edição de 26 de setembro de 2022
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Roberto Jayme/ Divulgação/ TSE<br />
também distribuiu muitas fake news”,<br />
exemplifica Juliana Fratini.<br />
JovEm<br />
Conectados, jovens <strong>de</strong> 16 a 24 anos<br />
pouco assistem TV. Mas a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
a<strong>de</strong>quação vai além da sintonia <strong>de</strong> meios.<br />
As novas gerações trazem uma percepção<br />
diferente da política. Com base em estudos<br />
netnográficos, o professor Gabriel<br />
Rossi, da ESPM, revela que o jovem não<br />
enxerga a política <strong>de</strong> forma institucional<br />
e pré-moldada. “As campanhas estão cometendo<br />
um equívoco ao insistirem no<br />
mo<strong>de</strong>lo partidário. A melhor forma é colocar<br />
o próprio jovem para falar”, esclarece<br />
Rossi. Nesse sentido, a campanha <strong>de</strong> Ciro<br />
Gomes acertou “ao abordar a dificulda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> acesso ao ensino superior e emprego”,<br />
<strong>de</strong>talha o professor.<br />
Segundo a Justiça Eleitoral, 2.116.781 jovens<br />
entre 16 e 17 anos emitiram o primeiro<br />
título <strong>de</strong> eleitor neste ano. A representativida<strong>de</strong><br />
é <strong>de</strong> 1,3% do total do eleitorado<br />
nacional, com alta recor<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 51%<br />
em relação ao mesmo período <strong>de</strong> 2018,<br />
que registrou 1,4 milhão <strong>de</strong> jovens votantes<br />
ou 0,95% do total.<br />
Burger King, Spotify, The Body Shop,<br />
Eyxo, Mynd, David e Chango Digital entraram<br />
na conversa ao lado <strong>de</strong> nomes nacionais<br />
e internacionais como Anitta, Juliette,<br />
Whin<strong>de</strong>rsson Nunes, Leonardo DiCaprio e<br />
Mark Ruffalo para incentivar os jovens a<br />
emitirem o documento. “É um erro achar<br />
que o jovem não é interessado em política.<br />
Ele está no grêmio estudantil e mistura<br />
política com cultura na periferia. Só que é<br />
pragmático, gosta <strong>de</strong> abordagem direta”,<br />
frisa Rossi, da ESPM.<br />
A geração que votará pela primeira vez<br />
ganhou iniciativas como #FakeToFora,<br />
movimento do Instituto Palavra Aberta,<br />
que atua no preparo <strong>de</strong> educadores e estudantes<br />
<strong>de</strong> todo o país para a votação,<br />
alertando sobre a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não<br />
se propagar informações falsas. Apoiado<br />
pelo TSE <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2019, o instituto <strong>de</strong>senvolve<br />
o EducaMídia, programa <strong>de</strong> educação<br />
midiática que já impactou mais <strong>de</strong> quatro<br />
milhões <strong>de</strong> alunos e 17 mil professores <strong>de</strong><br />
escolas públicas. São seis módulos dispostos<br />
como uma trilha única ou separadamente.<br />
Em agosto, a AlmapBBDO criou a campanha<br />
Vamos juntos combater as informações<br />
falsas para divulgar as parcerias feitas<br />
pelo WhatsApp com organizações <strong>de</strong><br />
checagem <strong>de</strong> fatos e o TSE. A plataforma<br />
ainda renovou o canal <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong><br />
contas suspeitas <strong>de</strong> realizarem disparos<br />
em massa. Foram estabelecidas alianças<br />
com os TREs da Bahia, Paraíba, Paraná e<br />
Tocantins, entre outros.<br />
O combate à <strong>de</strong>sinformação teve o seu<br />
auge em fevereiro, quando o TSE assinou<br />
acordos com Facebook, Google, YouTube,<br />
Instagram, Twitter, TikTok, WhatsApp,<br />
Kwai e LinkedIn, pressionando também o<br />
Telegram por um posicionamento. Canais<br />
Eleitores votarão no dia 2 <strong>de</strong> outubro para presi<strong>de</strong>nte da República, governadores, senadores e <strong>de</strong>putados<br />
partidos políticos já<br />
gastaram cerca <strong>de</strong> r$ 1,2<br />
bilhão com aNúNcios Na<br />
iNterNet eNtre jaNeiro e<br />
agosto, seguNdo o tse<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias, rótulos em posts, lembrete<br />
do dia da votação no feed, relatórios<br />
<strong>de</strong> transparência, alerta <strong>de</strong> informações,<br />
treinamentos <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s eleitorais,<br />
cartilhas, criptografia, atualizações para<br />
<strong>de</strong>sencorajar a viralida<strong>de</strong> e parceria com<br />
agências <strong>de</strong> checagem fazem parte das iniciativas.<br />
A mentira na propaganda eleitoral<br />
é tratada no Código Eleitoral, <strong>de</strong> 1965, e<br />
também na Lei 9.504/97.<br />
marquETEiro modErno<br />
O rebuliço da internet não veio sozinho.<br />
