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O
susto e o temor foram inevitáveis em todos os setores da
vida e de mercado. O devastador coronavírus foi, principalmente
nos primeiros meses em que a pandemia consolidou-se
no país, ou seja, de março a junho, sequestrando perspectivas
positivas e turvando o olhar para o futuro. O mercado
de seguros sentiu tudo isso, mas, resiliente como vem sendo nos
últimos anos e frente a outras crises econômicas, respondeu com
rapidez aos preocupantes sinais socioeconômicos desencadeados
pela Covid-19. O segmento de previdência privada aberta sentiu
o peso da pandemia logo no começo, ao presenciar um intenso
saque dos planos previdenciários, como a própria Federação Nacional
de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) reconhece. Os
resgates no acumulado deste ano registraram R$ 52,7 bilhões, um
crescimento de 10,7%.
Mas a recuperação está a caminho, como indicam dados
da FenaPrevi, que sinalizam uma retomada da captação líquida
da previdência aberta iniciada em maio. Em agosto, essa captação
foi de R$ 6,5 bilhões. Confirmando o viés de retomada, a alta em
contribuições deverá se manter até o final do ano. No mês anterior,
ou seja, em julho, os depósitos superaram os resgates em R$
6,8 bilhões. Um bom sinal, portanto. “Intuitivamente, diria que a
perda continuou ocorrendo quando olhamos para o volume de
resgates que permanecem ocorrendo. Quando temos resgates é
perda de fato para o mercado porque indica que o investidor está
tirando dinheiro da previdência para cobrir outras necessidades.
No entanto, já começamos a observar um movimento de procura
por previdência. Esse aumento na procura parte tanto das pessoas
como das empresas. A perda verificada até aqui não será recuperada
rapidamente. Levará tempo, mas virá e será consistente”,
analisa o gerente nacional de Previdência na Seguros Unimed, Luiz
Sacchetto.
Como analisa o diretor da Bradesco Vida e Previdência, Jair
Lacerda, é preciso, contudo, entender que os resgates ocorridos
nesse momento tão delicado da economia brasileira e mundial só
reforçam o papel estabilizador da previdência complementar, pois
muitas famílias estão suportando adversidades e sustentando seus
compromissos com esses recursos: “Por isso, na maioria dos casos,
tivemos resgates parciais, e não cancelamento dos planos. Acreditamos
que, superado esse momento, as contribuições retornarão,
e todos ainda terão na memória a importância de se estar sempre
preparado e de como a previdência é a melhor forma de fazer uma
reserva para o futuro e para os momentos de incerteza.”
Para o diretor de Previdência da Icatu Seguros, Henrique
Diniz, a pandemia alertou para a importância de se contar com
reservas capazes de minimizar os riscos existentes. “Percebemos
menos resgates do se esperava, o que mostra que o cliente de
previdência foi resiliente e tem consciência da importância dos
investimentos com retorno de longo prazo”, destaca ele, para assinalar
em seguida que as aplicações em fundos previdenciários,
inclusive, já estão positivas novamente, recuperando-se mais rapidamente
que fundos semelhantes de investimentos abertos. “Os
JAIR LACERDA,
da Bradesco
fundos varejo tiveram aplicações mínimas
reduzidas para R$ 100 mensais ou
aportes de R$ 1 mil. Para os fundos qualificados,
as aplicações mínimas foram de
R$ 500 mensais ou aportes de R$ 5 mil".
Especialista de previdência da Órama
Investimentos, Tatiane Porto corrobora
os indicadores da FenaPrevi. Para ela, já
é possível identificar no segundo trimestre
uma retomada no volume de captação
e uma estabilização nos números de resgates.
A captação líquida de maio, junho
e julho foi 200% maior do que a captação
do período de janeiro até abril deste ano
— ressalta Tatiane —, indicando que aos
poucos a indústria vem se recuperando
dos resultados causados pela pandemia.
“Mesmo com a recuperação gradual é
possível observar os impactos sofridos
pelo mercado em 2020. De janeiro a julho,
a captação líquida foi de R$ 18,4 bi,
indicando redução de 31,4% em relação
ao obtido em igual período de 2019”, frisa
a especialista.
Sócia-fundadora do Petraroli Advogados
e especialista em previdência,
Ana Rita Petraroli ressalta ser “temerário”
delimitar um único percentual, seja ele de
alta ou de queda, para o desempenho do
segmento no período de pandemia, por
serem as carteiras dos fundos dos planos
de previdência privada compostas
por ativos e perfis de risco diversos. “Nos
primeiros meses de 2020, os mercados
financeiros passaram pelo maior teste de
estresse dos últimos 90 anos. As quedas
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