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Revista Apólice #239

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china<br />

❙❙Jérôme Jean Haegeli, do Grupo Swiss Re<br />

prioridades quando o assunto é seguro<br />

mudaram para a população chinesa. Um<br />

cidadão cantonês diz que agora as pessoas<br />

na província onde vive - a análise<br />

também se aplicar para a China como<br />

um todo - prezam por investimentos em<br />

saúde e educação, enquanto no passado a<br />

prioridade era o patrimônio. Sem enfrentarem<br />

riscos como segurança e violência<br />

em seu dia a dia, os jovens orientais não<br />

se preocupam com seguros patrimoniais.<br />

Isso porque, diferentemente das gerações<br />

passadas que vivenciaram a escassez de<br />

produtos e serviços e a pobreza local<br />

antes da abertura econômica e comercial<br />

do País, estão ávidos pelo consumo.<br />

Como consequência, conta uma jovem<br />

chinesa, poupam menos que seus pais e<br />

avós. “Em 2018, o mercado de seguros<br />

de vida doméstico passou por um período<br />

de transformação e ajuste. Como a estrutura<br />

de produtos de seguro foi ajustada<br />

e otimizada, por um lado, o ritmo de<br />

queda dos prêmios de seguro de vida vem<br />

diminuindo mês a mês; por outro lado,<br />

os negócios de proteção, como o seguro<br />

de saúde, mostra crescimento”, confirma<br />

a China Re, em relatório de resultados,<br />

acrescentando que esse segmento está<br />

acelerando para voltar a focar na questão<br />

da função da proteção que essas apólices<br />

carregam.<br />

A mudança da visão do povo chinês,<br />

que após o boom econômico das últimas<br />

décadas, prioriza mais as proteções pessoais,<br />

tende a fazer com que o mercado<br />

local lidere a aceleração do mercado de<br />

48<br />

vida nos países emergentes. Mais do que<br />

isso, juntos, devem potencializar o segmento<br />

como um todo ao redor do globo.<br />

O último estudo Sigma do Instituto Swiss<br />

Re “Global economic and insurance outlook<br />

2020” estima que o mercado de seguros<br />

mundial cresça acima dos 3% por<br />

ano, tanto em 2019 como em 2020. Com<br />

demanda tanto do mercado de seguro<br />

de vida como do não-vida, segundo Haegeliem,<br />

em dólares norte-americanos,<br />

a taxa de crescimento dos prêmios de<br />

seguro nos mercados emergentes da Ásia<br />

será três vezes superior à média global<br />

nos próximos dois anos. Isso porque a<br />

riqueza nesses mercados cresceu muito<br />

nos últimos anos e o incremento de um<br />

ponto porcentual no PIB deste ano, por<br />

exemplo, tem um impacto muito mais<br />

significativo em termos de volume de<br />

prêmios do que teria há uma década.<br />

A explicação, conforme a Swiss Re, é<br />

de que muitos mercados progrediram<br />

para a área mais inclinada da “curva S”<br />

de seguros e o impacto do crescimento<br />

da renda sobre a demanda por seguros é<br />

muito maior.<br />

A nova rota da seda<br />

Um dos projetos que vem turbinando<br />

o setor de seguros na China e deve<br />

continuar por assim fazer nos próximos<br />

anos é a nova rota da seda, a chamada<br />

Belt & Road Initiative (BRI). O projeto,<br />

anunciado em 2013 pelo presidente<br />

Xi Jinping, visa a conectar o País aos<br />

grandes mercados globais, reorientando<br />

o comércio chinês rumo à Europa, ao<br />

Sudeste Asiático e à África. Estimada<br />

em US$ 900 bilhões, a nova rota da seda<br />

engloba investimentos na construção de<br />

ferrovias, portos e outros projetos de<br />

infraestrutura em 65 países, o que lhe<br />

credita o título de maior estratégia de<br />

investimento estrangeiro feito por um<br />

único país na história global. “São seis<br />

corredores que vão conectar a China com<br />

os grandes mercados globais”, destaca<br />

o cientista político Maurício Santoro,<br />

professor de relações internacionais da<br />

Universidade do Estado do Rio de Janeiro<br />

(UERJ).<br />

Do lado do seguro, a nova rota da<br />

seda, ponderadas as questões de financiamento,<br />

acidentes de trabalho e suspeitas<br />

de corrupção em algumas obras,<br />

representam um mar de oportunidades<br />

para seguradoras ao redor do mundo.<br />

Além dos projetos já concluídos, que<br />

continuam a render prêmios para as companhias<br />

de seguros, muitos outros estão<br />

em andamento ou devem ser construídos<br />

nos próximos anos. A mega ponte Hong<br />

Kong-Zhuhai-Macau (HZMB), um dos<br />

grandes locais de disputa geopolítica<br />

do século XXI, é um deles. A estrutura<br />

contou com uma apólice de mais de ¥<br />

200 milhões em prêmios de seguros,<br />

equivalente a cerca de R$ 100 milhões,<br />

e visa a engrandecer a baía da Província<br />

de Cantão. Participaram do contrato,<br />

conforme a autoridade responsável pelo<br />

projeto na China, gigantes do mercado<br />

global, como as suíças Swiss Re e Zurich.<br />

Com custos de construção ao redor<br />

dos ¥ 120 bilhões - em torno de R$ 60<br />

bilhões -, a ponte HZMB é considerada<br />

um grande case de seguros da China.<br />

Trata-se da maior ponte marítima do<br />

mundo com 55 quilômetros de extensão<br />

no total. Foram seis anos de estudo e<br />

planejamento e nove para a construção<br />

do projeto, que foi aberto ao público em<br />

outubro último, depois de atrasos por<br />

problemas como acidentes de trabalho<br />

e casos de corrupção. Além do período<br />

de construção, o início da operação da<br />

ponte segue sendo benéfico ao mercado<br />

de seguros local uma vez que os proprietários<br />

dos veículos são obrigados a<br />

contratarem previamente um seguro de<br />

responsabilidade civil para transitar no<br />

local. A apólice varia conforme a legislação<br />

de cada uma das três jurisdições<br />

responsáveis pela HZMB: Hong Kong,<br />

Zhuhai e Macau.<br />

Assim como a super ponte, outros<br />

projetos estão em andamento e tendem<br />

a sustentar a demanda por seguros<br />

na China na área de infraestrutura. É<br />

recorrente, contudo, a preocupação de<br />

companhias locais para os riscos envolvidos<br />

nos projetos. Wang Wen, que dirige<br />

o China Export and Credit Insurance<br />

Corporation (Sinosure), criticou recentemente,<br />

conforme a mídia chinesa, a<br />

gestão de risco nos projetos associados<br />

à nova rota da seda. É preciso, conforme<br />

ele, uma melhor atenção ao tema para<br />

que desastres sejam evitados em meio

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