<br />
Os guindastes são um símbolo do<br />
boom de infraestrutura que o País vive,<br />
passados exatos 40 anos da sua abertura<br />
comercial e econômica e a explosão da<br />
demanda que veio a reboque em meio a<br />
uma população de 1,4 bilhão de pessoas.<br />
É de lá também que vem boa parte da<br />
demanda de seguros global, a despeito da<br />
desaceleração econômica que o País atravessa.<br />
No terceiro trimestre deste ano, a<br />
China registrou seu menor crescimento<br />
trimestral em nove anos, ao apresentar<br />
expansão de 6,5% na comparação com<br />
o mesmo período de 2017. Impactada<br />
pelos efeitos da guerra comercial com os<br />
Estados Unidos, a economia chinesa, que<br />
nos últimos anos apresentou crescimento<br />
exponencial, se descolando da brasileira<br />
ao passar dos US$ 12 bilhões, tende a<br />
continuar rodando em ritmo mais lento<br />
daqui para frente. Para se ter uma ideia,<br />
o montante representa um terço do total<br />
de ativos do mercado global de seguros<br />
e resseguros, em torno dos US$ 30 trilhões.<br />
Na visão de economistas, contudo,<br />
o País deve manter um patamar de expansão<br />
anual ao redor dos 6%. Para conter o<br />
processo de desaceleração econômica em<br />
curso, o governo chinês tem reforçado<br />
investimentos em infraestrutura. Ao<br />
mesmo tempo que o segmento contribui<br />
para segurar as pontas do crescimento<br />
do Produto Interno Bruto (PIB) local,<br />
também serve de motor para o mercado<br />
de seguros chinês, o terceiro maior do<br />
mundo, que cresce a uma taxa de dois<br />
dígitos. “Como a mudança do poder<br />
econômico global do Ocidente para o<br />
Oriente prossegue com a mesma força,<br />
a China, e especialmente os mercados<br />
emergentes da Ásia, serão as principais<br />
fontes de demanda de seguros nos próximos<br />
anos”, avalia o economista-chefe do<br />
Grupo Swiss Re, Jérôme Jean Haegeli,<br />
em recente relatório ao mercado.<br />
Dados do estudo Sigma, confeccionado<br />
pela gigante suíça, mostram que a<br />
parcela dos prêmios globais da China<br />
saltou de 0,8% em 2000 para 9,7% em<br />
2017. Estima-se que, de acordo com as<br />
projeções da Swiss Re, essa fatia cresça<br />
para 16% até 2028. Nesse tempo, as<br />
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