Também os escândalos <strong>de</strong> corrupção<br />
associados aos processos <strong>de</strong> contratação<br />
obrigaram os envolvidos a revisarem posturas<br />
reforçadas pela mudança da legislação.<br />
A fragmentação da mídia e as normas<br />
eleitorais vigentes enfraqueceram uma<br />
figura típica do marketing eleitoral brasileiro.<br />
Será que a era dos supermarqueteiros<br />
chegou ao fim? “Não diria que acabou,<br />
mas o trabalho mudou. É necessário haver<br />
uma sinergia maior entre os núcleos <strong>de</strong> TV<br />
e internet”, respon<strong>de</strong> Juliana Fratini.<br />
Marqueteiro é produto exclusivo do<br />
Brasil. “No mundo inteiro, ele é um profissional<br />
<strong>de</strong> marketing contratado pela estrutura<br />
<strong>de</strong> comunicação e consultores políticos”,<br />
repara Felipe Soutello. Hoje mais<br />
consciente <strong>de</strong> que a comunicação não faz<br />
milagre, o marketing eleitoral evoca análises<br />
<strong>de</strong> comportamento guiadas por inteligência<br />
a serviço <strong>de</strong> uma segmentação que<br />
não é mais estratificada por índices <strong>de</strong>mográficos<br />
e sim por estilo <strong>de</strong> vida. “Temos<br />
bolhas difíceis <strong>de</strong> serem estouradas, com<br />
diversas narrativas e indivíduos querendo<br />
se afirmar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus grupos”, situa<br />
Gabriel Rossi, da ESPM.<br />
A imagem do marqueteiro como lí<strong>de</strong>r<br />
do processo <strong>de</strong> comunicação das campanhas<br />
políticas remonta à prevalência da<br />
TV aberta no período da re<strong>de</strong>mocratização<br />
do país, com as eleições <strong>de</strong> 1989. Até<br />
então oriundos da mídia televisiva, jornalistas<br />
abriram espaço para publicitários,<br />
que no início da década <strong>de</strong> 1990 assumiram<br />
o comando do processo.<br />
Morto no dia 16 <strong>de</strong> agosto do ano passado<br />
vítima <strong>de</strong> câncer no cérebro, o publicitário<br />
baiano Duda Mendonça, que levou<br />
Lula à Presidência da República em 2002,<br />
foi um dos nomes que <strong>de</strong>spontaram. “Sou<br />
uma exceção <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo. Não sou publicitário<br />
e não me consi<strong>de</strong>ro publicitário.<br />
Estu<strong>de</strong>i direito, tenho outra formação e<br />
outro jeito <strong>de</strong> trabalhar”, <strong>de</strong>clara Felipe<br />
Soutello, que se <strong>de</strong>fine como estrategista<br />
em campanhas eleitorais.<br />
Comum às campanhas dos principais<br />
anunciantes da propaganda brasileira, slogans<br />
são coadjuvantes no trabalho <strong>de</strong> Soutello.<br />
“A Simone tem usado duas palavras<br />
fortes: amor e coragem, que representam<br />
a forma como ela se expressa. Não temos<br />
uma assinatura tradicional”, diferencia<br />
Soutello, que na campanha <strong>de</strong> Bruno Covas<br />
à prefeitura <strong>de</strong> São Paulo em 2020, explorou<br />
as palavras força, foco e fé. “O meu<br />
trabalho é mais narrativo e documental<br />
que publicitário. A estrutura visual é valorizada<br />
e a política prevalece em relação à<br />
comunicação”, assinala Soutello.<br />
Egresso da militância partidária, Soutello<br />
migrou para o marketing político, e<br />
traz no currículo as campanhas do presi<strong>de</strong>nte<br />
nacional do PSD Gilberto Kassab ao<br />
Senado, em 2014; <strong>de</strong> Bruno Covas à prefeitura<br />
<strong>de</strong> São Paulo, em 2020; e do ex-governador<br />
paulista Márcio França (PSB) à<br />
reeleição, em 2018. Dirigiu ainda projetos<br />
para José Serra e Geraldo Alckmin. “Trabalho<br />
com eleições <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1986, quando<br />
tinha 14 anos”, relembra Soutello.<br />
Hoje aos 51 anos, ele guia os negócios da<br />
produtora <strong>de</strong> conteúdo audiovisual Prosperida<strong>de</strong><br />
Content e Filmes e da agência <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sign e comunicação D4G Marcas Design<br />
Socieda<strong>de</strong>. “Só trabalho com propósito e<br />
ESG, com causas, e não com produto”, comenta<br />
Soutello, que ainda conduz a ISM<br />
Inteligência, Estratégia e Marketing Político,<br />
responsável pelo escopo das eleições.<br />
Um dos cases da ISM é a campanha que<br />
em janeiro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ano elegeu a criminalista<br />
Patrícia Vanzolini como a primeira mulher<br />
a ocupar a presidência da Or<strong>de</strong>m dos Advogados<br />
do Brasil (OAB) em São Paulo em<br />
90 anos <strong>de</strong> história.<br />
jornal propmark - <strong>26</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2022</strong> 21