previdência Entre os executivos do segmento já há um maior otimismo em relação ao próprio quarto trimestre deste ano, período tradicionalmente mais forte para o setor por conta das declarações anuais do imposto de renda. O diretor de Gestão Corporativa e Relações com Investidores da BB Seguridade, Werner Romera Süffert, diz que a companhia espera que a Brasilprev, que tem o Principal Financial Group como acionista, tenha um trimestre “muito mais agressivo”, dando sequência ao desempenho visto nos três meses anteriores, que já representaram o melhor período em contribuição bruta no ano. O potencial do mercado de previdência é tamanho que atrai, inclusive, players novos para o segmento. No início de dezembro, a Marisa, tradicional marca feminina de moda e lingerie do País, reforçou a parceria com a Icatu Seguros e anunciou o lançamento do seu próprio produto de previdência privada. Trata-se da primeira varejista a comercializar um plano para pessoas físicas e que será voltado exclusivamente para os clientes que têm o cartão da loja, com apetite de aportes mensais entre R$ 70,00 e R$ 100,00. Embora em sua maioria o interesse das varejistas no tocante a produtos financeiros esteja, principalmente, calcado nos ganhos gerados como uma alternativa para a diversificação de receitas, o ingresso de novos entrantes no mercado de previdência privada reforça o espaço de crescimento do setor no País. Tanto é que nos últimos anos a quantidade de players se multiplicou. Seja por iniciativas digitais ou no tradicional boca a boca, nomes como a corretora de investimentos XP, que estrutura uma seguradora do zero com foco inicial no segmento de previdência privada, e o banco de investimentos BTG Pactual passaram a investir mais pesadamente no segmento, aquecendo a concorrência entre os grupos consolidados. A reforma Apesar do potencial do setor de previdência privada no País, em seu cenário de perspectivas, a agência de classificação de risco Fitch Ratings não acredita na possibilidade de o segmento retornar à média histórica de crescimento 20 ❙❙ Sergio Prates, da Icatu Seguros no próximo ano. Projeta para o próximo exercício alta ainda modesta dos planos Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBLs), para quem declara o imposto de renda (IR) no modelo simplificado, e Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBLs), voltado aos que fazem o IR completo, que compõem mais de um terço dos prêmios. Como justificativa, a classificadora cita justamente o fato de o mercado, historicamente, ter relação positiva com a taxa de juros, que não deve mudar significativamente em 2019. Estacionada em 6,5% ao ano, a Selic deve ter leve alta no próximo exercício, chegando a 7,75% ao ano, conforme expectativas do mercado financeiro. A favor do segmento de previdência ❙❙Edson Franco, da FenaPrevi privada no Brasil e, principalmente, das forças de vendas do produto está o aquecimento do debate em torno da reforma da Previdência Social no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Tida como medida essencial para equalizar a situação fiscal do País, há a expectativa no mercado financeiro – ou ao menos a torcida – de que algum ajuste avance no próximo exercício. A expectativa prevalece a despeito de o filho do presidente eleito, Eduardo Bolsonaro, ter afirmado a investidores estrangeiros que o governo “talvez não consiga” votos no Congresso para aprovar a reforma da Previdência. Imediatamente seu pai minimizou a fala e disse que o filho pode ter se equivocado ao falar sobre o tema. Reafirmou, inclusive, o compromisso de enviar alguma proposta de reforma da Previdência. A ideia de Bolsonaro, até aqui, é uma proposta fatiada e gradual, aproveitando trechos das sugestões feitas pelo governo Michel Temer e que já estão na Câmara. A definição de uma idade mínima para aposentadoria, com diferença para homens e mulheres, tende a ser o primeiro tema trabalhado pela equipe de Bolsonaro. As falas quase que diárias do presidente eleito têm conseguido manter a expectativa do mercado financeiro em torno da implementação da reforma da Previdência já no próximo ano. Para a iniciativa privada, o reaquecimento do debate é visto como um potencial chamariz de novos investidores no médio e longo prazos. “Não há dúvida de que esse ambiente deixa as pessoas mais sensíveis para discutir o assunto, mas não há um reflexo tão imediato em termos de aumento da carteira de previdência”, avalia o gerente de Gestão da Bradesco Vida e Previdência, Daniel Crispim, acrescentando que no médio e longo prazos a reforma da Previdência sensibilizará tanto empresas quanto pessoas físicas para o tema. Diante da importância que o ajuste na aposentadoria oficial tem para o País e para o mercado de seguros, a iniciativa privada preparou uma proposta alternativa para o futuro governo. Capitaneado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP (FIPE-USP), o estudo propõe uma mudança baseada no
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