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CAPRICHOS DE GOES

Diogo goes

Professor do Ensino Superior e Curador

A felicidade

acontece

agora

Não estejamos, por isso, à

espera de viver mais tarde

aquilo que temos oportunidade

de viver no presente, porque ao

não fazê-lo corremos o risco de

passarmos pela vida, sem nunca

a termos vivido.

No livro de André Comte-Sponville,

de 2001, intitulado «A Felicidade,

desesperadamente», na

sua tradução para Português,

esta fórmula de Woody Allen revela no seu

essencial que estamos separados da felicidade

pela nossa própria incapacidade de

nos libertarmos da nossa esperança, almejando

uma outra felicidade, talvez utópica,

sempre futura e sempre melhor do

que a do presente. Porque, como escreveu

Saint-Exúpery «o essencial é invisível

aos olhos». E com isso, não maximizamos

a experiência de fazer de cada momento

presente, instante de verdadeira felicidade

e não apenas um instante de banalidade,

aceitação e comodismo com o estado

das coisas e da nossa própria existência

enquanto seres humanos. Não olhamos o

essencial, enquanto não olharmos a face

do outro. E como dizia Platão, «de facto

quem não deseja ser feliz?» E custa tanto

perceber que a nossa felicidade, passa

necessariamente pela felicidade do outro.

A sabedoria, desta proposta e modelo de

felicidade, «seria viver de verdade, em vez

de esperar viver. Só teremos felicidade à

proporção da desesperança que seremos

capazes de atravessar. A sabedoria é isso

mesmo: a felicidade, desesperadamente.»

O autor conclui que, «não há sabedoria

que não seja alegria» e «não há alegria

que não seja de amar.». Vem isto a propósito,

do atual momento, das dificuldades

pandémicas e Dantescas que o mundo no

qual vivemos – nosso lar – se está defrontar.

No momento em que escrevo, cumpro

vinte dias sem sair de casa – irei continuar

– porque as instituições representativas,

que exercem a soberania num estado de

direito democrático – nas quais acredito

- assim apelaram coletivamente e depois,

assim o determinaram com a força da lei.

Porque o direito à vida, é um direito inviolável,

não porque apenas é uma premissa

inscrita na Constituição, mas porque é um

valor intrínseco, fundamental à existência

e à condição do Ser Humano, exercer

22 saber ABRIL 2020

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