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não as ter. Deve-se preparar<br />
para uma vida calma,<br />
em que o correr das<br />
horas sem emoção confere<br />
a própria felicidade.<br />
Isso é uma doutrina.<br />
Há outros gozadores<br />
que concebem o contrário:<br />
a felicidade está nas<br />
grandes emoções. Assim<br />
sendo, têm-se a necessidade<br />
das grandes aventuras,<br />
de sair correndo,<br />
galopar, imaginar.<br />
Quando as grandes emoções<br />
cessam, o indivíduo<br />
para de viver.<br />
Se fôssemos dizer<br />
a um desses indivíduos:<br />
“Você nega a cruz<br />
de Nosso Senhor Jesus<br />
Cristo?” Ele responderá:<br />
“Absolutamente não!<br />
Eu tenho um lindo crucifixo<br />
dourado em minha<br />
casa e, às Sextas-<br />
-Feiras Santas, vou sempre<br />
à paróquia com a minha<br />
mulher e meus filhos. Todos osculamos<br />
a Santa Cruz. E até a mendiga<br />
a quem dou espórtulas me elogia:<br />
‘Que beleza ver toda sua família<br />
aos pés da cruz!’ Eu comentei com<br />
minha mulher: ‘Aos pés da cruz, aos<br />
pés da cruz… que bonito!’”<br />
No entanto, esses homens constituem<br />
os dois tipos de almas mundanas,<br />
cuja doutrina é diametralmente<br />
oposta à que São Luís Grignion<br />
de Montfort denomina como a mentalidade<br />
e a doutrina dos amigos da<br />
Cruz.<br />
Ao verdadeiro católico não importa<br />
gozar, importa servir. Ele está<br />
nos antípodas dos dois gozadores,<br />
porque guia-se pela verdadeira<br />
doutrina de viver para amar, louvar<br />
e servir a Deus nesta Terra e dar-Lhe<br />
glória por toda a eternidade no Céu.<br />
A felicidade sem nuvens não existe<br />
para o homem neste vale de lágrimas<br />
e não seriam as grandes nem as<br />
pequenas emoções que lha confeririam.<br />
A única existência que não<br />
é insuportável é a do católico, que<br />
tem sua vida lançada a tudo quanto<br />
a Providência permite e dispõe. Será<br />
uma grande ou uma pequena emoção,<br />
será o acontecimento que for,<br />
Flávio Lourenço<br />
ele cumpre com seu dever<br />
e, tendo-o cumprido,<br />
ele viveu.<br />
E o que vem a ser<br />
mentalidade? Qual é a<br />
diferença que há entre<br />
ela e a doutrina?<br />
O homem é um<br />
colecionador de<br />
símbolos de sua<br />
mentalidade<br />
Mentalidade é o estado<br />
de um homem que<br />
ajustou toda a sua pessoa<br />
à doutrina que sustenta:<br />
todo o sentir, o<br />
modo de ser, tudo quanto<br />
faz, o ambiente que<br />
cria. Ele é um símbolo<br />
vivo de sua doutrina, é<br />
um colecionador de símbolos<br />
e constitui em torno<br />
de si um ambiente-<br />
-símbolo, e canta depois<br />
aquilo que simbolizou…<br />
Esse é o homem que tem mentalidade.<br />
No caso do poeta, ele tem uma<br />
convicção doutrinária que deixa<br />
transparecer. Ora, não se trata apenas<br />
de uma explicação verbal, mas<br />
todo seu ser, todo seu temperamen-<br />
Jaan Künnap(CC3.0)<br />
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