21.08.2019 Views

*Agosto/2019 - Referência Industrial 210

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

COLUNA<br />

SEMPRE É BOM LEMBRAR<br />

MADEIRA É O ÚNICO MATERIAL CONSTRUTIVO FABRICADO PELA PRÓPRIA NATUREZA, A ÁRVORE, PORTANTO,<br />

É UM RECURSO NATURAL RENOVÁVEL<br />

Flavio C. Geraldo<br />

FG4 MAD - Consultoria em Madeira<br />

Contato: flavio@fg4mad.com.br<br />

MEDIDAS DE DESTINAÇÃO DESSE<br />

MATERIAL TRATADO, QUANDO<br />

INSERVÍVEL, ESTÃO LONGE DA<br />

COMPLEXIDADE DE MUITOS OUTROS<br />

MATERIAIS ALTERNATIVOS UTILIZADOS EM<br />

QUALQUER TIPO DE CONSTRUÇÃO<br />

E<br />

m tempos de proibição do uso de canudinhos<br />

plásticos e a quase que imediata reação de algumas<br />

empresas propondo interessantes soluções<br />

alternativas, sempre é bom lembrar informações<br />

importantes a respeito dos procedimentos de<br />

descarte da madeira tratada, afinal, ela contém produtos<br />

químicos de classificações toxicológicas que merecem<br />

atenção. Nada contra, até porque a enorme maioria dos<br />

materiais utilizados pelo homem está sujeito aos devidos<br />

enquadramentos relacionados à sua destinação final. Importante<br />

destacar que o assunto é devidamente regulamentado<br />

através da Resolução Conama 307 e pela adoção da<br />

Pnrs (Política Nacional dos Resíduos Sólidos), importantes<br />

instrumentos que determinam os cuidados a respeito da<br />

disposição de todo e qualquer resíduo gerado, seja ele de<br />

qualquer natureza.<br />

No caso da madeira tratada, são definidos como resíduos<br />

desde pequenas peças resultantes de cortes e entalhes<br />

até peças removidas de forma permanente do seu uso original,<br />

como mourões de cercas, postes, dormentes, etc. Materiais<br />

ou produtos de madeira tratada quando reutilizados<br />

de forma consistente não são considerados como resíduos<br />

descartáveis. Ainda que no Brasil os volumes destinados às<br />

várias finalidades de uso não são tão expressivos, não significa<br />

que estamos isentos da atenção a respeito do tema<br />

relacionado aos padrões de destinação, lembrando que se<br />

observa atualmente forte tendência de crescimento desses<br />

volumes no setor da construção, onde as possibilidades de<br />

maior geração de resíduos se multiplicam.<br />

Foto: divulgação<br />

Primeiramente, as práticas de aquisição de peças sob<br />

medida devem ser evitadas a todo custo, pois, ajustes de<br />

medidas na obra geram resíduos, não sendo, portanto,<br />

recomendados. Por outro lado, quando inevitável, em<br />

qualquer situação deve-se buscar primeiramente qualquer<br />

possibilidade de reutilização de peças ou segmentos não<br />

utilizados ou retirados de serviço.<br />

Restos de mourões de cerca ou dormentes são muito<br />

valorizados na área do paisagismo, como cercados de pequenos<br />

jardins, degraus de escadas rústicas, demarcadores<br />

de terrenos, etc. Restos de postes de madeira tratada atendem<br />

perfeitamente a demanda por madeiras utilizadas nas<br />

construções de galpões rústicos, esticadores de cercas ou<br />

pequenos postes de sinalizações urbanas e rurais. São produtos<br />

de reuso bastante procurados, pois apresentam perspectiva<br />

de vida útil muito boa, além de material de baixo<br />

custo. Muitas vezes são considerados materiais decorativos<br />

com ótimo espaço no mercado. Restos de madeira tratada<br />

jamais devem ser utilizados para fogueiras, ou como lenha<br />

de fogões, lareiras, churrasqueiras ou equivalentes.<br />

A reciclagem é também altamente recomendada, envolvendo<br />

a transformação de madeira tratada retirada de<br />

serviço e transformada em outros produtos comercializáveis.<br />

Peças grandes, como postes, podem ser processados e<br />

transformados em pranchas ou tábuas destinadas a construções<br />

diversas, como réguas de decks, cercados ou pisos de<br />

passarelas de parques. No caso de grandes volumes, existe<br />

a possibilidade de transformação de restos de madeira tratada<br />

em cavacos ou partículas para a fabricação de painéis<br />

diversos, incluindo compósitos. A adoção de incineração<br />

em nível industrial é praticamente inacessível, mesmo em<br />

países onde os volumes são significativamente maiores que<br />

no Brasil. Uma solução alternativa e viável é o emprego de<br />

restos de madeira tratada para aproveitamento energético<br />

como substituto parcial de combustíveis em fornos ou caldeiras,<br />

com sistemas de controles de queima e emissões,<br />

prática bastante comum adotada por empresas produtoras<br />

de cimento.<br />

A destinação para aterros industriais (Classe II A – resíduos<br />

não inertes) ou para aterros industriais (Classe I - resíduos<br />

perigosos) é prática corrente e permitida desde que<br />

estejam devidamente licenciados pelos órgãos ambientais<br />

competentes e em sintonia com as legislações vigentes.<br />

Não podemos desprezar o fato de que a madeira traz<br />

em seu bojo a sua origem. É o único material construtivo fabricado<br />

pela própria natureza, a árvore, portanto, um recurso<br />

natural renovável e, dentro do seu ciclo de vida, contribui<br />

com a captação e sequestro de dióxido de carbono, um<br />

gás de efeito estufa. Medidas de destinação desse material<br />

tratado, quando inservível, estão longe da complexidade de<br />

muitos outros materiais alternativos utilizados em qualquer<br />

tipo de construção.<br />

12 referenciaindustrial.com.br AGOSTO <strong>2019</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!