Antologia Encontro Literário
Poesias, contos e crônicas
Poesias, contos e crônicas
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MARCOS COSTA FILHO (ORG.)
O VENTO QUE MOVE A VIDA
Francisco e Candinha eram namorados, juntos construíram castelos
de um futuro feliz, lado a lado. Ela queria uma casa simples, rodeada por
um jardim cheio de roseiras com flores perfumadas de todas as cores e com
muitas crianças correndo, pulando, fazendo algazarra. Mas o sonho dele
era outro. Ele queria ter melhores condições de vida, não queria viver para
sempre naquele lugarejo pacato, em situação quase precária, trabalhando
de sol a sol, com as mãos cheias de calos.
Até que contrariando a vontade de Candinha, numa manhã gelada de
inverno, seguindo em busca de um destino melhor, ele partiu, pedindo que
ela o esperasse, deixando-a com o coração num vendaval de tristeza.
Na cidade grande, trabalhou como auxiliar de pedreiro. Os sacrifícios,
os cansaços eram semelhantes aos que ele vivia em sua terra, fazendo com
que lhe batesse o vento do desânimo e uma imensa vontade de voltar, mas
pensava consigo mesmo, que voltar era um sinal de derrota e derrotado
ele não voltaria. E continuou na luta, até que o vento da sorte lhe sorriu,
quando comprou um bilhete de loteria e quando o conferiu, descobriu que
estava premiado.
Com toda a “dinheirama” na mão, não lembrou mais de Candinha
nem de outro qualquer familiar. Começou a gastar sem controle com
luxos, noitadas, mulheres, amigos e a namorada ficou no passado.
Assim como a velocidade do vento, o tempo foi correndo e Francisco
já envelhecido, sem dinheiro, lembrou de Candinha e resolveu voltar. Ao
chegar em sua terra, encontrou tudo mudado e descobriu que o vento
de um novo amor soprou na vida de sua namorada e que a chance de
felicidade se foi com o vento.
Olhou para a gigantesca estrada à sua frente e resolveu partir, dessa vez,
sem choro, sem lenço acenando, apenas as árvores com o movimento de
seus galhos pareciam dizer-lhe adeus. E sem olhar para trás se foi, como
folha varrida pelo vento, até se perder na imensidão do mundo,
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