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entrevista<br />
ra, minha vida em paz. Quero minha vida de volta.<br />
Fui sequestrada e ele não me deixa seguir. Tenho que<br />
olhar os processos diariamente e isso me entristece,<br />
saber que me casei com um homem que quis me<br />
matar.<br />
Quando estreia o filme?<br />
Estreia no final do ano. Foi incrível. Filmei com uma<br />
equipe hollywoodiana e o diretor Josh Taft foi supergeneroso.<br />
Fiz a Maria, que é a chave de um segredo<br />
para um assassinato. Trabalhava com um psicoterapeuta.<br />
Atuar em inglês foi bem diferente. Não me<br />
preocupei com o sotaque porque fazia uma latina.<br />
Mas estar em um set, com equipe americana, roteiro<br />
americano, direção hollywoodiana foi um presente<br />
de Deus.<br />
Como surgiu o convite para a produção americana?<br />
Trabalhei com o diretor Josh Taft em uma campanha<br />
mundial da Coca Cola, que filmamos em Grumari, no<br />
Rio de Janeiro. Na época, quando finalizamos o trabalho,<br />
ele me deu o cartão com seus contatos e disse<br />
que começaria em breve a trabalhar em um roteiro<br />
que teria uma personagem que era o meu perfil: uma<br />
brasileira sensual, com um lado brejeiro, que precisava<br />
passar um lado misterioso. Perguntou se falava<br />
inglês e logo depois veio o convite oficial. Fui com<br />
meu agente a Los Angeles, nos EUA (Estados Unidos<br />
da América) conversar pessoalmente e foi incrível.<br />
Filmar com profissionais de Hollywood foi um sonho<br />
realizado.<br />
Pensa em morar fora?<br />
Adoraria. Até para fugir um pouco disso tudo, mas<br />
tenho meus pais deficientes aqui e não os largaria por<br />
nada nesse mundo. São meus amores reais.<br />
Com quantos anos descobriu que queria ser atriz, o<br />
que fez?<br />
Descobri desde pequena. Fazia todas as peças da<br />
escola e sempre queria ser a princesa. Minha mãe me<br />
colocou em uma escola de teatro. Depois, sonhava<br />
em estudar em uma determinada instituição, mas era<br />
muito cara para mim. Lembro que fazia recortes de<br />
jornal de tudo que saia de lá. Comecei a trabalhar<br />
e estudar jornalismo, me formei. Precisava de algo<br />
estável. Comecei a trabalhar como jornalista, produtora<br />
e repórter, porque precisava de dinheiro para<br />
bancar meus cursos. Trabalhava manhã, tarde e noite,<br />
estudava para entrar na Faculdade de Artes Cênicas.<br />
Até que consegui minha primeira novela na Globo e<br />
depois vieram muitas outras. Lembro que senti ali que<br />
meu sonho estava se realizando.<br />
Já levou muitos nãos? Como lida com eles?<br />
Minha profissão é a arte de aceitar nãos. Digo que<br />
são 10 nãos para um sim. Faz parte. Mas a vida me<br />
ensinou a ser mais forte. Era difícil, chorava, mas, no<br />
dia seguinte, estava de cabeça em pé batalhando por<br />
uma nova oportunidade.<br />
Soube que está escrevendo um livro, será uma biografia?<br />
Vou falar da Cristiane antes de tudo acontecer, porque<br />
já tinha uma carreira, e da Cristiane depois,<br />
passando pelo fato em si. Mas também vou comentar<br />
sobre as brechas que o sistema dá, as brechas que a<br />
Lei Maria da Penha permite, fazendo com que muitas<br />
mulheres não denunciem. Quero mostrar a verdade,<br />
as dificuldades que encontrei no sistema judiciário,<br />
na polícia. Isso virou uma missão para mim até para<br />
tentar mudar. Será um alerta. Quero tentar contribuir<br />
para mudar um pouco essa realidade assustadora.<br />
Eu nunca sabia o<br />
que era verdade<br />
ou mentira. E na<br />
frente dos outros<br />
era um homem<br />
apaixonado e<br />
educadíssimo,<br />
mas sozinho era<br />
outra coisa<br />
30<br />
abril 2019<br />
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