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Antologia Encontro Literário

Poesias, contos e crônicas

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MARCOS COSTA FILHO (ORG.)

Esquelética, alta, cabelos brancos pintados de louro ou louro pintados

de branco. Não sei. As rugas do seu rosto são salientadas pelo excesso de

maquiagem.

– Puxa! Você ainda está aí? Já são 22h30min e já foram todos embora!

Vai ficar sozinha? Tem medo? Quer que fique mais um pouco com você? –

pergunta ela ao deparar-se comigo na rua.

– Não, Dona L. Pode ir tranquila. Meu pai já deve estar chegando.

Obrigada mesmo assim. – disse para tranquilizá-la, mas estava com medo

de ficar só.

Dona L. vai em direção ao seu Fusca que a espera em frente da escadaria

do prédio. É o último veículo a sair.

O luar está lindo, mas amedrontador. Céu preto tendo ao centro aquela

lua enorme e muito brilhante que clareia mais ainda o granito branco da

escadaria. Fico ali me sentindo como o centro das atenções: iluminada pelo

luar, numa escadaria branca e rodeada de escuridão e silêncio por todos

os lados. Centro das atenções de quem? Não há pessoas na rua e nem

veículos!

– Só falta o J.M. aparecer aqui. Vou falar para ele: “SENTA J.M.!

SENTA!”. Vamos ficar batendo papo prá passar a hora mais rapidamente!

(O que o medo faz a gente pensar!).

O tempo continua passando. Escuto vozes e risadas. É um grupo de

rapazes que se aproxima da escola, caminhando pelo meio da rua. Vêm

rindo, gritando, chutando as lixeiras e derrubando os lixos nas calçadas.

– Tomara que não me vejam. Agora não dá mais tempo de sair desta

claridade e ir para um canto mais escuro. Eles vão perceber que estou me

escondendo. – penso apavorada.

O grupo passa olhando-me. Murmuram como se estivessem

combinando algo.

– Será que vão me assaltar?

Continuam caminhando até a esquina, onde termina o prédio da escola.

Ali ficam parados por uns dez minutos, olhando para mim e conversando.

– Estou “fu...”! Eles vão vir para cá. Tenho certeza. O que posso fazer?

Para onde vou? Será que dá tempo de sair daqui e caminhar até a esquina

oposta sem chamar a atenção deles? Paizinho, onde o senhor está? Será que

se esqueceu de buscar sua filhinha querida na escola?

Ao terminar esse pensamento, escuto um barulho de carro que passa

na esquina.

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