10.08.2021 Views

Antologia Encontro Literário

Poesias, contos e crônicas

Poesias, contos e crônicas

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

DANIEL COSTA DOS SANTOS

A luz, que denunciava uma atmosfera de entardecer naquele ambiente,

pousou sobre o nosso entorno colocando em relevo aquela dócil menina,

quando então conseguimos vê-la com nitidez. A cor do seu vestido não

era creme, mas sim um branco cintilante, e seus sapatos eram negros.

Suas meias eram brancas e percebemos que ela usava brincos com pedras

que lembravam safiras, detalhe este que não havíamos percebido na foto.

Ver aquela menina moveu em nós diversos sentimentos, do espanto ao

encanto, da incredulidade ao enlevo. Aquela menina era linda. Seus olhos

castanhos brilhavam e sua expressão externava amor. A minha irmã e eu

quase não respirávamos.

Face a face conosco ela não escondia a sua curiosidade. Ela tocou

e acariciou demoradamente a face da minha irmã, explorando seus

contornos, mirando cada singularidade. Tateou seus cabelos e cheirouos

com carinho. O olhar daquela menina, compenetrado e profundo

tamanho o seu envolvimento com aquele momento, então fixou-se no

olhar da minha irmã. Nesta sideral conexão, suas almas se encontraram.

Certamente a menina estava vivendo cada ato daquela experiência.

Após aquele encontro, ela voltou-se para mim e repetiu os mesmos

movimentos, deslizando sua delicada mão sobre a minha face. Olhava

atentamente cada sutileza, cada detalhe. Afagou os meus cabelos, alcançou

as minhas mãos e observou-as demoradamente. Buscou o meu olhar para

que transcendêssemos e conectássemos as nossas almas. E assim, nos

encontramos.

A menina sorria, emocionava-se. Seus olhos se alternavam entre o

marejado e o brilho intenso. Visivelmente ela estava sob um redemoinho

de emoções. Neste surreal encontro, ficou claro que ela queria nos

conhecer, desejava nos sentir. Então ela arqueou o seu franzino corpo

sobre nós, que estávamos sentados lado a lado, e abraçou-nos de uma

forma tão arrebatadora que nós não contivemos nossas lágrimas. Seus

braços não eram longos, mas o seu abraço foi enorme, envolvendo-nos

completamente. Sentir o seu calor foi algo inimaginável e, por fim, ela

beijou-nos e despediu-se com um olhar de felicidade e carinho.

Em sua partida, todo aquele cenário onírico que havia emergido

em torno de nós se desfez tão rapidamente que nos deixou ainda mais

atordoados e ofegantes. Quando nos demos por recuperados, vimos o

álbum em nossa frente aberto na mesma página. Lá estava a fotografia

das meninas, lá estavam elas, as quatro. A pose da “nossa” menina era a

171

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!