Reportagem Destaque O futuro <strong>dos</strong> pneus agrícolas O PNEU AGRÍCOLA DO FUTURO SERÁ SUSTENTÁVEL, RESISTENTE, COM PROPRIEDADES AVANÇADAS, CADA VEZ MAIS PRODUTIVAS, E CADA VEZ MAIS TECNOLÓGICAS, BEM COMO EM PERFEITA SIMBIOSE E COMUNICAÇÃO COM A MÁQUINA QUE O EQUIPA O setor passou de uma produção massivamente convencional para soluções radiais que se revelaram revolucionárias na agricultura. A tecnologia convencional <strong>dos</strong> pneus alcançou um elevado nível de fiabilidade e desempenho. No entanto, os pneus convencionais não foram e não conseguem competir com o desempenho <strong>dos</strong> pneus radiais em termos de conforto, desgaste e impacto reduzido no terreno. A segunda grande revolução ocorreu com a introdução de baixas pressões, bem como materiais especiais e processos produtivos. Estes pneus são produtos completamente diferentes <strong>dos</strong> anteriores. Em apenas vinte anos tudo mudou e certamente o design <strong>dos</strong> pneus agrícolas não vai ficar por aqui. As máquinas são cada vez mais potentes e pesadas, mas ao mesmo tempo, precisam de ser cada vez mais delicadas com o terreno, para prevenir a sua compactação, e conservar a saúde <strong>dos</strong> solos. Tudo isto representa um desafio para o design do pneu do futuro. MAIS POLIVALENTES Os pneus agrícolas vão evoluir sobretudo para se tornarem o mais polivalentes possível. Cada vez mais as máquinas fazem uma multiplicidade de trabalhos, to<strong>dos</strong> eles com características diferentes. Um trator tanto pode estar a lavrar um terreno pela manhã, como de tarde pode fazer um trabalho de transporte por estrada. Dois outros aspetos de muita relevância são a máxima eficiência no seu desempenho - os pneus cada vez mais têm de estar prepara<strong>dos</strong> para trabalhos intensivos realiza<strong>dos</strong> por máquinas que cada vez têm mais potência - e a proteção <strong>dos</strong> solos, com a utilização de pneus com tecnologia de alta flexibilidade (VF) desenvolvi<strong>dos</strong> para suportar as mesmas cargas, mas com pressão de ar reduzida. Os pneus agrícolas continuarão a evoluir no sentido em que têm vindo a evoluir ultimamente, dando cada vez mais importância ao meio ambiente; hoje temos pneus que podem circular com menos de 1 bar de pressão, para poderem alargar a sua pegada, diminuindo a pressão que exercem nos solos, e consequentemente, a compactação <strong>dos</strong> mesmos e a destruição das culturas. Estes pneus exigem uma tecnologia muito desenvolvida, para poderem fletir as suas paredes laterais sem se danificarem. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL As tendências <strong>dos</strong> pneus agrícolas estão de acordo com as tendências atuais, que são todas sobre o desenvolvimento sustentável, ou seja, para não comprometer os recursos e as possibilidades das gerações futuras. Assistimos a tendências importantes que estão a motivar a agricultura para uma grande mudança, como a procura de eficiência de produção, o impacto climático zero, o desenvolvimento tecnológico <strong>dos</strong> meios. Os grandes fabricantes de maquinaria agrícola estão, de facto, a incluir a sustentabilidade em to<strong>dos</strong> os processos produtivos, como deveria ser. À nossa frente há uma nova geração de veículos: a condução autónoma, elétrica, alimentada por fontes de energia alternativas. Aqueles que produzirem tratores no futuro, em conformidade com os princípios indica<strong>dos</strong> pela sustentabilidade, terão necessariamente de ter em conta to<strong>dos</strong> os componentes, incluindo os pneus, que devem contribuir para a prossecução do mesmo objetivo virtuoso, ou seja, não prejudicar o ambiente e o homem que aí vive. É por isso que a indústria <strong>dos</strong> pneus está a adaptar-se a um ritmo muito acelerado para o novo cenário, em termos de investigação. A sustentabilidade abrange também os processos produtivos <strong>dos</strong> fabricantes com o objetivo final de desenvolver produtos duradouros, ou seja, pneus não só resistentes, mas que também respeitem o solo. Um aspeto sustentável importante relacionado com os produtos é o seu desempenho: de facto, um pneu que dure mais tempo não precisa de ser substituído com frequência e isso tem um efeito positivo na eficiência e no ambiente. Vários fabricantes estão já a substituir gradualmente o uso de borracha natural por dente-de-leão, uma planta que produz uma substância semelhante à borracha natural, mas ao contrário da árvore de borracha, requer um território e clima menos específicos, pois cresce em todo o lado. Além disso, investiga-se também a possibilidade de introduzir fibras vegetais nos materiais de composição, como a nanocelulose e as nanoargilas. Utilizando estes materiais consegue-se melhorar as propriedades <strong>dos</strong> componentes. Está igualmente em fase de teste a utilização de celulose natural, muito abundante na natureza, bem como de grafeno e de nanosílica, ambos com capacidade para melhorar de forma significativa os desempenhos <strong>dos</strong> pneus. Estão igualmente a ser desenvolvidas novas misturas de alta resistência cut&chip, ou seja, resistentes a cortes e abrasão, além de misturas ultrarresistentes ao calor, com capacidade para suportar grandes cargas e, ao mesmo tempo, manter um ótimo TKPH, ou seja, a razão média entre o peso transportado pela máquina e os km/h. Para não danificar um terreno que precisa de dar o maior rendimento possível, respeitando os parâmetros da sustentabilidade, são necessários pneus que se ajustem aos terrenos e aos trabalhos efetua<strong>dos</strong> pelas máquinas e que contribuam para reduzir a compactação do solo. FUTURO COM MUDANÇAS Haverá certamente mudanças. Fruto do desenvolvimento e da implementação de novas tecnologias, à semelhança do que se regista em outros segmentos do mercado de pneus, os pneus agrícolas também conhecerão novos tipos de produto que permitirão responder às novas necessidades que possam surgir por parte <strong>dos</strong> utilizadores das máquinas e <strong>dos</strong> tipos de trabalho para os quais serão utiliza<strong>dos</strong>. Em alguns casos, a utilização da roda no sentido tradicional, tal e qual como a conhecemos desde sempre poderá sofrer uma transformação, isto é, temos já assistido, por parte <strong>dos</strong> fabricantes de máquinas, à conceção e utilização, por exemplo, de lagartas de borracha em alguns tipos de máquinas agrícolas. Isto permite desde logo um maior contacto com a superfície do solo, traduzindo-se num impacto significativamente menor, porque a força imprimida neste será substancialmente mais distribuída pela superfície de contacto. u 24 | <strong>Revista</strong> <strong>dos</strong> <strong>Pneus</strong> | Setembro 2021
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