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Antologia Encontro Literário

Poesias, contos e crônicas

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MARCOS COSTA FILHO (ORG.)

O BALÉ PLUVIAL

Que manhã molhada!... Vejo da janela do meu pequeno local de

trabalho os pingos de chuva de encontro às lajotas a fazer uma dança. Um

complicado, mas verdadeiro balé. Ponho atenção. Sinto um ritmado que

me parecem compassos cheios de semifusas, dado a rapidez como ocorre,

para poder dar este som, no qual não percebo uma nota em destaque.

Em seguida, a água caída vai rápida correndo para o ralo. Escoa-se. Parece

personagem que já cumpriu sua parte no todo e precisa deixar o palco.

As plantas no jardim e nos vasos parecem aplaudir, com o abano de suas

folhas ao sabor do vento, que por sua vez dá mostra de não ter pressa e é

lento, a se mostrarem alegres pela parte que a chuva lhes proporciona para

sua vitalidade. Em determinado momento: “pianíssimo”! Sinto como que

haverá uma pausa logo a seguir. Não há mais som. Pelo menos ao alcance de

minha capacidade de audição. Mas, sei que ainda chove, porque pontinhos

se mostram nos impactos com o chão, aqui e ali. Ficou um pouco assim.

Alguns minutos. O som retorna. Com a volta dele, vejo novamente o

balé. Bem depressa de retorno ao palco. Penso que o momento anterior

foi para troca de personagens. Segue o som agora bem audível. Volto a ver

os pontos dançantes a fazerem na lajota verdadeiras evoluções. E, agora

são mais intensos a variarem os locais da queda. Imagino ser, por exemplo,

o segundo movimento, o segundo ato. Não sei até quando esse balé vai

continuar. Sei, porém, que devo retornar aos meus afazeres, pois estar a

apreciar este concerto implica em colocar à disposição dele um pouco do

meu tempo, que poderá ser muito, caso a Divina autoria resolva compor

este pluvial balé em muitos e muitos atos. Mas, dou graças a Ele por

permitir que eu esteja aqui, ainda, a apreciar Sua obra.

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