14comum pela pragmática (embora a nomenclatura tenha si<strong>do</strong> rejeitada pelo primeiro), noestu<strong>do</strong> das condições de compartilhamento, enunciação e circulação da linguagem, o queleva à teoria da linguagem como <strong>discurso</strong>, resultante da produção de enuncia<strong>do</strong>s cognitivose da busca da pretensão de verdade. Acreditamos que ambos se complementam. A junção<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is pensamentos é decisiva para uma interpretação que procura conciliar a pertinênciahistórica e política <strong>do</strong> propósito com a consciência <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> próprio <strong>discurso</strong>. A baseepistemológica pôde ser estabelecida pela aproximação da convergência de interesse,intersubjetividade e poder.Enquanto Foucault apregoa o <strong>discurso</strong> como ressonância monológica, onde apretensão à verdade deve aproximar as condições da sua produção sistemática com osefeitos produzi<strong>do</strong>s, pois a assimetria entre os traços <strong>do</strong> poder não é qualquer coisa quepossa se instalar no <strong>discurso</strong>, mas algo que condiciona tanto a emissão como a recepção eque é determinante no efeito da verdade <strong>do</strong>s enuncia<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s, Habermas fala de umaordem dialógica, como força da produção (que deve ser livre tanto na produção como nacrítica) e da reprodução da vida social. Ele nos leva a refletir <strong>sobre</strong> o poder <strong>do</strong>s sistemas decomunicação na perspectiva de uma resistência à palavra, a marcar uma posição decontrapoder simbólico.Para Habermas, a constituição <strong>do</strong> ser é um processo intersubjetivo e os interesses sereferem a uma problemática <strong>do</strong> reconhecimento. O agir comunicativo representa ademocracia em si mesmo, pela possibilidade <strong>do</strong>s atos ilocucionários serem percebi<strong>do</strong>s nosseus intentos e os seus efeitos minimiza<strong>do</strong>s nos atos perlocucionários. Assim, na suaaplicação à proposta deste trabalho, podemos inferir que o <strong>discurso</strong> <strong>do</strong> jornalista acontecede forma performativa: ele afirma algo, argumenta, critica, cita fontes e da<strong>do</strong>s, empregalinguagem concisa e clara, remete a um determina<strong>do</strong> contexto, busca a persuasão. O agir
15comunicativo é, portanto, múltiplo, já que pode ser dito de muitas maneiras, fazen<strong>do</strong> valeros argumentos e a força <strong>do</strong> poder dizer de quem é habilita<strong>do</strong> para tal.Na aplicação da ACD, buscamos a orientação decisiva de autores como Van Dijk,Norman Fairclough, Ruth Wodak, Emília Pedro, Carmem Rosa e Malcolm Couthard, vanLeeuwen, Meurer, Inge<strong>do</strong>re Kock e Isabel Magalhães. Entre outros lingüistas, nosdetivemos em tendências variadas, complementares ou antagônicas, mas sempreenriquece<strong>do</strong>ras, a exemplo de Saussure, Jacobson, Bakthin, Ducrot, Austin, Searle,Chomsky, Grice e em to<strong>do</strong>s cuja menção se fez importante para esclarecer e dar maiorconsistência à enunciação e aos enuncia<strong>do</strong>s.Para estu<strong>do</strong> das teorias da notícia foram de fundamental importância NelsonTraquina, Adriano Duarte Rodrigues, Felipe Pena, Marques de Melo e as declarações dejornalistas brasileiros <strong>sobre</strong> o exercício da profissão no dia-a-dia das redações e naconvivência com o poder, a exemplo, entre outros, de Mino Carta, Rubem Macha<strong>do</strong>,Marcelo Beraba, Roberto Pompeu de Tole<strong>do</strong> e Ricar<strong>do</strong> Kotscho.Deixamos claro, no entanto, não existir a pretensão de abordar o assunto àexaustão, pois o que se procura são subsídios para a fundamentação teórica, semprelevan<strong>do</strong> em conta uma premissa inequívoca: o jornalista pretende, ao se dirigir ao receptorde sua mensagem, transmitir a sua versão da realidade que, imprescindível, deve dirimir obinômio falso x verdadeiro, usan<strong>do</strong> os meios disponíveis à persuasão.Na segunda parte deste trabalho, passamos a apresentar, após o embasamentoteórico que respalda a parte prática, a análise crítica <strong>do</strong>s <strong>discurso</strong>s perceptíveis nos textosque compõem o corpus <strong>do</strong> trabalho, a partir das categorias escolhidas, ou sejam, osopera<strong>do</strong>res argumentativos; posto e o pressuposto, além das escolhas lexicais. As fontesde pesquisa foram o Diário de Pernambuco e o Jornal <strong>do</strong> Commercio (Recife); Folha de
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