23.09.2022 Views

edição de 26 de setembro de 2022

  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Roberto Jayme/ Divulgação/ TSE<br />

também distribuiu muitas fake news”,<br />

exemplifica Juliana Fratini.<br />

JovEm<br />

Conectados, jovens <strong>de</strong> 16 a 24 anos<br />

pouco assistem TV. Mas a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>quação vai além da sintonia <strong>de</strong> meios.<br />

As novas gerações trazem uma percepção<br />

diferente da política. Com base em estudos<br />

netnográficos, o professor Gabriel<br />

Rossi, da ESPM, revela que o jovem não<br />

enxerga a política <strong>de</strong> forma institucional<br />

e pré-moldada. “As campanhas estão cometendo<br />

um equívoco ao insistirem no<br />

mo<strong>de</strong>lo partidário. A melhor forma é colocar<br />

o próprio jovem para falar”, esclarece<br />

Rossi. Nesse sentido, a campanha <strong>de</strong> Ciro<br />

Gomes acertou “ao abordar a dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> acesso ao ensino superior e emprego”,<br />

<strong>de</strong>talha o professor.<br />

Segundo a Justiça Eleitoral, 2.116.781 jovens<br />

entre 16 e 17 anos emitiram o primeiro<br />

título <strong>de</strong> eleitor neste ano. A representativida<strong>de</strong><br />

é <strong>de</strong> 1,3% do total do eleitorado<br />

nacional, com alta recor<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 51%<br />

em relação ao mesmo período <strong>de</strong> 2018,<br />

que registrou 1,4 milhão <strong>de</strong> jovens votantes<br />

ou 0,95% do total.<br />

Burger King, Spotify, The Body Shop,<br />

Eyxo, Mynd, David e Chango Digital entraram<br />

na conversa ao lado <strong>de</strong> nomes nacionais<br />

e internacionais como Anitta, Juliette,<br />

Whin<strong>de</strong>rsson Nunes, Leonardo DiCaprio e<br />

Mark Ruffalo para incentivar os jovens a<br />

emitirem o documento. “É um erro achar<br />

que o jovem não é interessado em política.<br />

Ele está no grêmio estudantil e mistura<br />

política com cultura na periferia. Só que é<br />

pragmático, gosta <strong>de</strong> abordagem direta”,<br />

frisa Rossi, da ESPM.<br />

A geração que votará pela primeira vez<br />

ganhou iniciativas como #FakeToFora,<br />

movimento do Instituto Palavra Aberta,<br />

que atua no preparo <strong>de</strong> educadores e estudantes<br />

<strong>de</strong> todo o país para a votação,<br />

alertando sobre a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não<br />

se propagar informações falsas. Apoiado<br />

pelo TSE <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2019, o instituto <strong>de</strong>senvolve<br />

o EducaMídia, programa <strong>de</strong> educação<br />

midiática que já impactou mais <strong>de</strong> quatro<br />

milhões <strong>de</strong> alunos e 17 mil professores <strong>de</strong><br />

escolas públicas. São seis módulos dispostos<br />

como uma trilha única ou separadamente.<br />

Em agosto, a AlmapBBDO criou a campanha<br />

Vamos juntos combater as informações<br />

falsas para divulgar as parcerias feitas<br />

pelo WhatsApp com organizações <strong>de</strong><br />

checagem <strong>de</strong> fatos e o TSE. A plataforma<br />

ainda renovou o canal <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong><br />

contas suspeitas <strong>de</strong> realizarem disparos<br />

em massa. Foram estabelecidas alianças<br />

com os TREs da Bahia, Paraíba, Paraná e<br />

Tocantins, entre outros.<br />

O combate à <strong>de</strong>sinformação teve o seu<br />

auge em fevereiro, quando o TSE assinou<br />

acordos com Facebook, Google, YouTube,<br />

Instagram, Twitter, TikTok, WhatsApp,<br />

Kwai e LinkedIn, pressionando também o<br />

Telegram por um posicionamento. Canais<br />

Eleitores votarão no dia 2 <strong>de</strong> outubro para presi<strong>de</strong>nte da República, governadores, senadores e <strong>de</strong>putados<br />

partidos políticos já<br />

gastaram cerca <strong>de</strong> r$ 1,2<br />

bilhão com aNúNcios Na<br />

iNterNet eNtre jaNeiro e<br />

agosto, seguNdo o tse<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias, rótulos em posts, lembrete<br />

do dia da votação no feed, relatórios<br />

<strong>de</strong> transparência, alerta <strong>de</strong> informações,<br />

treinamentos <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s eleitorais,<br />

