*Março/2019 - Revista Florestal 205
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ENTREVISTA<br />
que vários mercados estão analisando melhor a questão<br />
custo-benefício desses produtos. Muitos produtos foram<br />
inflacionados. Vou dar como exemplo a teca, que podemos<br />
comparar com algumas espécies de madeiras nobres<br />
de espécies nativas. Houve aquele boom de expectativas<br />
sobre a espécie há alguns anos, mas esse boom veio acompanhado<br />
de investimentos. Era uma atividade que não era<br />
explorada, e agora já temos várias empresas consolidadas<br />
nesse mercado. Ela acaba frustrando algumas expectativas<br />
iniciais, mas mesmo assim essas atividades são rentáveis.<br />
Porém, é aquela situação: quando o mercado está favorável,<br />
empresas que não são bem planejadas, que não têm<br />
um bom planejamento estratégico, têm resultados positivos.<br />
Só que a partir do momento em que o mercado começa<br />
a limitar a questão preço, restringindo a atuação dessas<br />
empresas que não se preocuparam com a profissionalização,<br />
vemos essa diferença de empresas que têm feito um<br />
trabalho com seriedade, com prudência, com vistas à sustentabilidade<br />
desde o início e aquelas que se aproveitam<br />
do mercado. Infelizmente, isso acontece em vários setores,<br />
principalmente de produtos florestais não madeireiros.<br />
Por exemplo, se a erva-mate conquista um novo mercado,<br />
muitas vezes há uma inflação dentro do nosso mercado<br />
em cima da busca da matéria prima. A partir do momento<br />
que se estabiliza esse mercado nos anos seguintes, há recuo<br />
do preço ou manutenção daquele pagamento. Não é<br />
um mercado que se sustenta, é aquela questão de ciclo do<br />
produto. Quando tem um produto novo em lançamento,<br />
muitas vezes ele entra no mercado com o preço diferenciado.<br />
A partir do momento que começa a entrar concorrência,<br />
começa a ter mais opções, mais empresas passam<br />
a ofertar esse produto, como o exemplo da erva-mate na<br />
União Europeia. O produto também tem uma estabilização<br />
de preço em alguns mercados e até retraiu um pouco, o<br />
que o torna menos rentável do que inicialmente realizado,<br />
mas não viabiliza.<br />
>> Para novos produtores, o que deve ser avaliado para<br />
implantar uma floresta comercial?<br />
Primeiramente, entendo que é necessário avaliar muito a<br />
questão da localização da propriedade, o mercado no seu<br />
entorno, as demandas, as questões dos materiais genéticos<br />
adaptados a cada região, mas principalmente avaliar<br />
a questão do mercado. Se vai conseguir colocar essa<br />
madeira, se o comércio vai ser um mercado de madeira<br />
fina, se há possibilidade de produzir madeira grossa, se<br />
haverá mercado para essa madeira. É necessário fazer uma<br />
análise muito criteriosa em relação a potenciais mercados<br />
futuros e as condições herbático-climáticas e zoneamento<br />
de produção para saber quais espécies, quais os planos<br />
de manejo poderão ser adotados, se é uma espécie que<br />
tem uma flexibilidade maior quanto ao manejo menor. Por<br />
exemplo, a teca é uma espécie de madeira grossa com valor<br />
agregado muito grande, porém a indústria está restrita<br />
ao Mato Grosso, uns 500 km (quilômetros) em torno da<br />
better analyzing the cost-benefit ratio question for these<br />
products. Many products had inflated prices. I give the<br />
example of teak, which can be compared with several<br />
other species of hardwoods, native species. There was<br />
a boom in expectations for this species a few years ago,<br />
but this boom came accompanied by investments. It<br />
was an activity that was not being explored, but now<br />
we have several consolidated companies in this market.<br />
Some initial expectations ended up being frustrated,<br />
but even so, these activities are profitable. However, in<br />
this situation, when the market is favorable, companies<br />
that have not properly planned, by not having a good<br />
strategic plan, can still have positive results. But once<br />
the market begins to limit the price issue, restricting the<br />
activities of these companies that didn’t bother with<br />
professionalization, we can see a difference between<br />
companies who have carried out their work with seriousness,<br />
with prudence, aiming for sustainability from<br />
the beginning, and those who just took advantage of the<br />
market. Unfortunately, this happens in various sectors,<br />
mainly in the non-wood forest products segment. For<br />
example, if yerba mate (Paraguay Tea) conquers a new<br />
market, there is often a price increase in our market as a<br />
result of the pursuit of raw materials. From the moment<br />
that the market stabilizes over the next few years, there<br />
is a price reduction or a maintenance payment. It’s not<br />
a market that is supported; it is a matter of the product<br />
cycle. When you have a new product to launch, it often<br />
enters the market with this new price. From the moment<br />
that competition begins to enter the market, there are<br />
more options, more companies are offering this product,<br />
as the example of yerba mate in the European Union.<br />
The product also reached a price stabilization point in<br />
some markets, even slightly lower, which can make it<br />
less profitable than initially realized, but does not necessarily<br />
make the product economically unviable.<br />
A madeira grossa<br />
suporta transporte a<br />
uma distância maior, ela<br />
dá um leque de opções<br />
de venda maior<br />
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