18Capítulo IDISCURSO JORNALÍSTICO E A IMPLANTAÇÃO DAS COTASNeste capítulo apresentamos algumas teorias da notícia para tornar possível aidentificação das correntes mais usadas no noticiário <strong>do</strong> corpus seleciona<strong>do</strong>, como tambéma pesquisa <strong>sobre</strong> a história da introdução <strong>do</strong> sistema de cotas em outros países queanteriormente aprovaram políticas de inclusão social, até chegar à experiência brasileira e,mais particularmente, à <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Pernambuco.A quantidade de informações coletada na pesquisa, quan<strong>do</strong> é possível verificar queaqueles países destacam os pontos positivos <strong>do</strong> sistema de cotas, evidencia que a imprensa,talvez pela dinâmica da produção jornalística com seus prazos exíguos, não busca maiorvariedade das fontes de informação <strong>sobre</strong> o assunto e, sem fazer uma avaliação maisampla, repete abordagens e força argumentativa semelhantes.Damos enfoque à forma de retratar essas informações, com o questionamento <strong>sobre</strong>a possibilidade <strong>do</strong>s meios de comunicação de massa, no uso de crenças e valorespositivistas, cumprirem a intenção de usar neutralidade, isenção ou imparcialidade nadivulgação das notícias, quan<strong>do</strong> se sabe que elas são elaboradas por seres humanos quepela sua própria natureza não são intrinsecamente neutros, isentos, nem imparciais.1- Teorias da notíciaO primeiro jornal <strong>do</strong> ocidente que se tem notícia, o Acta Diurna, era em forma demural posto em locais públicos, inicialmente no fórum romano, por ordem de Júlio César.Sua produção se ampliou com a invenção por Gutenberg da prensa móvel, palavra à qual seacrescentou o prefixo in para formar um novo signo, imprensa, a denominar o exercício de
19uma também nova e sistematizada atividade.Com a revolução industrial houve o seu incremento, o jornal ficou mais pareci<strong>do</strong>com o que conhecemos hoje e se consoli<strong>do</strong>u como fonte confiável de informação. Através<strong>do</strong>s tempos, pôde mudar a sua apresentação, assumir novas formas e tecnologias, até chegaratualmente ao jornal online, sem perder, no entanto, a sua característica de credibilidadejunto aos seus leitores, como vem acontecen<strong>do</strong> através <strong>do</strong> processo histórico.No Brasil, o primeiro jornal, Correio Braziliense, era edita<strong>do</strong> em Londres, porHipólito José da Costa, e trazi<strong>do</strong> e distribuí<strong>do</strong> na colônia, onde ainda não havia máquinasimpressoras. Nos nossos dias, o novo Correio Braziliense, edita<strong>do</strong> em Brasília, é umahomenagem ao pioneiro, mas não a sua continuidade.Naquelas épocas remotas não havia avaliação ou registro da evolução <strong>do</strong>jornalismo, pratica<strong>do</strong> <strong>sobre</strong>tu<strong>do</strong> por literatos detentores de reconheci<strong>do</strong> saber e erudição.Nos dias atuais já se pode esmiuçar a sua história e estabelecer um corpo teórico <strong>sobre</strong> apre<strong>do</strong>minância de princípios que lhe nortearam, com estu<strong>do</strong>s sistematiza<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>século XIX, quan<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> Nelson Traquina (2001, p.52), o jornalismo começou aganhar um pequeno lugar na universidade, principalmente nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e na França.Em 1910 foi apresentada uma tese de <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> <strong>sobre</strong> o papel social <strong>do</strong> jornal;publica<strong>do</strong> um trabalho <strong>sobre</strong> as notícias, de Max Weber, em 1918; além <strong>do</strong> lançamento <strong>do</strong>livro de Walter Lippmann, quatro anos depois, com o título de Opinião Pública:em cujo primeiro capítulo, The word outside and the pictures in our heads,argumenta que os meios de comunicação social (a imprensa, essencialmente,nesse momento histórico) são a principal ligação entre os acontecimentos <strong>do</strong>mun<strong>do</strong> e as imagens desses acontecimentos na nossa mente. Lippmann iriaantecipar em cinquenta anos to<strong>do</strong> um filão de investigação em torno da teoria<strong>do</strong> agendamento, de McCombs e Shaw, que foi no fim <strong>do</strong> século XX uma daslinhas de investigação mais dinâmicas no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s media e <strong>do</strong> jornalismo.(TRAQUINA, 2001, p. 52/53).
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