16.03.2019 Views

edição de 18 de março de 2019

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

mercado<br />

especialistas discutem <strong>de</strong>safios e<br />

oportunida<strong>de</strong>s do bran<strong>de</strong>d content<br />

Executivos da Netflix, AKQA, Pepsico e Johnson & Johnson refletiram sobre<br />

a prática e apresentaram cases; encontro foi mediado por Patricia Weiss<br />

LEONARDO ARAUJO<br />

Na semana passada, especialistas<br />

se reuniram no<br />

Senac SP para discutirem cases<br />

<strong>de</strong> bran<strong>de</strong>d content. A abertura<br />

ficou por conta <strong>de</strong> Patricia<br />

Weiss, produtora-executiva da<br />

Asas.br.com e chairwoman da<br />

BCMA South America.<br />

“Bran<strong>de</strong>d content não é marketing.<br />

Porque não é uma venda<br />

<strong>de</strong> alguma coisa. Ele não é<br />

sobre a marca, ele é sobre as<br />

pessoas”, explicou a especialista<br />

na primeira palestra da<br />

quarta edição do encontro intitulado<br />

Desvendando o Bran<strong>de</strong>d<br />

Content.<br />

“Enquanto a publicida<strong>de</strong><br />

existe para ven<strong>de</strong>r, o conteúdo<br />

<strong>de</strong> entretenimento existe para<br />

engajar sem interromper”, diz.<br />

“As boas histórias hoje são compartilhadas<br />

não porque pertencem<br />

às marcas, mas porque foram<br />

realmente relevantes para<br />

a audiência”, analisa Patricia.<br />

Thiago Cesar Silva, brand<br />

manager da Netflix, esteve presente<br />

e falou sobre os <strong>de</strong>safios<br />

<strong>de</strong> fazer bran<strong>de</strong>d content para<br />

uma marca que já é <strong>de</strong> conteúdo.<br />

O executivo <strong>de</strong>stacou que<br />

para a criação do verda<strong>de</strong>iro<br />

bran<strong>de</strong>d content é preciso coragem.<br />

No caso da plataforma <strong>de</strong><br />

streaming, um dos <strong>de</strong>staques<br />

é a série Os Originais. Um dos<br />

episódios <strong>de</strong>staca a história <strong>de</strong><br />

uma drag queen. A criação foi<br />

precedida <strong>de</strong> críticas recebidas<br />

após o lançamento da série Super<br />

Drags. A marca, entretanto,<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a comunida<strong>de</strong> e não<br />

recuou. “Brincamos que a Netflix<br />

é uma mulher bicha, ela<br />

tem um tom <strong>de</strong> voz afrontoso.<br />

Fazia todo sentido <strong>de</strong> fato ir<br />

adiante”, afirma.<br />

Outro <strong>de</strong>staque da marca é<br />

o case em que a empresa “invadiu”<br />

a programação do SBT<br />

para promover a série Stranger<br />

Things. Segundo o português<br />

Hugo Veiga, sócio da AKQA,<br />

a i<strong>de</strong>ia era daquelas “que dão<br />

medo” <strong>de</strong> apresentar ao cliente.<br />

Patricia Weiss falou sobre os caminhos do sucesso para um bran<strong>de</strong>d content efetivo<br />

Deu certo e a ação fez a emissora<br />

alcançar a li<strong>de</strong>rança, além <strong>de</strong><br />

apresentar a Netflix para a audiência<br />

do canal.<br />

“Acho que o que mudou nesses<br />

últimos tempos é que o ego<br />

teve <strong>de</strong> ser colocado um pouco<br />

<strong>de</strong> lado. Falar menos sobre si e<br />

falar sobre o que é importante<br />

para as pessoas. O Quincy Jones<br />

falou um negócio que eu<br />

adorei: ‘o ego é a insegurança<br />

disfarçada’”, comenta Daniela<br />

Cachich, VP <strong>de</strong> marketing da<br />

Pepsico.<br />

A executiva <strong>de</strong>stacou marcas<br />

do grupo que já se arriscaram<br />

Alê Oliveira<br />

“histórias são<br />

compartilhadas<br />

não porque<br />

pertencem às<br />

marcas, mas<br />

porque foram<br />

realmente<br />

relevantes para<br />

a audiência”<br />

falando <strong>de</strong> temas <strong>de</strong>licados e<br />

utilizando o bran<strong>de</strong>d content,<br />

caso do Doritos Rainbow, produto<br />

lançado para promover<br />

a diversida<strong>de</strong>. Obviamente,<br />

gerou críticas, mas também<br />

elogios. “Não busque a unanimida<strong>de</strong>.<br />

O que po<strong>de</strong> ser relevante,<br />

importante para algumas<br />

pessoas, po<strong>de</strong> gerar ódio<br />

em outras. [...] É importante saber<br />

que a unanimida<strong>de</strong> não vai<br />

acontecer, você não vai agradar<br />

todo mundo. Quando a gente<br />

quer agradar todo mundo, vamos<br />

para uma coisa muito básica”,<br />

exemplifica.<br />

E se Doritos incomodou por<br />

falar da comunida<strong>de</strong> gay, Sempre<br />

Livre foi criticada - e elogiada<br />

- por abordar a menstruação.<br />

Gabriela Onofre, sênior e marketing<br />

director na Johnson &<br />

Johnson, exibiu trechos do documentário<br />

Nosso Sangue Nosso<br />

Corpo, conteúdo que ressaltava<br />

a importância <strong>de</strong> se falar em<br />

menstruação do jeito certo.<br />

“Menstruação é um saco, é difícil,<br />

fora que ainda tem o tabu<br />

da socieda<strong>de</strong>”, reflete a executiva.<br />

O case arrancou elogios<br />

até mesmo <strong>de</strong> Cachich: “a minha<br />

vida inteira eu vi filme <strong>de</strong><br />

absorvente com o liquído azul e<br />

queria aplaudir porque é a primeira<br />

vez que vejo uma marca<br />

mostrando a realida<strong>de</strong>”.<br />

Mas é preciso arriscar para<br />

acertar. “Nosso mercado fica<br />

um pouco preso a números e<br />

resultados. Às vezes a gente<br />

mente para si mesmos. Milhões<br />

<strong>de</strong> views e aí você vai ver são<br />

views comprados”, analisa o<br />

brand manager da Netflix.<br />

“Eu acho a palavra ROI complicadíssima.<br />

O melhor ROI é o<br />

po<strong>de</strong>r criativo <strong>de</strong> uma peça [...].<br />

Criativida<strong>de</strong> não se compra, se<br />

inspira”, comenta Cachich.<br />

Para Diego Machado, também<br />

sócio da agência AKQA,<br />

é preciso apren<strong>de</strong>r a escutar<br />

todos. “Dentro das agências,<br />

a voz não está só no diretor <strong>de</strong><br />

criação. É necessário saber ouvir”,<br />

finaliza.<br />

44 <strong>18</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2019</strong> - jornal propmark

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!