Antologia Encontro Literário
Poesias, contos e crônicas
Poesias, contos e crônicas
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MARCOS COSTA FILHO
VIAGEM SEM RETORNO
A gare da estação do tempo está lotada. Recém chegou o trem do Ano
Velho. Não fosse tudo automático e não seria possível a continuação da
viagem logo em seguida. Não há tempo a ser perdido, mesmo porque,
é impossível, dado que, o trem do tempo está apenas a um minuto de
mudar de placa indicativa do seguimento da viagem. É incrível como, com
tanto alvoroço, todos se entendem e buscam seus lugares na alegria de
viver tal momento. Há uma pressa sem ser notada, muito acomodada em
cada viajante, qual seja, a de dar início à nova viagem. Há música, fogos,
festas, comemorações, uma alegria esfuziante que parece não ter limite e se
expande pelo espocar dos espumantes ao saltar longe suas rolhas. Luzes,
cores, o quadro do momento libera sentimentos muitas vezes trancafiados
por algum tempo e ora encontra o ponto certo para sua liberação. Então,
ocorrem os abraços realmente fraternos, os beijos totalmente sinceros, os
amores que se soltam nos palpitantes corações que até parecem acertarem
os batimentos e há os uníssonos convergindo para reencontros de vidas
com promessas de futuro.
Ninguém orienta, não há regras, os fatos vão ocorrendo e os viajantes
em seus anseios muitas vezes se julgam a andar pelas nuvens como se
lhes fosse permitido levitar como os anjos, mesmo porque, no momento
parece a felicidade ter somente o céu como limite. Não há uma explicação
de o porquê da expectativa do Ano Novo se insere em cada vivente e o
transforma. São esquecidas algumas rusgas um pouco antigas, e a vibração
do novo tempo que se espera ser bem melhor de ser vivido se sobrepõe a
qualquer resquício de pessimismo.
Os clarões dos fogos de artifício chegam ao máximo. A euforia e a
alegria estouram com exuberância. É chegado o instante do início da nova
viagem. A placa indicativa no alto do trem alerta: ANO NOVO. Parece
que lentamente inicia-se o novo trajeto de vida, porém, mais depressa do
que se pode notar, o comboio já está rolando célere nos trilhos da vida e
cada um vai se acomodando no seu lugar que o Destino, embora de todos
despercebido, é o severo chefe deste expresso, e, sem que ninguém note,
sai a cobrar a cada passageiro a diminuição de seu tempo neste comboio
terráqueo.
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