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Revista VOI 162

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entrevista<br />

ra, minha vida em paz. Quero minha vida de volta.<br />

Fui sequestrada e ele não me deixa seguir. Tenho que<br />

olhar os processos diariamente e isso me entristece,<br />

saber que me casei com um homem que quis me<br />

matar.<br />

Quando estreia o filme?<br />

Estreia no final do ano. Foi incrível. Filmei com uma<br />

equipe hollywoodiana e o diretor Josh Taft foi supergeneroso.<br />

Fiz a Maria, que é a chave de um segredo<br />

para um assassinato. Trabalhava com um psicoterapeuta.<br />

Atuar em inglês foi bem diferente. Não me<br />

preocupei com o sotaque porque fazia uma latina.<br />

Mas estar em um set, com equipe americana, roteiro<br />

americano, direção hollywoodiana foi um presente<br />

de Deus.<br />

Como surgiu o convite para a produção americana?<br />

Trabalhei com o diretor Josh Taft em uma campanha<br />

mundial da Coca Cola, que filmamos em Grumari, no<br />

Rio de Janeiro. Na época, quando finalizamos o trabalho,<br />

ele me deu o cartão com seus contatos e disse<br />

que começaria em breve a trabalhar em um roteiro<br />

que teria uma personagem que era o meu perfil: uma<br />

brasileira sensual, com um lado brejeiro, que precisava<br />

passar um lado misterioso. Perguntou se falava<br />

inglês e logo depois veio o convite oficial. Fui com<br />

meu agente a Los Angeles, nos EUA (Estados Unidos<br />

da América) conversar pessoalmente e foi incrível.<br />

Filmar com profissionais de Hollywood foi um sonho<br />

realizado.<br />

Pensa em morar fora?<br />

Adoraria. Até para fugir um pouco disso tudo, mas<br />

tenho meus pais deficientes aqui e não os largaria por<br />

nada nesse mundo. São meus amores reais.<br />

Com quantos anos descobriu que queria ser atriz, o<br />

que fez?<br />

Descobri desde pequena. Fazia todas as peças da<br />

escola e sempre queria ser a princesa. Minha mãe me<br />

colocou em uma escola de teatro. Depois, sonhava<br />

em estudar em uma determinada instituição, mas era<br />

muito cara para mim. Lembro que fazia recortes de<br />

jornal de tudo que saia de lá. Comecei a trabalhar<br />

e estudar jornalismo, me formei. Precisava de algo<br />

estável. Comecei a trabalhar como jornalista, produtora<br />

e repórter, porque precisava de dinheiro para<br />

bancar meus cursos. Trabalhava manhã, tarde e noite,<br />

estudava para entrar na Faculdade de Artes Cênicas.<br />

Até que consegui minha primeira novela na Globo e<br />

depois vieram muitas outras. Lembro que senti ali que<br />

meu sonho estava se realizando.<br />

Já levou muitos nãos? Como lida com eles?<br />

Minha profissão é a arte de aceitar nãos. Digo que<br />

são 10 nãos para um sim. Faz parte. Mas a vida me<br />

ensinou a ser mais forte. Era difícil, chorava, mas, no<br />

dia seguinte, estava de cabeça em pé batalhando por<br />

uma nova oportunidade.<br />

Soube que está escrevendo um livro, será uma biografia?<br />

Vou falar da Cristiane antes de tudo acontecer, porque<br />

já tinha uma carreira, e da Cristiane depois,<br />

passando pelo fato em si. Mas também vou comentar<br />

sobre as brechas que o sistema dá, as brechas que a<br />

Lei Maria da Penha permite, fazendo com que muitas<br />

mulheres não denunciem. Quero mostrar a verdade,<br />

as dificuldades que encontrei no sistema judiciário,<br />

na polícia. Isso virou uma missão para mim até para<br />

tentar mudar. Será um alerta. Quero tentar contribuir<br />

para mudar um pouco essa realidade assustadora.<br />

Eu nunca sabia o<br />

que era verdade<br />

ou mentira. E na<br />

frente dos outros<br />

era um homem<br />

apaixonado e<br />

educadíssimo,<br />

mas sozinho era<br />

outra coisa<br />

30<br />

abril 2019<br />

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