Antologia Encontro Literário
Poesias, contos e crônicas
Poesias, contos e crônicas
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MARIA ISLAIR DUARTE LAGES
De mãos dadas com as lembranças, usando seu o vestido mais bonito e
uma rosa vermelha no cabelo, toda perfumada, a cada entardecer, dirigiase
para a estação com o coração agitado, se perguntando se aquele dia
seria “o grande dia da volta”. Surgiu o comentário que José Inácio havia se
casado com a filha de um comerciante sócio de seu pai, mas ninguém teve
coragem de contar para ela, preferiram deixá-la na ilusão e na constante
espera.
Marina passou a se dedicar a todos ao seu redor. Cuidou da mãe até
a morte, dos irmãos, das cunhadas, dos sobrinhos, até da vizinhança, que
quando nos momentos de precisão, apelavam para o seu coração generoso.
Muitos anos transcorreram, os cabelos se transformaram num branco véu
envolvendo seu rosto, leito de muitos riachos, onde passaram correntezas
de lágrimas que só o sol escaldante do tempo foi capaz de secar.
Mas ela, vivendo entre a razão e o imaginário, não perdeu o costume:
todos os dias quando a tarde cai, é vista em seu local preferido, amparada
pela bengala, rosa vermelha nos cabelos, olhar ansioso, fitando a estrada
de ferro, onde o trem há muito não passa, esperando que seu amado
desembarque na Velha Estação.
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