Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Reflexões teológicas<br />
compilador copiou bem, e eu creio<br />
que o tenha feito, parece real a coisa.<br />
Um enigma a ser resolvido...<br />
“...todos como que repartidos em<br />
pequenos bosques, prados e canteiros<br />
de flores de formas e cores diversas.”<br />
O problema aparece de novo. Sabemos<br />
que não há plantas no Céu<br />
Empíreo. Como, então, há canteiros<br />
de flores? E por que se faz canteiro<br />
com elas? Qual é a razão de ser<br />
disso? Dir-se-ia que esse jardim foi<br />
plantado por alguém. Não é a natureza<br />
como ela brota. Deus ordenou<br />
que essas coisas se dispusessem<br />
à maneira de jardim? Entendemos<br />
que os homens façam jardins, porque<br />
dentro do mato as coisas não tomam<br />
toda sua beleza. O mato tem<br />
sua beleza específica, mas, por exemplo,<br />
um campo não pode ter a beleza<br />
de um jardim com uma coleção de<br />
rosas; o homem precisa plantá-las. O<br />
jardim tem para nós uma razão de<br />
ser, está ligado à natureza das coisas.<br />
Entretanto, no sonho, o jardim parece<br />
não estar ligado em nada à natureza<br />
das coisas. Não se vê o que justifique<br />
um jardim no Céu. E como entender<br />
um jardim que fica em cima<br />
de uma água que não é água? Ora,<br />
deve haver um pulchrum dentro disso<br />
para ser Paraíso. Qual?<br />
“Nenhuma de nossas plantas pode<br />
dar-nos a ideia daquelas, ainda que<br />
alguma semelhança tenha. As ervas,<br />
as flores, as árvores e as frutas eram<br />
vistosíssimas e de belíssimo aspecto.<br />
As folhas eram de ouro. Os troncos e<br />
ramos de diamantes, correspondendo<br />
o resto a essa riqueza.”<br />
Assim como o mar era de uma<br />
água que não é água e de um cristal<br />
azul que não é cristal, assim também<br />
as flores, os frutos e as folhas<br />
eram de uma consistência não vegetal,<br />
porque a criatura vegetal não entra<br />
no Céu. Eram da matéria de lá,<br />
mas com as formas que se explicam<br />
de acordo com as necessidades da<br />
matéria desta Terra.<br />
Há aqui uma charada. Que uma<br />
árvore tenha folhas é a coisa mais<br />
natural do mundo. A folha é necessária<br />
para a árvore, não é um puro<br />
enfeite, como os de uma árvore de<br />
Natal. Também está na natureza da<br />
árvore dar a fruta. No Céu Empíreo,<br />
aqueles seres semelhantes aos minerais<br />
– eu hesito em dar essa qualificação<br />
– têm as formas dos seres daqui,<br />
mas não são os daqui. Qual é a<br />
razão de ser dessas formas?<br />
A pergunta vai mais além, é uma<br />
análise. Por que a matéria lá tem semelhança<br />
com a nossa? Alguém dirá:<br />
“Para o homem se sentir bem lá.”<br />
Então Deus fez uma espécie de loja<br />
de brinquedo para o homem estar no<br />
Céu? Isso não é sério. A razão não<br />
é essa. Daqui a pouco eu lanço uma<br />
hipótese que tem exatamente o atrativo<br />
do incógnito. Nós devemos ser<br />
ortodoxos lobos do mar das hipóteses,<br />
sempre com o espírito obediente<br />
a Roma.<br />
Eu estou procurando dar, na descrição,<br />
mais a beleza da incógnita do<br />
que da árvore de ouro com brilhantes.<br />
Porque uma árvore de ouro com<br />
brilhantes, um fabricante de joias<br />
falsas faz e qualquer um a toma como<br />
verdadeira. O problema é discernir<br />
o sentido espiritual e, ir em busca<br />
disso mais do que da pura descrição<br />
material.<br />
“Impossível é contar as diferentes<br />
espécies…”<br />
Portanto, há espécies diversas<br />
dessas “plantas”.<br />
“E cada espécie e cada flor resplandecia<br />
com uma luz especial.”<br />
Cada um desses seres deita focos<br />
luminosos não só de acordo com sua<br />
natureza, mas com sua individualidade,<br />
como na Terra as rosas são belas,<br />
mas cada espécie de rosa tem um<br />
tipo de beleza própria; assim também<br />
é a variedade prodigiosa dessa<br />
criação celeste, desse pequeno universo<br />
celeste. Cada uma com uma<br />
luz própria, que simboliza uma perfeição<br />
de Deus. É para nos falar de<br />
Tomas T.<br />
10