*Agosto / 2019 - Referência Florestal 210
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ESPECIAL<br />
Acostumada a altos e baixos o mercado de<br />
acácia negra tem boas perspectivas para os<br />
próximos anos. A espécie exótica se tornou<br />
tradicional no Rio Grande do Sul, único Estado<br />
com plantio expressivo. A área plantada<br />
está abaixo dos 80 mil ha (hectares) atualmente. Depois<br />
de alguns anos com muita oferta e preços baixos, o valor<br />
da madeira está crescendo com a demanda mais alta. Para<br />
melhorar, o tanino encontrado na casca da acácia vem<br />
ganhando novas aplicações, fama pela sustentabilidade e<br />
mais mercado.<br />
Pelos dados da Ageflor (Associação Gaúcha de Empresas<br />
Florestais), o Rio Grande do Sul tem hoje menos de 80<br />
mil ha de acácia negra plantados, aponta o anuário 2017.<br />
As áreas com maior volume desta espécie são: região Sul,<br />
Vale do Rio Pardo, Centro Sul, Campanha e Vale do Caí.<br />
Mas em praticamente todo o Estado encontra-se algum<br />
cultivo da espécie.<br />
“Infelizmente a área plantada de acácia negra tem<br />
diminuído nos últimos anos”, lamenta Diogo Carlos Leuck,<br />
presidente da Ageflor. Ele aponta que um dos fatores de<br />
desestímulo é a elevada burocracia ambiental exigida para<br />
a silvicultura no Estado. Como a maior parte dos plantios<br />
de acácia ocorre em pequenos produtores familiares, eles<br />
têm mais dificuldade do que os grandes empreendimentos<br />
para atenderem exigências legais ambientais. “Com a lei<br />
estadual 14.691, estamos tentando um escalonamento de<br />
regras, a fim de não penalizar os pequenos que não tem<br />
a mesma estrutura técnica de uma grande empresa, mas<br />
sem perder o cuidado com o meio ambiente”, explica.<br />
Outro fator que desestimulou o produtor foi o baixo<br />
preço das florestas até 2015. Isto aconteceu pela grande<br />
oferta com o incremento de plantios em meados dos anos<br />
2000, influenciado pelas exportações de cavaco no final da<br />
década de 90. “Por fim, a informação da vinda de grandes<br />
indústrias de celulose para o Rio Grande do Sul, há cerca<br />
de 10 anos, fez com que muitos produtores convertessem<br />
áreas de acácia para eucalipto, com vistas a vender sua<br />
madeira para estas empresas”, completa Leuck.<br />
BOAS NOTÍCIAS<br />
A acácia negra já está no Rio Grande do Sul há 100<br />
anos, passou por momentos de altas e baixas ao longo<br />
deste período, normalmente por influência do descompasso<br />
entre oferta e demanda. Nos últimos 20 anos o volume<br />
consumido tem girado entre 18 e 20 mil ha por ano, na<br />
maior parte destinados ao mercado de energia (lenha e<br />
carvão), mas também para celulose, construção civil e recentemente<br />
pellets.<br />
Mundialmente a demanda por madeira tem crescido<br />
e para a acácia não é diferente. Por ser uma espécie com<br />
menor volume ofertado e com excelentes características,<br />
como o alto poder calorífico, tem uma perspectiva ainda<br />
maior de procura. “Como o estoque de florestas desta espécie<br />
no Rio Grande do Sul está abaixo do ideal para suprir<br />
a demanda histórica, a tendência é de que os preços continuem<br />
a subir, o que já vem ocorrendo nos últimos quatro<br />
anos”, prevê o presidente da Ageflor.<br />
62 www.referenciaflorestal.com.br