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Revista ISTOÉ

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INTERNACIONAL<br />

RECONEXÃO BRASIL-ESTADOS UNIDOS<br />

Lula e Biden começam a virar a página do ciclo Trump-Bolsonaro e reforçar acordos<br />

econômicos, sociais e ambientais entre duas das maiores economias das Américas<br />

Jaqueline MENDES<br />

APAGANDO<br />

INCÊNDIOS<br />

Presidentes se<br />

encontram no dia<br />

10 de fevereiro, e<br />

entre os assuntos<br />

estão defesa da<br />

democracia e<br />

novos acordos<br />

comerciais<br />

Nos últimos quatro anos, a afinidade ideológica e a paridade<br />

intelectual entre os ex-presidentes Donald Trump e Jair<br />

Bolsonaro criaram uma combinação explosiva que ia do<br />

Estreito de Bering ao Chuí. Sem exageros. Eles foram perigosos<br />

para o meio ambiente, colocaram em risco a política externa<br />

de ambos os países, e se tornaram ameaça letal para as minorias.<br />

Mas mesmo fora do baralho, seus legados resistem. A contenção<br />

a esses danos parece unir os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva<br />

e Joe Biden. Como líderes de duas das maiores economias das<br />

Américas (a dos Estados Unidos é a maior do mundo, Canadá vem<br />

em oitavo e o Brasil, em décimo, segundo o FMI), Lula e Biden<br />

planejam elaborar mecanismos de cooperação capazes de fortalecer<br />

a fiscalização contra o desmatamento e até criar políticas<br />

conjuntas de combate às fake news, veneno experimentado por<br />

eles tanto na invasão do Capitólio, em janeiro de 2021, quanto no<br />

ataque terrorista em Brasília, em 8 de janeiro deste ano. Lula<br />

pretende criar o que chama de Grupo da Paz, espécie de clube de<br />

grandes países comprometidos com um compliance nas relações<br />

internacionais. Essa é a extensa agenda prevista para o encontro<br />

entre os dois na sexta-feira (8), em Washington.<br />

Na avaliação do economista Welber Barral, ex-secretário de<br />

Comércio Exterior do governo Lula, o grande tema do encontro<br />

é a defesa da democracia, as relações diplomáticas regionais, e<br />

haverá destaque também para assuntos de relevância comercial,<br />

como o fim das restrições impostas pelos americanos ao aço e ao<br />

alumínio produzidos no Brasil. “Eles terão de fazer um realinha-<br />

mento sobre essas questões econômicas, e<br />

ainda aprimorar o alinhamento com outros<br />

países da América Latina, entre eles a Venezuela<br />

e alguns da América Central.”<br />

Em 2022, apesar do clima pesado entre<br />

Bolsonaro e Biden, a corrente comercial<br />

foi recorde, muito em função dos embarques<br />

brasileiros de alimentos por causa da<br />

guerra na Ucrânia. As exportações no ano<br />

atingiram US$ 88,7 bilhões, segundo a câmara<br />

de comércio Amcham. O valor supera<br />

em 25% o montante do ano anterior. E<br />

se já foi bom com diferenças, agora pode<br />

melhorar. Segundo o economista-chefe da<br />

TM3 Capital, Lucas Dezordi, o mercado<br />

espera que as discussões atraiam investimentos<br />

no combate ao desmatamento e às<br />

mudanças climáticas, “o que no final pode<br />

resultar num maior fluxo de dólares e queda<br />

na taxa de câmbio”. Em 2024, Brasil e<br />

EUA completam 200 anos de relação e Lula<br />

deverá convidar Biden a visitar Brasília<br />

para marcar a data. Até lá, o plano é fortalecer<br />

os negócios e reconstruir o diálogo.<br />

Nisto, Lula e Biden são bem melhores do<br />

que seus antecessores.<br />

FOTOMONTAGEM AFP I ISTOCK<br />

Dinheiro 15/02/2023<br />

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