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Revista Dr Plinio 311

fevereiro de 2024

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Reflexões teológicas<br />

Arquivo <strong>Revista</strong><br />

mos que tolerar cada casca-grossa e<br />

cada imperfeição do arco-da-velha!<br />

Essa é a vida. No Céu o convívio é<br />

outro.<br />

“Alguns cantavam, outros tocavam.<br />

Cada nota fazia o efeito de mil instrumentos<br />

reunidos.”<br />

Imaginar um instrumento que faça<br />

o efeito de mil...!<br />

Faço aqui um parêntese todo pessoal:<br />

um dos encantos que eu tenho<br />

pelo órgão. Ao tocar cada nota,<br />

ele me dá a impressão de haver<br />

uma porção de instrumentos que tocam<br />

ao mesmo tempo. Por isso acho-<br />

-o, a perder de vista, superior a qualquer<br />

outro instrumento. Lembro-me<br />

de que quando comecei a prestar<br />

atenção nele eu pensava: “As pessoas<br />

não percebem que isso é um concerto<br />

de concertos? Falam em dó, ré,<br />

mi. No órgão há isso, mas sobretudo<br />

existe mais. No piano existe um “lá”,<br />

mas no órgão existe um universo de<br />

“lás”, acentuado ainda por aqueles<br />

registros que dão uma ideia global<br />

do universo dos sons.” É a perfeição<br />

das perfeições em matéria de<br />

harmonia.<br />

“Ouviam-se os vários graus de escala<br />

harmônica, desde os mais baixos<br />

aos mais altos que se possa imaginar.<br />

Mas tudo em acordes perfeitos.<br />

Ah! para descrever essa harmonia não<br />

bastam comparações humanas! Via-<br />

-se pelo rosto daqueles felizes habitantes<br />

dos jardins que os cantores não só<br />

experimentavam extraordinário prazer<br />

em cantar...”<br />

O que torna o canto particularmente<br />

deleitável: quando a pessoa<br />

canta um canto perfeito e notam-se<br />

nela as harmonias perfeitas da alma<br />

perfeita, na alegria perfeita.<br />

“...mas, ao mesmo tempo, sentiam<br />

um imenso gáudio em ouvir cantar os<br />

demais.”<br />

Isso é um senso de harmonia pouco<br />

comum. Um cantor gostar de ouvir outros<br />

cantores ao invés de fazer solo, não<br />

é comum... Um músico gostar de ouvir<br />

os outros tocarem tão bem ou melhor<br />

do que ele na orquestra onde apenas<br />

ele tenha um clarinete... No Céu é diferente:<br />

“Este, como canta bem! E aquele,<br />

como é estupendo! Canta ainda melhor!”<br />

É um universo sem inveja.<br />

“Mais um cantava, mais se acendia<br />

nele o desejo de cantar e quanto mais<br />

escutava, mais desejava escutar.”<br />

É a convivência e a harmonia perfeitas<br />

da alma descrita de modo a<br />

impressionar a imaginação. Está<br />

contido aqui um verdadeiro tratadozinho<br />

de Filosofia ou de Moral.<br />

Cântico sobrenatural<br />

cheio de pensamento<br />

Steven Pisano(CC3.0)<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> em 1979<br />

“Este era um dos cantos: Salus,<br />

honor, gloria Deo Patri omnipotenti,<br />

Auctor sæculi, qui erat, qui est et qui<br />

venturus est, judicare vivos et mortuos,<br />

in sæcula sæculorum.”<br />

Podemos imaginar um pouco as<br />

inflexões. “Saudação, honra, glória a<br />

Deus Pai onipotente, Autor de todos<br />

os séculos, que era, que é e que será,<br />

e que virá julgar os vivos e os mortos<br />

nos séculos dos séculos.”<br />

Ora, cada palavra dessas contém<br />

um pensamento; e cada pensamento<br />

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