Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O que é que gostava de ler quando era
pequena?
- Desde criança que gosto de livros, de ler.
Quando vim para o Funchal com 17 anos
(sou natural do concelho de São Vicente)
para estudar, lembro-me que passava na
igreja do Carmo e nas bibliotecas do Funchal
para ler histórias, romances, história
dos países... Eu sempre gostei muito de
História, tive sempre boas notas na disciplina
de História e acho que isso contribuiu
para a escrita de livros.
Como é que decorre o seu processo criativo
e sobre que temas gosta de escrever?
- Gosto muito de escrever sobre histórias
reais e de escrever para crianças. Convidam-me
para ir às escolas falar às crianças,
contar uma historiazinha e gosto muito. As
crianças de hoje não estão mentalizadas
para fazer bonecas de pano e essas coisas
do meu tempo, então, quando penso num
livro, vem-me à ideia a minha infância e momentos
que experienciei e outros de que
ouvi falar, como por exemplo: pessoas humildes
do campo que vinham ao Funchal,
a emigração para Jersey, a emigração para
o Brasil e para a Venezuela. No meu último
livro, Para Além do Sonho, num dos episódios
deste livro recordo um acidente de há
uns anos na Venezuela em que morreram
50 pessoas numa discoteca – dois primos
meus morreram nessa tragédia. Tenho
uma prima na Venezuela que leu o livro e
recordou o seu pai quando embarcou para
a Venezuela no tempo da guerra. No livro
Digo sempre que não
escrevo mais, que é
o último livro, mas
depois passa a ideia
e penso em coisas
novas
Vidas Dispersas falo dos repatriados e das
suas viagens em 1939, recordo o meu pai
e um outro rapaz da freguesia de São Vicente
que foram para a Venezuela que era
então uma terra muito rica. No meu primeiro
livro, em 2000, As Trincheiras da Vigia, é
um livro que fala de histórias da época que
ouvi da minha mãe e de outras pessoas de
então. Eu tinha nove anos quando a guerra
acabou e a minha mãe contava muitas
histórias, as quais nunca esqueci. Em 2000,
lancei o meu primeiro livro com o impulso
da saudosa Maria Aurora, que foi quem me
incentivou a avançar com o livro, bem como
o Dr. Alberto João Jardim. O mais difícil é começar
mas assim que comecei a escrever
livros, as pessoas gostaram dos livros e tem
sido assim. Fiquei viúva há 14 anos e desde
então, tenho me dedicado mais aos livros.
Como é que foi conceber Para Além do
Sonho, o seu mais recente trabalho literário?
- O título do livro não era para ser Para Além
do Sonho. Era para ter outro título. Eu queria
um título que fizesse uma referência às
emoções, já que é um livro que é dirigido às
emoções, mas a Isabel Fagundes, que releu
o livro antes de ser publicado, anuiu que
emoções todos os livros têm e que aqui
talvez fizesse mais sentido a palavra sonho
- é um livro que vai para além do sonho.
O prefácio foi do Dr. Alberto João Jardim
e isto por que o Dr. Alberto é uma pessoa
amiga de há alguns anos. Foi o responsável
pelo lançamento do meu primeiro livro, em
2000, livro esse que teve o apoio da Câmara
Municipal de São Vicente e patrocínio da
empresa Tecnibrava. Fui membro da Junta
de Freguesia de Santa Maria Maior durante
17 anos, vem daí este conhecimento. Este
livro está à venda e é um livro que os leitores
gostam, de uma forma geral. E gostam
porque tem histórias reais, por que fala de
situações reais e as pessoas gostam disso.
É de sonhos mas os sonhos acontecem e
realizam-se e, portanto, transmite essa
mensagem de ambição e de sermos sempre
um pouco melhor.
São documentos históricos os livros...
- Claro que sim! Os mais novos não sabem
o que se passou e então ficam os livros
para contar a história.
Apesar de escrever sobre o passado, a
Teresa não é uma pessoa nostálgica?
- Não. Escrevo de uma forma positiva. Nada
de saudade, não gosto disso. Falo sobre
histórias do passado sem aquela coisa da
nostalgia, de que o passado é que era bom.
Escreve de acordo com a nova grafia ou
na antiga grafia?
saber ABRIL 2020
5