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Revista Dr Plinio 311

fevereiro de 2024

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António Godinho (CC3.0)<br />

Sabe-se que Dom Orione sempre se confessava antes de<br />

estar com São Pio X. Eu não teria a menor surpresa se ele tomasse<br />

um banho completo também. Não quero dizer que necessariamente<br />

tenha sido assim, mas seria um desdobrar-se<br />

lógico da mesma consequência. A mesma razão pela qual ele<br />

queria ter a alma pura o levaria a banhar-se para estar puro.<br />

Na Cristandade, era a graça que modelava o homem,<br />

o qual, animado por ela, modelava a natureza e fazia<br />

o seletivo. A Igreja ia fazendo uma miscigenação entre<br />

germanos, latinos, descendentes de mouros, húngaros<br />

– porque a Hungria pertenceu à Cristandade de fato, e<br />

de estatura inteira. Tal síntese constituiu a figura global<br />

do europeu em sua realidade psicológica e cultural<br />

mais importante, e até temperamental, porque a Igreja<br />

ia criando um temperamento mais importante do que as<br />

particularidades locais.<br />

É como quem olha para um vitral e vê como toda a<br />

policromia, de certo modo, vale mais do que cada pedaço<br />

de vidro. Assim era a Europa cristã na sua totalidade.<br />

Os defeitos das várias raças não tinham cidadania,<br />

porque elas se uniam pelas qualidades, formando o europeu<br />

total.<br />

Do ideal sacral ao heroísmo angélico<br />

Dentro desse quadro, um aspecto importante é o do<br />

heroísmo.<br />

No meu modo de entender, o heroísmo propriamente<br />

dito nasceu na Idade Média. Sem dúvida existiram heroísmos<br />

salientíssimos em povos anteriores. Mas, na Idade<br />

Média, pela ação da Igreja, o Lumen Christi penetrou nos<br />

aspectos temporais da vida muito mais do que no tempo<br />

do Império Romano. Na sociedade medieval foi modelada<br />

uma forma de heroísmo que não tinha tido ocasião de<br />

se realizar antes. Toda a epopeia, a beleza do heroísmo<br />

só foram inteiramente explicitadas com a ideia católica<br />

do herói a serviço de um ideal sacral.<br />

O heroísmo a serviço de Nosso Senhor Jesus Cristo<br />

é diferente do ideal de servir o Império Romano ou de<br />

outro qualquer. O heroísmo de Alexandre Magno, por<br />

exemplo, nada tinha em comum com o de Clóvis. Ambos<br />

Samuel Holanda<br />

Catedral de Notre-Dame de Paris<br />

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