Antologia Encontro Literário
Poesias, contos e crônicas
Poesias, contos e crônicas
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MARCOS COSTA FILHO
UM OPERÁRIO DE ESCOL
Marcos Costa, meu Pai, tinha a alcunha de Marquito, pela qual, era
conhecidíssimo não só pela legião de colegas ferroviários, bem como,
pelo amplo número de pessoas que o conhecia. Trabalhou nas oficinas da
Viação Férrea, na cidade do Rio Grande, até sua aposentadoria. Sempre foi
reverenciado pela excelência do seu trabalho, e de seu caráter. Um operário
de ESCOL.
Sua carreira de conhecimentos profissionais começou quando aos
dezessete anos de idade entrou para a Marinha Mercante e esteve embarcado
no navio de nome Sabará, que era arrendado por uma companhia de
navegação francesa. Conheceu várias cidades de Países da Europeus e
também esteve nos Estados Unidos da América. Dado a nacionalidade
da empresa do Sabará, quando havia necessidade de reparos, o navio ia ao
dique seco em “ Marselle”, na França. Com isto, aprendeu a falar francês,
no dia a dia, pois certa vez esteve por vários meses em Marselle.
Como era dedicado, o chefe de máquinas, setor em que trabalhava,
simpatizou com Ele e quando o navio estava em reparos, precisava a
manutenção das máquinas e às vezes convidava meu Pai para trabalhar,
mesmo em horário de folga. Ele aceitava e deixava de sair com o grupo
para os passeios e diversões que a juventude requeria. Nessas ocasiões,
tornou-se um aprendiz de primeira. O chefe não tinha preguiça em passar
para Ele, digamos, muitos “segredos” da profissão. Naquele tempo, o
Sabará, movido a vapor, fazia o percurso Europa – América em trinta dias
com um horizonte de somente céu e mar. Por isso, se fazia necessário o
conhecimento para sanar qualquer problema daquelas máquinas quando
estivessem em pleno oceano.
Quando desembarcou, porque minha avó tinha ficado viúva e havia
necessidade de Ele assumir de perto o rumo da família, retornou a Rio
Grande. Empregou-se numa oficina que tenho lembrança de falar ser um
estaleiro, Maneca Martins, ou Plano Inclinado, que ficava na vizinhança
do Clube Regatas Rio Grande. Dessa época lembro de contar um fato
seguinte: certo dia, viu no dique seco, uma lancha e perguntou o que havia
com ela. – Está para que seja fundida uma nova hélice, um pouco maior,
porque com a dela, muito pequena, ela anda devagar. – Olha, disse meu
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