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Revista Apólice #260

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LONGEVIDADE

PREVIDÊNCIA

HENRIQUE DINIZ,

da Icatu

em todas as classes de ativos testaram

a paciência e a resiliência dos investidores,

portanto os resultados dos planos

de previdência também sofreram as suas

consequências. Atualmente, ainda que

de forma tímida, o mercado está se recuperando.

A oscilação no valor dos ativos

é algo fundamental nos investimentos,

pois é essa volatilidade que gera as oportunidades

de ganho aos participantes

dos planos de previdência privada a médio

e longo prazo”, analisa a advogada.

A verdade é que o setor de previdência

privada no país já vinha se deparando

com vários desafios antes mesmo

de a pandemia chegar por aqui e ampliar

os índices de desemprego, reduzindo

drasticamente a renda de quem mantém

plano de benefícios. Não houve alternativa

para o investidor a não ser sacar ou

mesmo extinguir seu plano de previdência

para manter-se durante a pandemia.

Recuperar patamares anteriores de crescimento

do segmento não será fácil. Mas

especialistas e empresas enxergam luz

no fim do estreito túnel após as lições

apreendidas com a covid-19. A primeira

destas lições diz respeito à realidade dos

planos de previdência que terão de conviver

com taxas de juros mais baixas.

Didaticamente, Ana Rita Petraroli

ressalta que a taxa de juros real é a

diferença entre o rendimento nominal

do plano e a inflação, descontados também

os custos do plano. Nesse sentido,

endossa a advogada, com taxas de juros

mais baixas, recomenda-se uma revisão do plano de previdência

privada, o que deve ocorrer sempre com a máxima observação

do direito de informação dos participantes: “É necessário que

fique evidenciada a necessidade deste ajustamento, porque o

equilíbrio é a principal característica da segurança da previdência.

Basta acompanhar o que acontece com a previdência pública

e seus descontroles. O mesmo não pode ser admitido na previdência

privada.”

Como recomenda Sacchetto, é preciso, todavia, observar

duas perspectivas para avaliar a situação dos planos de previdência

em meio a taxas de juros mais baixas A primeira delas é a combinação

entre rentabilidade e impacto fiscal. O executivo da Seguros Unimed

explica que, com taxas de juros mais baixas, não dá mais para

contemplar apenas a rentabilidade. “É essencial olharmos também

o impacto fiscal nos investimentos. Enquanto nos fundos tradicionais

de renda fixa há o come-cotas (antecipação do pagamento de

IR nos meses de maio e novembro), nos fundos de previdência isso

não ocorre. Como o investidor de previdência pagará IR apenas no

momento do resgate, tem vantagem em relação aos fundos tradicionais

porque obterá maior valor de rendimento sobre o montante

do imposto que não foi retido antecipadamente como ocorre no

come-cotas. A longo prazo, representa uma vantagem considerável”,

discorre o executivo da Seguros Unimed.

A outra perspectiva mencionada por Sacchetto é a redução

da alíquota de IR que incidirá sobre os resgates. “Nos fundos tradicionais

de renda fixa a alíquota mínima de IR pode chegar a 15%,

enquanto nos fundos de previdência pode chegar a 10%. Em um

ambiente de taxas de juros muito baixas — que, inclusive, vieram

para ficar —, essas duas perspectivas precisam ser levadas em consideração

na hora de investir”, ressalta o executivo, lembrando a

questão da taxa de administração, tema muito debatido e que passou

a ter um impacto na rentabilidade dos fundos de toda a indústria

e não apenas na previdência. “Mas o impacto ocorreu, de fato,

nos fundos indexados ao CDI. Se o CDI está na casa de 2% ao ano

e o fundo indexado tem taxa de administração de, digamos, 1%

ao ano, o impacto é grande. Agora, para fundos com uma carteira

diversificada de investimentos e uma gestão sofisticada, a taxa de

administração perde um pouco a importância como critério de decisão.

O importante na decisão para investimentos em previdência

não deve considerar exclusivamente a taxa de administração. Aliás,

a taxa de administração deveria ser um dos últimos critérios. O que

conta mesmo é a qualidade da gestão e a rentabilidade do fundo

no longo prazo.”

Tatiane Porto pondera, entretanto, que a previdência aberta

passou por muitas mudanças “bem positivas” nos últimos anos e

que, atualmente, o produto possui outra pegada, muito mais flexível

e dinâmica em termos de alocação de ativos. “Também tivemos

uma grande entrada de gestoras independentes no mercado

e tudo isso colaborou para um portfólio mais amplo e diverso, que

oferece boas oportunidades para os investidores mesmo com a redução

da taxa básica. Nesse momento, os investidores precisam

explorar outras possibilidades além do CDI e aproveitar o fato de

que a previdência é um investimento de longo prazo para tomar

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