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Eleito para presidir a Associação Brasileira<br />
das Entidades Fechadas de Previdência<br />
Complementar (Abrapp) no biênio<br />
2023-2024, o advogado e mestre em Direito<br />
pela PUC de São Paulo Jarbas Antonio<br />
de Biagi é também diretor financeiro<br />
da OABPrev-SP e autor de vários livros<br />
e artigos sobre o tema. É na condição de<br />
especialista que ele tem liderado pedidos<br />
junto ao Ministério da Previdência para<br />
que defina políticas que garantam a competitividade<br />
dos fundos de pensão em<br />
relação à previdência complementar aberta<br />
(VGBL/PGBL). Nesta entrevista à DI-<br />
NHEIRO, ele falou sobre como o segmento<br />
representado pela<br />
entidade que preside<br />
enfrentará a concorrência<br />
do Tesouro Renda+<br />
Aposentadoria Extra,<br />
título de previdência do<br />
Tesouro Direto que<br />
compete com planos de<br />
Previdência Associativa.<br />
Ainda segundo Biagi,<br />
os principais fundos<br />
de pensão tiveram perdas<br />
apenas residuais<br />
com debêntures e ações<br />
da Americanas. Mesmo<br />
assim, o setor irá entrar<br />
na Justiça para exigir<br />
reparações financeiras<br />
decorrentes da fraude<br />
contábil que está sendo<br />
investigada.<br />
DINHEIRO – Já se sabe<br />
quanto os fundos de pensão perderam<br />
com debêntures e ações de Americanas?<br />
JARBAS ANTONIO DE BIAGI – Nós fizemos<br />
várias reuniões para avaliar essas perdas,<br />
pois esse é um caso de valor expressivo,<br />
de uma companhia que, até então, estava<br />
acima nas classificações de risco, era triplo<br />
A [melhor nota de risco de crédito].<br />
Mas, entre os fundos de pensão, essas<br />
operações com debêntures estavam muito<br />
pulverizadas. Alguns fundos tinham<br />
um pouco de ações. Na nossa análise, o<br />
impacto foi residual. Mas a Abrapp está<br />
analisando as medidas cabíveis para eventual<br />
ressarcimento.<br />
A intenção é entrar na Justiça para recuperar<br />
o prejuízo?<br />
Sim. Na verdade, não importa se é pouco<br />
ou muito, se houve algo [fraude], temos<br />
que buscar reparação. O dinheiro é do<br />
participante [dos planos]. Não foi nada<br />
que trouxesse impacto a ponto de criar<br />
um sinal amarelo ou vermelho para algumas<br />
das entidades. As linhas de defesa<br />
se mostraram eficientes. As perdas<br />
foram pequenas, o que faz parte do risco<br />
do nosso negócio.<br />
De quanto estamos falando?<br />
De acordo com os dados da Abrapp, entre<br />
“O impacto da Americanas foi residual para os<br />
fundos de pensão. Mas temos de buscar reparação,<br />
pois o dinheiro é dos participantes dos planos”<br />
as maiores entidades, a exposição da Previ<br />
[dos funcionários do Banco do Brasil]<br />
era de R$ 39,5 milhões, apenas 0,011% do<br />
total. Na Funcef [funcionários da Caixa],<br />
a exposição era de R$ 30,8 milhões ou<br />
0,038% do total de recursos administrados<br />
pela fundação. Outros oito fundos de<br />
pensão registravam volumes bem menores:<br />
Baneses (0,08%), Capef (0,01%), CargillPrev<br />
(0,02%), Embraer Prev (0,03%),<br />
Forluz (0,06%), Petros (0,01%), Postalis<br />
(0,03% de exposição) e Vivest (0,06%).<br />
De acordo com os dados da Abrapp, houve<br />
uma queda da fatia em crédito privado,<br />
de 3,6% em 2015 (R$ 24 bilhões) para<br />
1,4% em 2022 (R$ 15 bilhões) no patrimônio<br />
das entidades. Quais foram os<br />
motivos para a redução dessa exposição?<br />
Entre 2015 e 2016 nós debatemos muito<br />
essa questão com o órgão supervisor,<br />
a Previc (Superintendência de Crédito<br />
Privado). Sofremos muitas autuações<br />
em operações de crédito privado, o que<br />
levou os gestores a uma postura de segurança<br />
e de cumprir a supervisão. De<br />
lá para cá não tivemos tantas opções<br />
que justificassem correr mais riscos em<br />
crédito privado, o que levou à redução<br />
das carteiras. O crédito privado possui<br />
um risco maior em<br />
comparação com os<br />
títulos públicos. Nós<br />
evoluímos nisso, os riscos<br />
não compensavam<br />
o investimento.<br />
Também nos últimos<br />
anos as fundações<br />
avançaram com planos<br />
de previdência associativa<br />
instituídos. Eles<br />
podem concorrer com<br />
produtos como o Tesouro<br />
Renda+ Aposentadoria<br />
Extra, lançado recentemente<br />
pelo<br />
Tesouro Direto?<br />
Sem dúvida esse produto<br />
do Tesouro concorre<br />
com os planos de previdência.<br />
Pela ótica positiva,<br />
o fato de o governo<br />
pautar esse assunto nos ajuda em educação<br />
financeira e previdenciária. O<br />
Brasil poupa pouco se comparado com<br />
outros países. Nosso setor tem patrimônio<br />
equivalente a algo entre 13% e 14%<br />
do PIB e patina nesse percentual há bastante<br />
tempo. Nós temos a vocação de<br />
pagar benefícios, e acumulamos uma<br />
folha de pagamentos grande. No ano<br />
passado, alcançamos algo próximo a<br />
R$ 100 bilhões em benefícios.<br />
Quais são as vantagens tributárias da<br />
previdência complementar associativa?<br />
Durante todo o período de acumulação<br />
Dinheiro 15/02/2023<br />
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