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Divulgação (CC3.0)<br />
Deus, de Nossa Senhora, dos Anjos<br />
e dos Santos.<br />
“No meio daquele jardim e em toda<br />
a extensão da planície, eu contava<br />
inúmeros edifícios de uma ordem, beleza,<br />
harmonia, magnificência e proporção<br />
tão extraordinárias, que para a<br />
construção de um só deles não poderiam<br />
ser suficientes todos os tesouros<br />
da Terra.”<br />
São João Bosco viu uma planície<br />
magnífica, um jardim de uma cidade<br />
com palácios incontáveis. É uma<br />
cidade. Pode até ser uma praça pública<br />
de uma cidade. Ora, sabemos<br />
que ninguém mora em casas no Céu.<br />
Qual é o sentido dessas casas, dessas<br />
fachadas? Por que isso é assim?<br />
Qual é o mistério encantador, mas<br />
meio desconcertante, dentro do qual<br />
caminhamos?<br />
Um bonito problema: a<br />
relação da natureza celeste<br />
com as formas geométricas<br />
“Eu dizia de mim para comigo: se<br />
meus meninos tivessem uma só dessas<br />
casas, como gostariam, como seriam<br />
felizes e com quanta alegria viveriam<br />
dentro dela! E isso eu pensava<br />
quando só podia ver esses palácios<br />
por fora. Como não seriam por dentro?”<br />
Esses palácios, que não são palácios,<br />
têm um interior. Não são meras<br />
fachadas, porque não pode haver<br />
engano no Céu. E se eles têm ar de<br />
possuir um interior, é porque o possuem.<br />
Para que serve o interior desses<br />
edifícios? Haverá uma arte decorativa<br />
lá? Haverá espelhos? Haverá<br />
quadros pintados por Anjos? Haverá<br />
tapetes de alguma Pérsia indescritível,<br />
ou serão diretamente criados<br />
por Deus?<br />
A resposta não é muito fácil de<br />
dar, porque sou obrigado a responder<br />
em termos puramente geométricos.<br />
Tomemos as figuras geométricas:<br />
um quadrado, um losango, um círculo.<br />
Pensando bem, a natureza humana<br />
não vive sem ter coisas que<br />
representem formas geométricas<br />
para ela. De tal maneira são feitos<br />
nosso intelecto e nossos sentidos,<br />
que precisamos ter contato e viver<br />
dentro de um universo definível<br />
em formas geométricas. Fora disso<br />
nós estaríamos mais ou menos como<br />
quem avança em voo cego dentro<br />
de uma nuvem. É como viajar<br />
de avião. Tem-se a impressão, completamente<br />
sem graça, que se está<br />
passeando dentro de uma garrafa<br />
de leite. Nuvem, nuvem, nuvem,<br />
não se vê a paisagem, nem a cidade,<br />
é um elemento gasoso e molhado<br />
que se condensa em gotinhas sujas<br />
na asa do avião, que depois o vento<br />
leva e que se desintegram dentro<br />
da massa úmida da qual se destacaram<br />
pela pancada da asa do avião.<br />
O que é isso? Eu olho com tédio e<br />
digo: “Oh, caceteação! Se ao menos<br />
ali se desenhassem figuras geométricas,<br />
se aquilo tivesse o aspecto<br />
de um caleidoscópio, onde as formas<br />
passeiam diante do homem, como<br />
para o encantar... Sou o menos<br />
geométrico dos homens, mas como<br />
a natureza humana tem avidez da<br />
geometria!<br />
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