cartilhas, criptografia, atualizações para<br />

<strong>de</strong>sencorajar a viralida<strong>de</strong> e parceria com<br />

agências <strong>de</strong> checagem fazem parte das iniciativas.<br />

A mentira na propaganda eleitoral<br />

é tratada no Código Eleitoral, <strong>de</strong> 1965, e<br />

também na Lei 9.504/97.<br />

marquETEiro modErno<br />

O rebuliço da internet não veio sozinho.<br />

Também os escândalos <strong>de</strong> corrupção<br />

associados aos processos <strong>de</strong> contratação<br />

obrigaram os envolvidos a revisarem posturas<br />

reforçadas pela mudança da legislação.<br />

A fragmentação da mídia e as normas<br />

eleitorais vigentes enfraqueceram uma<br />

figura típica do marketing eleitoral brasileiro.<br />

Será que a era dos supermarqueteiros<br />

chegou ao fim? “Não diria que acabou,<br />

mas o trabalho mudou. É necessário haver<br />

uma sinergia maior entre os núcleos <strong>de</strong> TV<br />

e internet”, respon<strong>de</strong> Juliana Fratini.<br />

Marqueteiro é produto exclusivo do<br />

Brasil. “No mundo inteiro, ele é um profissional<br />

<strong>de</strong> marketing contratado pela estrutura<br />

<strong>de</strong> comunicação e consultores políticos”,<br />

repara Felipe Soutello. Hoje mais<br />

consciente <strong>de</strong> que a comunicação não faz<br />

milagre, o marketing eleitoral evoca análises<br />

<strong>de</strong> comportamento guiadas por inteligência<br />

a serviço <strong>de</strong> uma segmentação que<br />

não é mais estratificada por índices <strong>de</strong>mográficos<br />

e sim por estilo <strong>de</strong> vida. “Temos<br />

bolhas difíceis <strong>de</strong> serem estouradas, com<br />

diversas narrativas e indivíduos querendo<br />

se afirmar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus grupos”, situa<br />

Gabriel Rossi, da ESPM.<br />

A imagem do marqueteiro como lí<strong>de</strong>r<br />

do processo <strong>de</strong> comunicação das campanhas<br />

políticas remonta à prevalência da<br />

TV aberta no período da re<strong>de</strong>mocratização<br />

do país, com as eleições <strong>de</strong> 1989. Até<br />

então oriundos da mídia televisiva, jornalistas<br />

abriram espaço para publicitários,<br />

que no início da década <strong>de</strong> 1990 assumiram<br />

o comando do processo.<br />

Morto no dia 16 <strong>de</strong> agosto do ano passado<br />

vítima <strong>de</strong> câncer no cérebro, o publicitário<br />

baiano Duda Mendonça, que levou<br />

Lula à Presidência da República em 2002,<br />

foi um dos nomes que <strong>de</strong>spontaram. “Sou<br />

uma exceção <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo. Não sou publicitário<br />

e não me consi<strong>de</strong>ro publicitário.<br />

Estu<strong>de</strong>i direito, tenho outra formação e<br />

outro jeito <strong>de</strong> trabalhar”, <strong>de</strong>clara Felipe<br />

Soutello, que se <strong>de</strong>fine como estrategista<br />

em campanhas eleitorais.<br />

Comum às campanhas dos principais<br />

anunciantes da propaganda brasileira, slogans<br />

são coadjuvantes no trabalho <strong>de</strong> Soutello.<br />

“A Simone tem usado duas palavras<br />

fortes: amor e coragem, que representam<br />

a forma como ela se expressa. Não temos<br />

uma assinatura tradicional”, diferencia<br />

Soutello, que na campanha <strong>de</strong> Bruno Covas<br />

à prefeitura <strong>de</strong> São Paulo em 2020, explorou<br />

as palavras força, foco e fé. “O meu<br />

trabalho é mais narrativo e documental<br />

que publicitário. A estrutura visual é valorizada<br />

e a política prevalece em relação à<br />

comunicação”, assinala Soutello.<br />

Egresso da militância partidária, Soutello<br />

migrou para o marketing político, e<br />

traz no currículo as campanhas do presi<strong>de</strong>nte<br />

nacional do PSD Gilberto Kassab ao<br />

Senado, em 2014; <strong>de</strong> Bruno Covas à prefeitura<br />

<strong>de</strong> São Paulo, em 2020; e do ex-governador<br />

paulista Márcio França (PSB) à<br />

reeleição, em 2018. Dirigiu ainda projetos<br />

para José Serra e Geraldo Alckmin. “Trabalho<br />

com eleições <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1986, quando<br />

tinha 14 anos”, relembra Soutello.<br />

Hoje aos 51 anos, ele guia os negócios da<br />

produtora <strong>de</strong> conteúdo audiovisual Prosperida<strong>de</strong><br />

Content e Filmes e da agência <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sign e comunicação D4G Marcas Design<br />

Socieda<strong>de</strong>. “Só trabalho com propósito e<br />

ESG, com causas, e não com produto”, comenta<br />

Soutello, que ainda conduz a ISM<br />

Inteligência, Estratégia e Marketing Político,<br />

responsável pelo escopo das eleições.<br />

Um dos cases da ISM é a campanha que<br />

em janeiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ano elegeu a criminalista<br />

Patrícia Vanzolini como a primeira mulher<br />

a ocupar a presidência da Or<strong>de</strong>m dos Advogados<br />

do Brasil (OAB) em São Paulo em<br />

90 anos <strong>de</strong> história.<br />

jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 21

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!