*Março/2019 - Revista Florestal 205
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LEGISLAÇÃO<br />
A grande dificuldade está na integração com os sistemas<br />
estaduais, como é o caso de Mato Grosso e Pará,<br />
que possuem sistemas de controle próprios. Isto acarreta<br />
uma série de problemas. Existem casos em que o site sai<br />
do ar e não é possível acessar. Outras vezes há lentidão<br />
no processamento das informações. No caso específico de<br />
Mato Grosso e Pará, por exemplo, quando um empresário<br />
precisa fazer uma venda para fora do Estado, é necessário<br />
emitir uma Dvpf (Declaração de Vendas de Produtos Florestais)<br />
online. Esse documento deve passar pelo sistema<br />
DOF do Ibama para que o cliente possa dar o aceite e a negociação<br />
seja concretizada. Depois deste processo, é emitida<br />
a GF (Guia <strong>Florestal</strong>) que fica vinculada ao sistema DOF<br />
para que, no momento em que a carga chegue ao destino,<br />
o cliente apenas receba a guia e o pátio virtual seja alimentado<br />
com a metragem cúbica do transporte. Então, quando<br />
ocorre uma paralisação ou falha no sistema DOF essa<br />
Dvpf não aparece para o cliente dar o aceite. “Isso pode<br />
demorar horas, ou dias, às vezes o empresário cancela e<br />
emite outra e, mesmo assim, não é possível seguir com o<br />
processo”, detalha. Outras vezes, o cliente dá o aceite, mas<br />
o empresário, que está na outra ponta, não recebe essa<br />
confirmação e não pode emitir a GF e liberar a carga para<br />
o transporte. Tudo isso faz com que a venda fique travada,<br />
sem condições de ser concretizada.<br />
Uma estimativa feita no Estado de Mato Grosso durante<br />
o período de paralisação demonstrou que há um<br />
prejuízo, aproximado, de cerca de R$ 30 milhões a cada<br />
cinco dias sem operação. Mas em determinadas épocas,<br />
como a que ocorreu agora de preparação para o período<br />
de proibição do corte que vai de 01 de fevereiro até 31 de<br />
março, a movimentação financeira é quase o dobro. Mas<br />
vale lembrar que o DOF controla todas as operações envolvendo<br />
produtos florestais. Então, o setor todo é afetado.<br />
“Estamos falando de um segmento que representa 1,1%<br />
do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, totalizando cerca<br />
de US$ 60 bilhões em comercialização”, ressalta Valdinei.<br />
Além disto, é preciso levar em consideração os desdobramentos<br />
da paralisação nas vendas. Um caminhão<br />
carregado, por exemplo, com a nota pronta para emitir<br />
a Guia Ambiental, no momento em que o sistema trava,<br />
incorre em mais despesas de diária ao motorista. Deixa<br />
de arrecadar impostos nesse período, de utilizar mão de<br />
obra nos pátios e movimentar a economia local. Também<br />
há quebra de contrato, o que pode fazer com que a venda<br />
seja concretizada em outro Estado ou país. “Há um prejuízo<br />
de mercado, mas também prejuízo de imagem, de<br />
credibilidade”, pondera. Quando uma relação comercial se<br />
estabelece, há regras a serem cumpridas por vendedor e<br />
comprador e quando algo sai errado, a seriedade de todo<br />
o setor é questionada.<br />
SEM RESPOSTA<br />
De acordo com o superintendente executivo do Fnbf,<br />
o Ibama não respondeu a notificação administrativa, o<br />
que levou o Fórum a propor uma ação judicial contra o<br />
órgão. No mandado de segurança, com pedido de liminar,<br />
o Fnbf pede para que o Ibama apresente justificativa para<br />
as constantes falhas ocorridas no sistema e também para<br />
que implemente medidas que garantam o funcionamento<br />
adequado, em tempo real, da ferramenta. Outro pedido<br />
é para que haja a desvinculação dos sistemas estaduais<br />
com o federal quando este não estiver operando em condições<br />
normais. “O setor florestal não pede nada além de<br />
SEM AUTORIZAÇÃO PARA SEREM<br />
COMERCIALIZADAS, MADEIRAS<br />
ESPERAM NO ESTOQUE DAS EMPRESAS<br />
64 www.referenciaflorestal.com.br