*Março/2019 - Revista Florestal 205

ENTREVISTA
região de Cáceres, onde há algumas empresas. Então se
diz: vou plantar mogno africano no noroeste do Paraná. É
um negócio rentável, sim, mas em determinadas regiões.
Temos que ter muita cautela em relação ao que plantar e
quando plantar. Muitas vezes o produtor se motiva, ele vê
uma reportagem de uma determinada espécie em uma determinada
condição e acha que vai fazer isso na propriedade
dele em uma realidade totalmente diferente. Não tem
mercado para aquela madeira, muitas vezes. Então é sobre
como investir. Pensando no Sudoeste do Paraná, o foco da
região é a indústria de frango. Não há indústria de papel e
celulose. Então deve-se pensar no suprimento dessas atividades
e que podem oscilar ao longo do ano. Por exemplo,
agora houve retração no consumo de carne brasileira, alguns
países estão indicando que podem deixar de comprar
e isso vai impactar no consumo de madeira dessa região.
Isso pode prejudicar o mercado, a microrregião, o mercado
regional para essa madeira fina.
>> Haverá tendência de crescimento de plantio de espécie
tropical, nativa ou exótica, produtos com maior valor
agregado?
Não vejo isso como uma tendência. Isso são nichos de
mercado na minha opinião. Serão empreendimentos muito
pontuais.
>> O setor brasileiro florestal do jeito que está desenhado
hoje está no caminho certo?
Nunca perdi a fé no setor, sendo bem sincero. O setor
tem potencial sim, porém estamos passando dificuldades
por esse cenário que temos vivido nos últimos 4 anos de
instabilidade no preço da madeira. Por isso, muitos produtores,
principalmente investidores florestais desistiram de
investir. O estoque de madeira no país está desregulado.
A partir do momento que regular, acredito que voltarão a
investir. Isso pode acontecer dentro de 2 a 3 anos.
For new forest producers, what should be evaluated
before implementing a commercial forest?
First, I understand that It is necessary to evaluate the
question of the location of the property, the surrounding
market, the demands, the issues of genetic materials
adapted to each region, but mainly to evaluate the
market to see if one is going to be able to sell the logs,
if the market is for thin logs, if there is the possibility
of producing thick logs, if there is a market for this
timber. It is necessary to carry out a very meticulous
analysis about potential future markets and the growth/
climatic and production zoning conditions to determine
which species, which management plans should be
adopted, and the species that has more flexibility as to
less management. For example, teak is a kind of thick
wood with a significant added value, but the industry
is restricted to the State of Mato Grosso, some 500 km
around the region of Cáceres, where there are several
companies which use this raw material. Thus, you may
say: “I’m going to plant African mahogany in northwestern
Paraná.” It’s a profitable business, yes, but only in
specific regions. One has to be very cautious about what
to plant and when to plant. Many times, the producer
is motivated; he sees a story about a particular species
in a certain condition and thinks it can be grown on his
property in a totally different reality. Many times, there’s
no market for that type of timber. So, it’s about how to
invest. Looking at the Southwest of the State of Paraná,
the focus of the region is the chicken industry. There is
no pulp and paper industry. So, the thinking should be
about supplying these activities, which can fluctuate
throughout the year. For example, right now, consumption
of Brazilian meat is falling, and some countries
are indicating that they may stop importing, having
an impact on the consumption of timber in this region.
This can harm the market, the microregion, the regional
market for thin timber logs.
Is there a growing trend for the planting of tropical,
native, or exotic species, products with a higher added
value?
I don’t see it as a trend. These are niche markets in my
opinion. They are very short-term ventures.
Tem que ter um bom estudo
de caso de cada região
antes de simplesmente
fazer um projeto
Is the Brazilian Forest Sector in the way that it is today
on the right track?
I have never lost faith in the Sector, being very sincere. I
believe that it still has potential yes, but it is experiencing
difficulties within this scenario that it has been going
through over the last four years, one of instability as
to the price of timber logs. Therefore, many producers,
mainly investors, in the Sector have given up investing.
Timber stocks in the Country are unregulated. Starting
from the moment there is regulation, I believe investors
will return to invest. This can take place within 2 to 3
years.
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