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COLUNA<br />
COM A PALAVRA, O MERCADO!<br />
OS IMPACTOS DA PANDEMIA TÊM SIDO DESIGUAIS PARA A POPULAÇÃO E PARA AS<br />
DIFERENTES REGIÕES DO PLANETA<br />
Flavio C. Geraldo<br />
FG4 MAD - Consultoria em Madeira<br />
Contato: flavio@fg4mad.com.br<br />
U<br />
m interessante estudo conduzido pela empresa<br />
de consultoria McKinsey & Company publicado<br />
em 17 de março, intitulado: The consumer<br />
demand recovery and lasting effects<br />
of Covid-19; reforça o sentimento de choque<br />
sem precedentes causado pela pandemia, que trouxe<br />
drásticas mudanças de hábitos nos mercados de consumo<br />
ao redor do mundo. O fluxo financeiro promovido pelos<br />
consumidores simplesmente colapsou na primeira onda<br />
da pandemia, no início do ano passado. Tudo ocorreu de<br />
forma muito repentina, forçando os consumidores a significativas<br />
mudanças comportamentais. Modelos de negócios<br />
foram transformados e governos precisaram ajustar suas<br />
regulamentações.<br />
Os impactos têm sido desiguais para a população e<br />
para as diferentes regiões do planeta. Aqueles que mantiveram<br />
seus empregos, conseguindo trabalhar em regime<br />
de home office, garantiram seus rendimentos e ainda<br />
puderam reforçar a poupança, pois reduziram as despesas<br />
com viagens, passeios, idas a bares e restaurantes,<br />
combustível, etc. Há também aqueles que perderam seus<br />
empregos, mas não se viram livres de suas despesas obrigatórias<br />
cotidianas.<br />
Os desafios para a condução dos negócios locais<br />
e globais estão voltados exatamente para os impactos<br />
econômicos desiguais, que exigem a identificação de<br />
oportunidades em seus planejamentos, considerando uma<br />
maior distinção dos mercados e categorias de produtos. As<br />
habilidades relacionadas à rápida ambientação em novos<br />
modelos de negócios, assim como aos conhecimentos<br />
sobre segmentação e competitividade, temperados com<br />
boa dose de inovação, nunca foram tão necessárias para as<br />
ofertas de produtos e serviços. É oportuno lembrar que, ao<br />
contrário de outras crises econômicas mundiais, cujo cenário<br />
para recuperação era muito lento, no caso da Covid-19,<br />
Foto: divulgação<br />
pelo menos para alguns segmentos da economia, a recuperação<br />
pós-pandemia será quase que imediata.<br />
Para ilustrar um pouco dessa nova realidade e colocando<br />
o foco no mundo madeireiro, vale mencionar alguns<br />
registros ilustrativos ocorridos nos EUA (Estados Unidos<br />
da América). Ainda que sejam casos pontuais, parecem<br />
retratar a atual realidade no que se refere ao mercado de<br />
madeiras para construção do país.<br />
O canal de televisão News Channel 3, emissora do estado<br />
do Michigan afiliada à CBS, mostrou que na localidade,<br />
assim como em outras partes do país, há uma escassez de<br />
madeira serrada tratada, o que fez com que empreiteiros<br />
e proprietários de edificações em reforma ou construção<br />
ficassem em uma situação difícil. Após consulta a 15 diferentes<br />
lojas de materiais de construção (nos EUA, a madeira<br />
tratada é comercializada em grandes comércios desse<br />
tipo), a informação era de que os estoques estavam muito<br />
baixos ou inexistentes.<br />
Temos, nesse caso, uma clássica situação de baixa oferta<br />
e alta demanda, relacionada diretamente aos impactos<br />
causados pela pandemia. De um lado, os produtores de<br />
madeira serrada tratada reduziram drasticamente a produção<br />
devido às restrições de trabalho. Do outro, os altos<br />
níveis de inatividade por parte da população em geral<br />
deixaram os proprietários com mais tempo disponível para<br />
executarem novos projetos de construção ou reformas.<br />
Outro exemplo: no noroeste norte-americano, região<br />
de forte tradição madeireira, o jornal Capital Press também<br />
alertou a respeito da escassez de madeira. Segundo<br />
a publicação, há um aumento na demanda por madeiras,<br />
especialmente pela necessidade de reformas em imóveis<br />
que sofreram com os devastadores incêndios florestais<br />
ocorridos no ano passado. Somado a isso, tem-se uma<br />
severa escassez no suprimento de madeira serrada devido<br />
à desaceleração significativa na produção em atendimento<br />
aos protocolos de segurança das indústrias.<br />
Essas ocorrências aumentam significativamente o apetite<br />
dos EUA por madeiras, reforçando ainda mais as bases<br />
dos negócios de exportação desse produto do Brasil para<br />
aquele país. Só no Estado do Oregon há registros de perdas<br />
de centenas de milhões de árvores produtivas. Entre<br />
abril e setembro de 2020, a NAHB (National Association of<br />
Home Builders) registrou que os preços da madeira subiram<br />
mais de 170% no estado.<br />
No Brasil, não se tem registros divulgados sobre a queda<br />
na produção e aumento na demanda pelo setor industrial.<br />
Há indícios de que no setor de proteção de madeiras<br />
não houve variações significativas, provavelmente pelo fato<br />
desse mercado estar predominantemente voltado ao meio<br />
rural, onde os impactos da pandemia são menos visíveis.<br />
12 referenciaindustrial.com.br ABRIL 2021